A ação movida por Leandro Vilela contra o Paysandu não nasce do acaso. Ela surge de um contrato firmado, aditivado e reajustado pelo próprio clube, que agora se vê diante das consequências jurídicas de decisões tomadas sem margem de segurança financeira.
Contratado em 2024, o jogador assinou um novo vínculo em janeiro de 2025 até novembro de 2026. O acordo previa R$ 30 mil de salário e outros R$ 30 mil de direito de imagem, valor que, meses depois, passou por reajustes sucessivos.
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Em março, o direito de imagem saltou para R$ 55 mil, já incluindo comissão de empresário. Em junho, um novo aditivo elevou esse valor para R$ 86.600 mensais, novamente com comissão embutida. Tudo formalizado, assinado e pago nos primeiros meses.

O problema começa quando o fluxo financeiro não acompanha o papel. Após sofrer lesão, o clube deixou de honrar salários, direitos de imagem, férias, 13º e depósitos de FGTS por vários meses consecutivos. O contrato seguiu válido; o pagamento, não.
Do ponto de vista jurídico, a ação do atleta não é excepcional, mas previsível. A Lei Geral do Esporte é clara ao permitir rescisão indireta em caso de inadimplência superior a dois meses. O que surpreende não é o processo, mas a fragilidade da gestão que o antecede.
A discussão não passa por "quem está certo ou errado" em campo. O jogador cobra exatamente aquilo que o Paysandu aceitou pagar, sem que exista qualquer indício de que o clube tenha estruturado retorno comercial proporcional ao valor inflado do contrato de imagem.
Direito de imagem pressupõe exploração da imagem. Campanhas, ativações, vendas, entregas a patrocinadores. Nada disso aparece de forma clara no caso, transformando o contrato em um salário paralelo, uma prática recorrente, mas juridicamente arriscada.
O episódio expõe um padrão preocupante. Contratos reajustados sem lastro, ausência de estratégia comercial e inadimplência recorrente formam um combo que empurra o clube para os tribunais, não por acaso, mas por método.
Quando o Paysandu se vê "surpreendido" por ações judiciais, o erro já aconteceu antes. Ele está na assinatura, no aditivo, na falta de planejamento e na ilusão de que o problema pode ser empurrado para depois. A crise não é jurídica. É de gestão. A Justiça apenas registra, em autos e decisões, aquilo que os números já denunciavam nos bastidores.
MAIS JOGADORES NA JUSTIÇA
O caso de Leandro Vilela não é isolado. Outros quatro atletas do elenco de 2025 também recorreram à Justiça do Trabalho, alegando atrasos salariais, FGTS não depositado e direitos de imagem em aberto.
Somados, os cinco processos já ultrapassam R$ 8 milhões, com jogadores liberados para atuar por outros clubes. O padrão se repete: contratos elevados, inadimplência e judicialização como consequência direta.
Vale ressaltar que a Justiça do Trabalho reconheceu a necessidade urgente de permitir que os jogadores atuassem por outro clube, considerando o impacto da permanência no Paysandu sobre a carreira esportiva.

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