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OPINIÃO

Coluna do Gerson: o caminho do Paysandu, é pelos lados 

Os jogadores mais perigosos do time, como é o caso de Robinho e Marlon, se concentram pelas pontas do campo.

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Imagem ilustrativa da notícia Coluna do Gerson: o caminho do Paysandu, é pelos lados  camera Robinho é um dos importantes jogadores das pontas do Papão, entretanto, ainda é dúvida para a partida de sábado (3) | John Wesley/Paysandu

Que ninguém se iluda quanto às propaladas inovações vistas no futebol atual. Quase todas as mudanças implementadas na maneira de jogar são variações em torno de ideias criadas lá atrás. A marcação alta, com pressão na saída de bola do adversário, tão celebrada pelos distraídos de plantão, nada mais é do que a prima pobre do sistema de “futebol total” lançado por Rinus Michels com a seleção holandesa na Copa do Mundo de 1974.

O emprego de um falso centroavante, na figura de um atacante que entra na área e também sai para facilitar as tabelas e inversões, vem de uma Copa anterior, talvez a maior de todas, disputada em 1970 no México. E é uma invenção brasileira. Sem coragem para lançar Dario como o camisa 9 titular e sem confiar nas condições físicas de Roberto Miranda, Zagallo deu a missão a Tostão, cujo físico nunca foi propício para comandar o ataque.

É claro que o jogo mudou muito, a partir da evolução fisiológica e da ciência do esporte. Há mais entrega e desgaste, correria e esgotamento. Em função disso, algumas coisas tendem a ser modificadas. Vem daí a necessidade de goleiros atuando como os antigos líberos, cuidando da cobertura e liberando zagueiros para se posicionarem mais à frente.

No ataque, porém, quase nada mudou. Os extremas, por exemplo, continuam a ser responsáveis pelas chegadas mais agudas e eficientes contra sistemas de defesa muito fechados. É uma questão de tempo e espaço. Pelas pontas, o caminho é facilitado porque jogadores habilidosos podem jogar no espaço mínimo necessário para driblar e disparar em direção à área adversária.

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A marcação é dificultada porque os pontas são lançados entre linhas e forçam marcação dobrada, o que abre caminho para os demais atacantes. Há ainda a vantagem de correr em direção à linha de fundo, como os mais tradicionais ainda fazem, ou cortar na diagonal (em facão, como gostam de dizer os boleiros) para pegar a última linha desprevenida.

O fato indesmentível é que o caminho das índias pode ser encurtado com bons jogadores de lado. O PSC, por exemplo, cresce de rendimento ofensivo quando consegue explorar bem os avanços de Robinho na direita do ataque. Rápido e driblador, ele consegue abrir clareiras e ajudar os companheiros de frente. Foi mais participativo nos primeiros jogos da Série C e caiu de rendimento, como todo o time, nos últimos jogos.

Apesar desse momento pouco inspirado, é um atacante de imensa utilidade dentro de um elenco limitado por jogadores de área e poucas alternativas de ponteiros. Contra o ABC era a melhor figura do ataque até se lesionar e ser substituído no intervalo.

Sua presença no jogo de sábado, em Florianópolis, contra o Figueirense, ainda é incerta, mas o técnico Márcio Fernandes sabe que o jogo vai exigir a participação de um jogador veloz, que puxe os contra-ataques. Se Robinho for vetado, as opções que restam são Marcelinho e Dioguinho, que possuem características passadas.

Caso não utilize extremas, Márcio estará abrindo mão de um importante trunfo para equipes visitantes. Desde que o mundo é mundo, os corredores laterais são o caminho mais propício para chegar ao gol.

Copa Verde: dúvidas em torno de clubes do Centro-Oeste

Saiu ontem a tabela da Copa Verde e os clubes do Pará já sabem como será a etapa inicial do torneio. Na perna nortista, a renovada Tuna, treinada por Josué Teixeira, terá como primeiro adversário o Rio Branco-AC. Já o PSC terá na primeira fase Humaitá ou Náutico-RR.

A outra banda da competição projeta duelos menos desnivelados. O Goiás encara o Real Noroeste-ES, Luverdense pega o Brasiliense, Cuiabá enfrenta o Costa Rica-MS e o Vila Nova-GO terá o Operário-MT como adversário.

Por ora, a dúvida é quanto ao real interesse de clubes como Goiás, Cuiabá e Vila Nova. Não há confirmação de que entram na disputa com os times titulares. Em edições recentes, só o Vila Nova usou a força máxima.

SAF tem potencial para transformar o futebol brasileiro

Com 840 clubes federados, o Brasil convive com uma realidade de aperreio e ausência de perspectivas para a imensa maioria das agremiações profissionais. Diante disso, a aprovação da lei da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) representou a possibilidade de recuperação dos clubes, que podem criar novas receitas, reter talentos e ganhar competições para atrair público, mídia e patrocínios.

Um dos aspectos mais divulgados da lei da SAF é a permissão para que os clubes recebam investimentos, o que não era possível como associação. Nesse sentido, a SAF não confronta o modelo vigente, mas é uma alternativa para a criação de novas fontes de receita para o clube melhorar a performance em vários aspectos, podendo criar um ciclo de investimentos.

Quando adere à SAF, o clube pode reescalonar dívidas anteriores à adesão dentro de um planejamento mais adequado. De imediato, abre a perspectiva de atrair novos recursos, de equacionar o saneamento de dívidas, de implantar governança, compliance e responsabilidade financeira. Acima de tudo, a SAF é a chance de uma mudança de hábitos dentro dos clubes, se for realmente bem implementada.

Apesar do que se viu com os primeiros clubes que viraram SAF no país, Cruzeiro, Botafogo e Vasco, em situação financeira crítica, a modalidade não serve apenas para salvar clubes em dificuldades. Atlético-PR, América-MG e Ceará começam a trabalhar com a ideia, a fim de subir de nível e buscar a conquista de títulos nacionais e internacionais.

É lógico que, como toda experiência nova, há muito ainda a avaliar, testar e observar nos modelos praticados no Brasil, a fim de evitar decepções e fiascos, como se registrou no futebol europeu. As regras básicas de responsabilidade financeira continuam valendo, com ou sem SAF.

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