No mercado automotivo brasileiro, alguns carros conquistaram reputação que atravessa gerações. Não é pelo design ou pelo pacote tecnológico, mas pela resistência mecânica que fez desses modelos escolhas recorrentes entre consumidores que buscam confiabilidade. Eles carregam em comum motores conhecidos por rodar longas distâncias com poucos problemas, desde que a manutenção básica seja respeitada.
Esses carros ficaram famosos por unir robustez, custo de manutenção reduzido e facilidade de reparo, características que os mantiveram longe das oficinas e, na brincadeira popular, quase “sem dar serviço” aos mecânicos.
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Veja 5 motores que se destacaram pela durabilidade:
Volkswagen AP (1985–2012)
Um dos motores mais conhecidos e venerados da indústria automobilística brasileira, o AP, nome técnico EA827, estreou no país em 1985. Ele passou a equipar a linha 1986 de modelos como Gol, Voyage, Saveiro e Parati. Nessa fase inicial, o AP-600 1.6 a álcool entregava 85 cv, enquanto o AP-800 1.8 rendia 94 cv e também impulsionava Santana, Quantum, Passat GTS Pointer e Voyage Super.
A sigla AP, de "Alta Performance", ganhou destaque especial no Gol GT, que utilizava o AP-800 S. Oficialmente com 99 cv, o motor entregava, na prática, 106 cv, potência que a Volkswagen optou por não declarar para evitar a tributação mais alta aplicada a veículos acima de 100 cv.
Reconhecido pela durabilidade, o chamado “APzão” rapidamente ganhou o gosto das pessos, graças à robustez e à ampla oferta de peças com custo relativamente acessível. Além disso, a longevidade dele também impressiona. O motor chegou a equipar modelos da Ford durante a joint-venture Autolatina e permaneceu em produção até 2012, quando saiu de linha com o fim da Parati G4.
Fiat Fiasa (1976–2004)
A trajetória da Fiat no Brasil começou em 1976, com a inauguração da fábrica de Betim, em Minhas Gerais, e o motor Fiasa foi peça-chave nesse início. Projetado pelo engenheiro Aurelio Lampredi, o propulsor estreou no Fiat 147 com 1.049 cm³, carburador de corpo simples e 48 cv de potência.
Ao longo dos anos, o Fiasa passou por diversas transformações. Nos anos 1990, ganhou uma versão de 994 cm³ para se adequar ao programa governamental que concedia incentivos fiscais a motores abaixo de 1.000 cm³, dando origem ao Uno Mille. Antes disso, também teve versões 1.3 e 1.5, usadas em configurações mais potentes do 147 e do Uno.
O motor chegou a equipar até o Palio. Por exemplo, na versão EL o hatch utilizava um 1.5 que entregava 76 cv. Consagrado pela durabilidade e pelo baixo custo de manutenção, o Fiasa permaneceu em linha até 2004, quando o Uno Mille passou a utilizar o motor Fire, ainda presente no Fiat Mobi.
Ford CHT (1968–1996)
Apesar das críticas ao longo do tempo, o motor CHT teve uma trajetória longa na Ford. A origem dela remonta à França e está ligada ao “Projeto M”, desenvolvido pelas engenharias da Renault e da Willys brasileira. O conjunto chegou à Ford após a aquisição da Willys-Overland.
O motor estreou em 1968 no Corcel, com 1.3 litro e 68 cv. Em 1969, o Corcel GT recebeu carburador de corpo duplo Solex, fabricado na França, além de um novo coletor de admissão, elevando a potência para 80 cv.
Com o passar dos anos, o propulsor evoluiu. Em 1979, após a chegada do Corcel II, surgiu a versão 1.6 a etanol, bastante elogiada. Nos anos 1980, já de olho no lançamento do Escort, a Ford promoveu novas melhorias e rebatizou o conjunto como CHT, sigla de "Compound High Turbulence". Mesmo com potência modesta, o motor se destacava pelo funcionamento suave e chegou a equipar o Escort XR3, com 81,7 cv. O fim dele veio após a dissolução da Autolatina, com a aposentadoria definitiva do CHT em 1996.
GM Família II (1982–2012)
Lançado no Brasil com o Chevrolet Monza, inspirado no Opel Ascona, o motor Família II se tornou um dos mais difundidos da marca no país. A versão inicial era um 1.6 carburado, que entregava 75 cv a gasolina e 72 cv no etanol.
Na sequência, surgiram os motores 1.8, com 86 cv, e 2.0, com 110 cv. Em 1990, o 2.0 recebeu injeção eletrônica, elevando a potência do Monza Classic SE 500EF para 116 cv. A reputação de durabilidade foi reforçada pelo baixo custo de manutenção e pela ampla disponibilidade de peças.
O Família II também equipou modelos como Kadett, Ipanema, Omega e a picape S10, com variações de cilindrada, incluindo versões 2.2. A face mais esportiva apareceu no Vectra GSi, movido pelo 2.0 16V C20XE, importado da Alemanha, com 150 cv, o mesmo motor do cupê Calibra. Nacionalizado a partir de 1996, o conjunto seguiu em linha em modelos como Astra, Zafira e Vectra até meados de 2012.
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Honda K20 (2007–2013)
Quando o assunto é durabilidade, os motores japoneses costumam ser referência. Para representar esse grupo, o destaque fica com o Honda K20, integrante da série K lançada em 2001 e usada em modelos como Civic Type R, Integra Type R e Honda Stream.
No Brasil, o motor ganhou fama com o lançamento do Civic Si nacional, em 2007. O 2.0 16V i-VTEC aspirado entregava 192 cv a 7.800 rpm, um número expressivo para um motor aspirado. Capaz de girar muito mais alto que a maioria dos propulsores, o K20 se tornou referência entre preparadores, impulsionado pela grande oferta de peças e projetos internacionais.
Assim como outros motores japoneses,a confiabilidade dele está diretamente ligada à manutenção correta. Seguindo os intervalos de revisão recomendados, o proprietário pode rodar milhares de quilômetros sem enfrentar problemas mecânicos.
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