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O que é a alergia à proteína do leite, comum em crianças?

A alergia ao leite (APLV), que é diferente da intolerância à lactose, exige que os derivados do produto sejam completamente excluídos da dieta. Saiba mais.

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Imagem ilustrativa da notícia O que é a alergia à proteína do leite, comum em crianças? camera Alergia à proteína do leite é diferente de intolerância a lactose. | Divulgação

Você já ouviu falar em alergia à proteína do leite de vaca (APLV)?! Então, ela é um tipo de alergia frequente nos primeiros 12 meses de vida de um bebê e pode provocar uma série de reações associadas ao consumo de leite de vaca e produtos derivados desse líquido.

De acordo com o dr. Mário Vieira, chefe do Serviço de Gastroenterologia Pediátrica e Endoscopia Digestiva do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba (PR), essa alergia ocorre em crianças pequenas. “A APLV pode se manifestar em qualquer idade, mas ocorre com muito mais frequência no primeiro ano de vida. Os bebês podem apresentar sintomas quando entram em contato com o leite de vaca através de mamadeiras e/ou alimentos, mas também quando entram em contato com essas proteínas que podem ser transferidas através do leite materno”, afirma.

Ainda segundo o pediatra, a APLV envolve um mecanismo imunológico e pode ser determinada por reações imediatas ou tardias que afetam o trato gastrointestinal, o aparelho respiratório ou a pele.

Pode ocorrer reações imediatas (mediadas por IgE – imunoglobulinas E, um tipo de anticorpo) como: anafilaxia, urticária, sintomas respiratórios e vômitos agudos;

Há também a ocorrência de reações tardias (não ligadas à IgE): são principalmente manifestações gastrointestinais, como sangue nas fezes, diarreia, baixo ganho de peso ou alterações da motilidade que podem se manifestar como cólica, sintomas de doença do refluxo gastroesofágico e constipação intestinal refratária.

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O especialista destaca também que as reações podem variar. “As manifestações clínicas podem ser muito variadas, uma vez que nem todos os pacientes apresentam os mesmos sintomas, dependendo do órgão-alvo, dos mecanismos imunológicos envolvidos e da idade do paciente”, detalha.

Alergia x intolerância

É importante ressaltar que a alergia à proteína do leite de vaca é diferente da intolerância à lactose. No caso da intolerância à lactose – o açúcar do leite –, não há relação com mecanismos imunológicos. “Nessa situação os sintomas ocorrem porque o volume ingerido desse carboidrato é maior do que a capacidade de digestão da lactase (enzima que “quebra” esse açúcar para ser absorvido). APLV é a reação adversa que envolve mecanismo imunológico após o contato com a proteína do leite de vaca”, esclarece o pediatra.

Uma pessoa com intolerância à lactose pode, eventualmente, consumir produtos derivados do leite sem lactose, ou mesmo fazer uso da enzima lactase antes de consumi-los. No caso da alergia, o tratamento consiste na exclusão de leite de vaca e derivados.

Diagnóstico e tratamento da alergia ao leite

O dr. Mário explica que é preciso investigar. “O primeiro passo [para o diagnóstico de APLV] é a obtenção de história clínica detalhada e exame físico minucioso com especial atenção à avaliação nutricional. É necessário diferenciar as manifestações alérgicas de outras causas de sintomas similares, já que o tratamento da alergia alimentar implica a identificação e exclusão de alimentos da dieta”, disse.

De acordo com o médico, quando há dúvida em relação ao diagnóstico, alguns exames complementares podem ser úteis. Mas, em geral, especialmente em bebês com manifestações gastrointestinais, o diagnóstico se faz através da suspeita clínica, seguida da avaliação da resposta à dieta de exclusão e posterior teste de provocação (reintrodução do leite para avaliar a recidiva dos sintomas).

A base do tratamento da APLV é a dieta de exclusão de leite de vaca e derivados. O médico afirma que a restrição deve ser considerada como prescrição medicamentosa, já que comporta uma determinada relação risco-benefício. “É preciso que os pais e familiares saibam claramente que mesmo uma pequena quantidade de alérgeno pode manter a doença e provocar reações adversas”, alerta.

Já para os pacientes lactentes que usam fórmula, o tratamento inclui a utilização de fórmulas alternativas hipoalergênicas. “Os lactentes com APLV também apresentam alergia a outras fórmulas, incluindo as fórmulas sem lactose e o leite de outras espécies de mamíferos (como, por exemplo, cabra e ovelha), de modo que nenhuma dessas fórmulas deve ser utilizada para o tratamento. Na maioria dos casos (mais de 95%) os lactentes toleram fórmulas extensamente hidrolisadas, e para os pacientes que continuam reativos a esses produtos, é necessária a utilização de fórmulas baseadas em aminoácidos”, explica o pediatra.

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No caso dos bebês alimentados exclusivamente com leite materno e que apresentam manifestações clínicas compatíveis com APLV, a mãe deve adotar uma dieta sem leite e derivados devido à transferência de antígenos através do leite materno. “[As mães] devem também discutir detalhadamente as opções e alternativas dietéticas, assim como dar atenção à ingestão de cálcio e vitamina D.”

A APLV tem cura?

Segundo o especialista, o desenvolvimento de tolerância imunológica depende dos mecanismos envolvidos na alergia.

“Em geral, as reações mediadas por IgE (aquelas do tipo imediato) tendem a permanecer por mais tempo, podendo se prolongar até a idade adulta. Nas reações do tipo tardio, especialmente aquelas que apresentam manifestações gastrointestinais, a melhora ocorre na maioria das vezes até o final do primeiro ano de vida, podendo em alguns casos se prolongar até cerca de três anos de idade.”

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