No começo da Série C do Campeonato Brasileiro, no papel, o elenco do Clube do Remo era apontado como diferenciado em comparação aos demais concorrentes, com base nos nomes contratados para fazer parte do projeto de retorno imediato à segunda divisão nacional. Não à toa, o Leão possui a maior folha salarial de toda a competição, em especial, pelos profissionais que integram o setor de meio-campo. O problema é quando a análise sai da prancheta para avaliação no gramado, todos os atletas integrantes da ‘meiuca’ azulina compartilham da mesma característica desde que passaram a vestir a camisa azulina: a decepção.
Às vésperas das partidas finais da etapa classificatória, a equipe não apresenta nenhum pilar importante na criação de jogadas.
No elenco, somente um atleta possui perfil de armador, o meia Anderson Paraíba, contratado a peso de ouro e com status de craque, mas que até o momento só conseguiu criar raiva na torcida pela ausência de qualidade na função. Os demais possuem mais características defensivas, casos de Uchôa, Marciel, Jean Patrick, Marco Antônio e Paulinho Curuá, formato que daria mais conotação reativa, mas que hoje é um padrão fora de cogitação para os planos de avanço do Mais Querido.
A alternativa mais ofensiva se restringe à Erick Flores, mas sem a qualidade de um camisa 10, ao ser mais um ponta pelas beiradas. A falta de atletas para o ofício, mais uma vez, aponta o péssimo planejamento da diretoria na condução do futebol profissional, ao dispensar, por exemplo, Felipe Gedoz e Albano, jogadores comuns, mas que dariam suporte para a comissão técnica buscar mecanismos para evolução.
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A baixa contundência no setor de transição ao ataque é a principal fraqueza da equipe e responsável pela irregularidade dentro de campo, o que aponta poucos gols marcados, sequência sem triunfo e baixíssima quantidade de pontos somados em uma Série C marcada pela falta de um time diferenciado.
Na bronca pelas promessas entoadas por parte da direção no começo da temporada, ao ponderar classificação sem sustos e o título da competição, devido ao retorno contrário nas quatro linhas, os torcedores não deixaram passar batido a chance de dar a opinião sobre o meio-campo azul-marinho. “Na verdade o Remo não tem meio de campo. O time não cria nada. Foi investido em jogadores que não deram retorno e quando mais precisamos eles somem. Se dependermos deles, fica difícil”, comentou o torcedor Madson Ferreira da Silva, auxiliar financeiro.
E mais
Com três partidas para o fim da fase classificatória da Série C e o Leão Azul necessitando vencer todas ou garantir ao menos 80% da pontuação em disputa, a solução é passar por cima de qualquer bronca para atingir o objetivo, já que as alternativas até aqui não deram liga. Guilherme Guerreiro, diretor de esportes da Rádio Clube do Pará, também visualiza o padrão tático do time como uma das razões pela falta de regularidade no gramado.
“O Remo tentou de todas as formas achar um jogador para ser o elemento de criação no time. Depois da passagem do Gedoz, teve algumas opções: o Fernadinho fez a função. O Albano chegou e era um sonho de consumo antigo do Remo, mas não se adequou. Vejo que há um problema de adaptação, mas também de modelo de jogo”, disse. “O Gerson Gusmão percebeu que não consegue fazer esse encaixe e vai para o improviso. Vai colocar o Marciel, que tem uma boa qualidade do passe, mas não tem a dinâmica do meia”, completou.
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O improviso no meio-campo azulino, para Guerreiro, é a principal alternativa do time a essa altura da competição, ao falar, também sobre as tentativas frustradas na função de camisa 10. “Houve apostas que não deram certo. A torcida está incomodada, apreensiva, o que é natural. O Remo tem um elenco qualificado e dos mais caros da Série C e não poderia estar nessa sofrência. Mas a saída agora mesmo é a improvisação. Não tem outro caminho”, acredita.
Tática tem de se adequar ao elenco
Em análise fria, o que tem faltado ao Clube do Remo para conseguir engrenar em campo, especialmente através de jogadas e participações iniciadas pelo setor de criação, é um esquema tático mais propenso ao estilo de jogo de cada atleta. É o que entende o jornalista e radialista Carlos Castilho, comentarista esportivo da Rádio Clube.
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O profissional vê esse fator como mais responsável pela falta de bons resultados do que propriamente o planejamento montado pela diretoria azulina. “Não acho que seja um planejamento de todo ruim. Às vezes você compra gato por lebre, às vezes vem um jogador cheio de charme, com currículo até interessante e não produz nada, mas às vezes vem um desconhecido e arrebenta a boca do balão”, disse.
De acordo com o cronista, a comissão técnica, que já conta com o seu segundo profissional na supervisão do futebol, ainda não conseguiu extrair o melhor do plantel, sobretudo do meio-campo. “No elenco do Remo tem jogadores qualificados, mas está havendo um planejamento tático errado. Tudo indica que no jogo de segunda-feira o Remo vá usar o Marciel como meia. Tem o Paraíba que foi um jogador interessante no Botafogo-PB e o Patrick que brilhou intensamente, inclusive na Série B. Falta o técnico escolher melhor”, analisou.
A ordem é evitar a Improvisação
Com o baixo rendimento dos postulantes, a possibilidade de improvisação não é descartada como já foi visto no desenrolar desta própria Terceirona. Para Carlos Castilho, contudo, a ideia não é a mais interessante para essa altura da competição. “Improvisar só em ultima instância. Até porque acaba desmotivando o jogador da posição. O que está faltando é extrair melhor os atletas e fazê-los jogar o bom futebol. O repertório que apresentavam justificou a contratação dos jogadores. Claro que não deu muito certo, mas dependeu da escolha ter sido a certa ou errada. Improvisar só em ultimo momento”, apontou o jornalista.
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