A possibilidade de indicar o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) como embaixador do Brasil nos Estados Unidos é o pior erro do presidente Jair Bolsonaro (PSL) nestes primeiros seis meses de governo.
Esta é a avaliação da presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), senadora Simone Tebet (MDB-MS).
Tebet também integra como suplente a CRE (Comissão de Relações Exteriores), colegiado que sabatina e aprova ou rejeita indicações de embaixadores.
"Foi talvez o maior erro do presidente até agora, até porque envolve o próprio filho, sem ter pelo menos tentado entender qual o sentimento hoje do Senado", disse a senadora.
"A sabatina expõe demais o governo e pode dar uma fragilidade que o governo ainda não tem na Casa."
Tebet diz acreditar que, se fosse hoje, o nome de Eduardo não seria aprovado.
"Hoje, ele corre sérios riscos de mandar para o Senado e ser derrotado. A votação é secreta, não tem precedentes no mundo, em países democráticos. Há discussões jurídicas e constitucionais se entraria no caso de nepotismo ou não. E entra até no mérito da questão, se ele está preparado ou não", disse a presidente da CCJ.
Tebet também criticou a declaração de Bolsonaro de que quer indicar um ministro "terrivelmente evangélico" para a próxima vaga que surgir no STF (Supremo Tribunal Federal). Para ela, o presidente foi amador.
"Ele pode escolher um evangélico, como um católico ou um ateu, é um direito que ele tem. Mas, a meu ver foi, no mínimo, uma declaração equivocada, para não dizer, de amador. O presidente erra mais ao falar do que ao agir. Se não tivesse falado, mas tivesse indicado alguém 'terrivelmente evangélico', seja lá o que isso significa, não estaríamos falando nada aqui. Estaríamos vendo se é capaz ou não é capaz", afirmou.
Tebet também elencou como erro de Bolsonaro "querer ir contra as instituições democráticas".
"Se tivesse que fazer alguma crítica ao presidente -que eu acho que é bem intencionado, quer combater a corrupção-, é a falta de uma visão maior de país. Muito preocupado com a questão ideológica, com a pauta de costumes, de falar para o seu eleitorado em alguns pontos específicos de promessa de campanha que ele tem quatro anos para cumprir. Não precisa cumprir todas agora", afirmou Simone Tebet.
"A impressão que eu tenho é que ele está administrando no varejo, quando o Brasil precisa de atacado. Ele precisa abrir o leque, dizer 'eu tenho a pauta econômica, que não é só a reforma da Previdência, uma pauta de costumes e uma pauta de serviços públicos, políticas públicas'. Parece um samba de uma nota só."
(Folhapress)
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