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OPINIÃO

Gerson Nogueira: Sampaio Corrêa, a grata surpresa da Série B

Com investimentos modestos, o time chegou a flertar com o acesso para a Série A

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Precisamos falar sobre o Sampaio

Um dos times mais surpreendentes do Brasil hoje é o Sampaio Corrêa. Modesto nos investimentos, o time maranhense irrompeu nesta Série B como força intermediária e flertando inclusive com um acesso que no começo parecia improvável. Por algumas rodadas, o Sampaio chegou a duelar diretamente pela quarta vaga.

É importante observar que esta foi uma Série B com todo o feito de um campeonato a ser dominado pelos três grandes – Cruzeiro, Grêmio e Vasco. O Sampaio, assim como o Bahia e o Ituano, se insurgiu contra isso e entrou na briga com ousadia e destemor.

O comentário já se fazia necessário há algum tempo, bem antes até da emocionante vitória de virada sobre o Vasco no meio da semana, em São Januário. Com raça e método, o Sampaio não hesitou em encarar os donos da casa e sua vibrante torcida. Encarou e venceu.

Raros clubes do bloco dos emergentes ousam se expor tanto assim. Com uma equipe sem destaques individuais, mas pautada pelo jogo coletivo, a Bolívia Querida impressiona. Assisti várias partidas desta Série B e algumas das mais interessantes tinham o Sampaio em campo.

O artilheiro Poveda, um jogador sem histórico brilhante, é a imagem mais bem acabada do Sampaio. Forjado na luta dentro da área, mas dependente das articulações do ataque, ele tem se destacado, embora não aparente ser um centroavante excepcional.

É um guerreiro, como o time todo do Sampaio. O comportamento da equipe em todas as partidas é a de entender o espírito da Série B. Transpiração e raça exalam o tempo todo, mesmo quando o placar parece impossível de reverter.

O jogo com o Vasco demonstrou isso de forma clara. O Sampaio sofreu o primeiro gol e o entusiasmo do adversário da única maneira possível para quem busca vencer: atacando sempre. Partiu para cima, cercou a área e alcançou o seu objetivo, explorando as brechas que encontrou pela frente.

Léo Condé, técnico que já passou pelo clube outras vezes, mostra uma conexão fundamental com o elenco que tem em mãos. Conhecedor das características do time, tem tido o mérito de explorar o melhor de cada um, inclusive do veterano Pimentinha, um dos destaques da própria Série B.

Para o futebol paraense, o Sampaio é um exemplo a ser observado. Há oito anos na Série B, o time timbira não gasta além do necessário e nem é dado a contratar legião de reforços. Faz escolhas pontuais e certeiras. Em resumo: cumpre o mandamento básico do futebol atual. A receita é otimizada e o time segue produzindo bem em campo.

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Alguém já deveria, da parte de PSC e Remo, providenciar um período de estágio em São Luís para observar de perto a gestão simplista e pragmática que o Sampaio apresenta há tempos.

Bélgica, mistério do futebol, endeusada e sem títulos

Das seleções cotadas para disputar o título mundial no Catar, a Bélgica é a que desperta mais curiosidade. Elogiada pelos bons jogadores que formou nos últimos anos, lidera há tempos o ranking da Fifa e frequenta a lista de favoritas de muita gente. Ocorre que o time nunca ganhou nada, nem Eurocopa, e se beneficia de um prestígio sem base lógica.

Quando participa de grandes torneios, o escrete belga se comporta quase sempre bem, mas raramente avança até a decisão. Na Copa da Rússia, há quatro anos, passou pelo Brasil e ganhou embalo, mas não a ponto de ser finalista daquele Mundial.

O fato é que, após duas Copas e duas Euros, a geração dourada – De Bruyne, Lukaku, Courtois e Hazard – ainda deve resultados que justifiquem a adoração que parte da mídia esportiva mundial lhe devota.

Caso não seja campeã, a Bélgica perde certamente o cartaz atual, mas não duvido que continue a ser brindada todo mês na parte superior do ranking da Fifa, condição que lhe deu o direito de ser cabeça de chave na Copa.

Apesar de De Bruyne estar voando no Manchester City, sob o comando de Pep Guardiola, o grandalhão Lukaku sofre com problemas físicos e Eden Hazard é reserva de luxo no Real Madrid de Carlo Ancelotti.

A principal vantagem da equipe é a maturidade e o entrosamento. O técnico espanhol Roberto Martinez tem aproveitado pelo menos sete jogadores que atuaram na Rússia em 2018, o que faz do time um dos que menos sofreram mudanças em quatro anos. O Brasil, por exemplo, só deve repetir três titulares daquele Mundial – Alisson, Tiago Silva e Neymar.

Bola na Torre

O programa vai ao ar, excepcionalmente, à meia-noite deste domingo, na RBATV. Apresentação de Guilherme Guerreiro, com participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. A edição é de Lourdes Cezar.

Uma pesquisa para mapear hábitos do “torcedor de Copa”

Com a proximidade da Copa começam a surgir estudos sobre o comportamento de torcedores de futebol em relação às seleções de seu país. A Apoema, empresa especializada em pesquisas para grandes marcas, finalizou um relatório sobre o torcedor típico de Copa do Mundo, talvez a primeira análise minuciosa sobre o perfil dos “pachecos”.

Os dados apontam uma situação curiosa: 55% dos torcedores apaixonados pela Seleção nunca foram a um estádio de futebol. Apesar de muitas vezes a torcida não sair de casa, os brasileiros estão entre os adeptos de futebol mais dedicados: estudam, analisam e debatem muito sobre a Seleção.

A paixão pelo jogo também afeta os hábitos de consumo. A Copa tradicionalmente alavanca a venda de eletrodomésticos e bebidas, visto que é um evento de confraternização em família. Em 2022, por exemplo, 24% dos torcedores querem comprar uma TV para assistir aos jogos.

Um detalhe da pesquisa acentua o caráter eminentemente familiar da relação da torcida brasileira com a Copa: 91% dos brasileiros preferem assistir aos jogos dentro de casa e 29% deles organizam o lar para deixá-la mais confortável. E a origem disso é o congraçamento que o futebol estimula, funcionando como um motivo para reunir parentes e amigos.

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