
Na última terça-feira (7), o Paysandu surpreendeu ao divulgar uma nota oficial em defesa da família Couceiro, tradicional no Conselho Deliberativo do clube. O comunicado foi publicado poucas horas antes de mais uma derrota na Série B do Campeonato Brasileiro, quando o time, lanterna da competição com 26 pontos, praticamente selou o retorno à Série C.
O problema não está em defender uma família, conselheiros ou reconhecer serviços prestados, mas em usar o nome da instituição em meio a uma crise sem precedentes dentro e fora de campo. O clube atravessa um momento de descrédito, com 94,1% de chances de rebaixamento e sete jogos pela frente. A prioridade, hoje, deveria ser tentar reagir esportivamente e reconectar-se ao torcedor.
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A nota, que acusa ex-dirigentes e ex-atletas de ataques "vis" contra a família Couceiro, escancara um cenário político turbulento que se sobrepõe ao futebol. Em um momento em que o Paysandu acumula trocas de técnico, problemas de elenco e uma gestão esportiva sem resultados, a decisão da diretoria soa deslocada e ineficaz.
A crise atual é resultado de uma série de decisões equivocadas. No início do ano, Márcio Fernandes iniciou o trabalho sem participar da montagem do elenco, sob o comando do então executivo Felipe Albuquerque e seu discurso de "elenco enxuto". O resultado foi um time limitado, sobrecarregado e repleto de lesões. Depois, vieram as mudanças no comando do futebol e técnico – Luizinho Lopes, Claudinei Oliveira e novamente Márcio –, mas sem solução.
Enquanto o torcedor amarga a pior campanha recente, surgem novas revelações sobre o passado financeiro do clube. Em 2024, o Paysandu teve déficit de R$ 18,8 milhões e adiantou cotas de 2025 para pagar prêmios (bichos) a jogadores. Tudo isso, somado à falta de transparência e à remoção de balanços do site oficial, mina a credibilidade institucional.
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Há, sim, avanços estruturais como o Centro de Treinamento e o pagamento de dívidas antigas, mas é preciso sensatez. Publicar uma nota de cunho político enquanto o time afunda é ignorar o sentimento do torcedor, que deseja respostas sobre desempenho, finanças e futuro esportivo, não disputas internas.
O Paysandu precisa entender que o torcedor é o maior patrimônio do clube. Em um momento tão delicado, o foco deve ser reconstruir confiança, não dividir opiniões. O campo pede solução, e não mais declarações.
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