
A transparência no futebol é um dos princípios basilares de qualquer clube, independentemente do seu tamanho. No caso do Remo, um clube que mexe com milhares de torcedores ao redor do mundo, as informações de como o patrimônio vem sendo gerido se tornam indispensáveis para que o torcedor possa ter a real noção da saúde financeira de seu amado time.
No final de setembro, o DOL trouxe em primeira mão, a informação de que o Leão Azul havia publicado o balancete financeiro referente ao ano de 2024, no qual apresentou em dezembro daquele ano um déficit na casa dos R$ 13 milhões. A equipe de esportes do DOL procurou o CEO do Remo, André Alves, que, com exclusividade, explicou os motivos do clube ter apresentado tal resultado.
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“O saldo negativo de 2024 tem relação direta com o período do Clube do Remo na Série C do Campeonato Brasileiro. Foram anos em uma competição de menor arrecadação, calendário curto, menor visibilidade e com receitas muito abaixo das necessidades de um clube do nosso porte. Durante esse tempo, o clube assumiu despesas elevadas, principalmente com o futebol profissional, sem contar com a receita suficiente para equilibrar o orçamento. Essa equação gerou déficits, passivos e compromissos que acabaram refletindo no resultado final do exercício de 2024”, afirmou o CEO azulino.
Segundo o dirigente, as maiores despesas no ano passado corresponderam a folha de pagamento do futebol profissional, encargos trabalhistas e passivos acumulados de anos anteriores. “Além disso, a logística da Série C é extremamente pesada, com viagens longas e caras em um campeonato de baixa receita, sem o recurso da TV. A combinação de custos elevados com receitas limitadas foi o principal fator de desequilíbrio financeiro em 2024”, ressaltou.

O Leão Azul também emitiu um comunicado sobre o assunto, destacando que o déficit orçamentário de R$ 13 milhões, referente a 2024, não deve ser confundido com prejuízo ou dívida. “Pois, representa uma diferença naquilo que estava previsto no orçamento do exercício, dentro da realidade própria de um clube que disputava a Série C”, disse o Remo.
Reestruturação e mudança de mentalidade
É importante destacar que o atual momento do futebol exige que clubes da dimensão do Remo passem a adotar medidas para captação de receitas diversas, não se restringindo mais apenas a valores obtidos com bilheteiras em dias de jogos, visto que essa fonte acaba não sendo recorrente. Um exemplo claro de que o Leão entendeu essa nova realidade são os negócios realizados recentemente envolvendo atletas, técnico e até mesmo diretores.
“O que mudou foi a mentalidade de gestão. Mesmo com todas as dificuldades da transição da Série C para a Série B — após anos em uma divisão de menor receita —, passamos a enxergar nossos profissionais como ativos estratégicos. Com apoio do departamento jurídico, estruturamos contratos de forma mais segura, inserimos cláusulas de proteção e adotamos uma postura de mercado nas negociações. Isso permitiu ao Remo transformar situações que antes eram problemas em oportunidades de receita. Hoje, o clube não perde mais atletas, técnicos ou dirigentes sem contrapartida; ao contrário, passou a ser protagonista nas negociações, gerando receitas inéditas e valorizando ainda mais sua marca”, exaltou André Alves.
O CEO azulino destacou ainda que essa nova mentalidade que vem sendo implementada entendeu que, apesar da incontestável força da Fênomeno Azul, não caberia mais a dependência única e exclusiva das receitas advindas dos jogos do clube como mandante. André Alves afirma que já há a plena consciência de que a bilheteria, por melhor que seja, não pode ser a única base de sustentação do clube.
“Hoje, nós estamos trabalhando na diversificação de receitas em três frentes: 1) fortalecimento do programa de sócio-torcedor, que precisa ser melhor explorado e já estamos reestruturando; 2) ampliação de parcerias comerciais, patrocínios e licenciamento de marca — aproveitando a consolidação da Série B para buscar novas fontes de receita —; e 3) desenvolvimento de projetos incentivados e sociais, para os quais estamos buscando as certificações necessárias e que serão fundamentais para atrair investimentos públicos e privados. Essa combinação permitirá ao Remo reduzir a dependência da bilheteria e alcançar maior sustentabilidade financeira a longo prazo”, concluiu o CEO do Clube do Remo.
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