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Caroço do açaí pode virar papel e energia, entenda

Estudo feito pela Ufra quer reaproveitar a fibra do futuro para criar embalagem sustentável e o caroço para gerar bioenergia sustentável. Cada batedor em Belém gera 700 kg de resíduos por semana.

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Imagem ilustrativa da notícia Caroço do açaí pode virar papel e energia, entenda camera Lina Bufalino lidera pesquisa para criar produtos a partir do caroço do açaí | Fotos: wagner santana

Haja açaí! São 15 a 20 latas do fruto processadas por dia por cada batedor da capital paraense; e na entressafra, de 10 a 12 latas.

“Desse total processado, cerca de 80% é o caroço, ou seja, é resíduo”, aponta a pesquisadora Lina Bufalino, professora da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra). Enquanto a polpa roxinha sempre encontra destino certo para consumo, o mesmo não ocorre com o caroço. “A cadeia produtiva do açaí tem o potencial de ser toda sustentável. Mas ela esbarra justamente no caroço, esse é o ponto fraco”, reforça a pesquisadora, doutora em Tecnologia da Madeira e que agora lidera um estudo para aproveitamento completo desse resíduo.

O grande passo que se almeja na pesquisa é transformar o caroço em bioproduto e bioenergia. Para a criação do bioproduto, o primeiro passo é a extração da fibra, aquele “cabelinho” que reveste o caroço. Um dos objetivos da pesquisa universitária é produzir uma embalagem sustentável feita com essa fibra e que possa substituir o plástico ou o papel manteiga. “O nanopaper (um papel formado por nanofibras) feito com fibra do caroço de açaí é 30 vezes mais resistente que um papel normal, além de ter transparência e alta barreira para a umidade”, detalha a doutora Lina Bufalino.

O processo de transformação da fibra em papel filme envolve quatro etapas, que vão desde a retirada, pré-tratamento químico para isolar a celulose, produção da nanocelulose e produção do papel filme. Parte do processo é realizado em parceria com a Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Minas Gerais. Ao redor do mundo, os nanopapers de fibras de madeira são utilizados para chips eletrônicos, curativos, adesivos mais potentes e com aplicação inclusive na área médica. “Conseguindo produzir um nanopaper de qualidade, é possível expandir os usos do açaí para uma diversidade enorme de produtos”, explica a pesquisadora.

Depois de tirar as fibras para a produção de papel, ainda sobra o caroço. Por isso, uma das fases da pesquisa da Ufra foi analisar quais as características e os potenciais do caroço como biomassa - matéria orgânica de origem vegetal ou animal utilizada para produzir energia - permitindo a produção de bioenergia. E o resultado foi bastante positivo.

O resíduo apresentou alta densidade, o que ajuda no melhor rendimento energético. O engenheiro florestal Wiully Queiroz, integrante da pesquisa, foi quem mapeou o trabalho de 64 batedores de açaí no município de Belém, registrados no programa “Açaí Legal”. Ao chegar ao quantitativo de latas de açaí batido na capital, descobriu que cada batedor artesanal gera cerca de 700 Kg de resíduo de açaí por semana. “E cada quilo dessa biomassa gera 1 Kw”, aponta.

Uma das formas de gerar benefício econômico aos batedores de açaí seria a criação de um espaço público onde todo resíduo gerado pudesse ser estocado e utilizado para produção de energia elétrica. “Isso seria possível a partir da instalação do grupo gaseificador/motor/gerador, essa energia produzida poderia ser inserida na rede elétrica, gerando assim desconto na conta de energia para todos os batedores responsáveis pela disponibilização de resíduos, no mesmo formato que funciona para a energia solar”, explica Wiully Queiroz.

Outra alternativa seria o recolhimento desse resíduo por estabelecimentos comerciais que utilizam fornos a lenha, como fábricas de tijolos e telhas, pequenas indústrias que usam fornos para aquecimento de caldeiras, restaurantes e pizzarias. Entre as vantagens, o processo de queima controlada da biomassa não libera gases poluentes, mas sim o chamado carbono neutro.

O próximo passo do projeto é melhorar o branqueamento da fibra e a qualidade do nanopaper. Mas não para por aí. A pesquisadora aguarda liberação de recursos para iniciar a produção de papel reciclado reforçado com a fibra de açaí, com melhor qualidade para utilização e produção em escala semi industrial, contando ainda com uma adição: a mistura de óleos da Amazônia, como a andiroba e a copaíba.

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