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ENTREVISTA

Tem breaking com carimbó! Conheça o campeão Leony Pinheiro

O b-boy paraense Leony Pinheiro, primeiro tetracampeão do Red Bull BC One Brasil e promessa olímpica na modalidade

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Imagem ilustrativa da notícia Tem breaking com carimbó! Conheça o campeão Leony Pinheiro camera Leony tem como objetivo participar dos Jogos Olímpicos de Paris | Divulgação

No último dia 31 de julho, o b-boy paraense Leony Pinheiro se tornou o primeiro tetra campeão do Red Bull BC One Brasil, competição classificatória para a grande final, que será disputada em novembro na cidade de Nova Iorque, nos EUA. Aos 26 anos, vindo do bairro dos 40 Horas, em Ananindeua, ele é um dos principais candidatos a representar o Brasil na Olimpíada de Paris, em 2024, quando o breaking estreia como esporte olímpico. A seguir, em entrevista exclusiva ao Bola, ele falou sobre a expectativa pelos jogos, pela decisão do fim do ano, sobre a carreira e os primeiros passos no breaking.

P Você comentou sobre a importância do título para Belém, pois “no Norte a gente é bem esquecido”. Mesmo com quatro títulos nacionais, ainda há preconceito contra os b-boys e b-girls do Norte?

Leony - Quando digo que o Norte está esquecido é porque o polo é para cá, o Sul e Sudeste, sendo que nos últimos anos apareceu muita gente boa do Norte e do Nordeste. Nós nos destacamos aqui e fora do país, mas os eventos internacionais sempre ficam mais para cá, não na parte de cima do país, sem falar na falta de apoio e suporte para os praticantes. Hoje está um pouco melhor, com mais espaços para praticar e com menos preço certo, sendo mais aceito.

P O quanto o fato do breaking ter se tornado esporte olímpico ajudou tanto na profissionalização maior dos praticantes, quanto na atração a jovens praticantes?

Leony - Quando foi anunciado como esporte olímpico as coisas melhoraram por termos mais exposição, entramos em espaços que não nos aceitavam. As portas foram abertas. Mas, quanto à profissionalização, ela já existia com um circuito nacional e internacional estabelecidos. O que aumentou foi a visibilidade. Uma pena que tenha que ter virado esporte para que isso acontecesse, mas houve uma mudança sim, assim como uma procura maior por parte de novos praticantes.

P Olhando em perspectiva, quando você era apenas um garoto que gostava de dançar, poderia imaginar chegar onde está hoje em dia?

Leony - Nunca imaginei chegar onde estou. Mas, aos 15 anos, participei de um evento na França e percebi como o breaking era tratado fora do país e, nesse dia, pensei em viver da dança. Ainda assim, nunca pensei que fosse chegar a esse estágio. É uma parada que nunca imaginei nem um terço do que estou vivendo. É uma surpresa, mas é muito agradável poder viver do que amo fazer.

P E como foi a reação dentro da tua família quando escolhestes o caminho da dança?

Leony - “Nenhuma mãe imagina isso para o filho. A minha queria que eu fosse para as forças armadas, algo assim. Quando comecei era um hobby, assim como eu praticava karatê. Mas, aos poucos, comecei a ganhar dinheiro, a viajar. Então, nós conversamos e disse a ela que era isso que queria da vida. Ela sempre me apoiou, mas exigindo que não largasse de mão dos estudos. Eu ainda espero um dia cursar faculdade de Publicidade, é um sonho também”.

P O berço do breaking é os EUA com a cultura hip-hop. Você consegue ver em tuas performances alguma influência da cultura popular paraense?

Leony - Eu tenho a cultura local da minha terra como uma grande referência. Eu busco colocar algumas danças nas minhas performances, em especial os giros do Carimbó. Minha dança muda muito de direção, tem muitos giros. Não tem movimentos específicos de Carimbó ou Tecnomelody, por exemplo. Mas, são influências e instintivamente eu uso algumas coisas. Algumas pessoas já me perguntaram sobre isso, sobre alguns passos diferentes, e digo que criei com base nos ritmos da minha terra.

P A possibilidade de disputar uma Olimpíada deixa o dia a dia de treinamentos mais ansioso , é um sonho que pode se tornar realidade?

Leony - Hoje eu penso demais nisso. Mas, para ser bem sincero, antes não era um sonho. No meio do breaking tem alguns eventos muito grandes e tão esportivos. Quando passou a ser um esporte a gente passou a ter uma dimensão melhor do evento. Quero chegar a uma Olimpíada, mas não esqueço dos outros eventos, como esse no fim do ano em Nova Iorque, mas penso demais em participar dos jogos, sim.

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