Embora seja aquele cuja mudança na configuração normal tenha chamado mais a atenção pelo apelo popular que tem no mundo, o futebol não foi o único dos esportes coletivos a sofrer drásticas alterações por causa da pandemia da Covid-19. Os outrora chamados esportes amadores, hoje nada amadores, também amargam prejuízos de diferentes formas causados pela doença. Um estrago que vai desde a interrupção de algumas competições até mesmo ao cancelamento de outras. No esporte coletivo local, que inclui modalidades como handebol, futebol de salão, voleibol e outras, os calendários das federações foi o primeiro item a ser afetado.
De uma forma geral, todas as entidades gestoras desses esportes se viram obrigadas a alterar seus planejamentos, com o “enxugamento” da tabela de jogos, que, em algumas situações, foram cortadas pelo meio. É o caso, por exemplo, de competições organizadas pela Federação de Futebol de Salão do Pará (Fefuspa), que partiu para a suspensão de turnos inteiros de alguns de seus campeonatos. “Não há data suficiente para a realização desses eventos dentro de suas formas originais”, justifica o diretor técnico da entidade, Davi Leal, de 36 anos.
A proliferação da pandemia trouxe outras mudanças na Fefuspa, está de cunho administrativo. Desde o mês de fevereiro que o presidente da entidade, Paulo José, de 73 anos, não coloca os pés na sede da entidade. O dirigente, que há quase 15 anos ocupa o cargo, justifica sua ausência: “Já passei da idade de risco”, diz ele, que delegou alguns poderes ao diretor Davi Leal, que o repassa informações do dia a dia da federação.
Se na Fefuspa a ausência do presidente é uma realidade, na Federação de Handebol do Estado do Pará (FHEPA) o que há, segundo informa o seu presidente, Fabrício França, de 45 anos, é incerteza quanto à realização de competições nacionais da modalidade. “A Confederação Brasileira (CBHb) ainda não definiu o seu calendário para o restante do ano”, explica. Tanto no futebol de salão, handebol e outras modalidades, a expectativa é de que as competições sejam reiniciadas ou iniciadas no mês de agosto.
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Liberação?
Até a última sexta-feira (24), quando a matéria foi concluída, a Prefeitura Municipal de Belém, bem como o governo do Estado, ainda não haviam se manifestado sobre a liberação dos chamados esportes amadores, praticados em ginásios, piscinas e outros locais. As federações, assim como os clubes e seus atletas esperam pela volta dos treinamentos e das competições. “Até aqui o que temos de liberado é a prática de esportes em praças abertas. Esperamos pela liberação da utilização dos ginásios”, diz André Dias, da Liga de Basquete.
A mesma expectativa vive o presidente da Fepar, Luciel Caxiado. “Esperamos com muita ansiedade por esse retorno, já que a suspensão dos treinos acarreta prejuízo para todos”, observa. De acordo com informações dos poderes públicos, a reativação dos esportes coletivos ainda está em estudo, não havendo uma previsão de quando os treinos e competições poderão voltar a acontecer. Sabe-se de antemão, porém, que as disputas, não poderão contar com a presença de público.
E mais...
Basquete
A edição inédita da Liga Feminina de Basquete que já deveria ter sido realizada pela Liga de Basquete local corre o risco de só acontecer em 2021. Foi o que informou um dos quatro integrantes da direção da entidade, André Dias. “Tivemos de dar uma segurada nessa competição por causa da pandemia”, justifica. A doença está atrapalhando, segundo informa o dirigente, até mesmo a conclusão de competições iniciadas em 2019 e que teria, pelo calendário normal da Liga, suas conclusões no começo deste ano. “Estamos com as finais em uma melhor de três jogos, entre Ananindeua e Sport Belém, suspensas”, lamenta Dias. “Quando essa situação for contornada, vamos tentar fazer essa final e tentar, de alguma forma, dar início ao nosso calendário de 2020/21”, diz. Na volta das competições, os jogos terão de ser disputados sem a presença de público e com os clubes cumprindo protocolo elaborado pela Confederação Brasileira de Basquetebol (CBB). “Esse documento já foi disponibilizado pelo site da CBB para as federações, ligas e clubes”, conta Dias.
Vôlei
O presidente da Federação Paraense de Voleibol, Hugo Montenegro, lamenta o surgimento da pandemia da Covid-19, que só tem causado transtornos ao esporte. “Quando houver a liberação para a prática dos esportes de quadra, vou ter de reunir os representantes dos clubes e definir como vamos fazer para dar continuidade às competições que foram paralisadas e iniciar aquelas que não tiveram nem os seus começos”, informa Montenegro, de 67 anos. A sugestão dele é que os campeonatos tenham o número de jogos reduzidos. O dirigente informa que, também no plano nacional, o voleibol sofreu mudanças. “A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) cancelou todas as competições que seriam disputadas este ano. As disputas só acontecerão em 2021”, conta.
No futsal, redução de jogos deve ser a solução
Das 26 competições projetadas pela Federação de Futebol de Salão do Pará (Fefuspa) para a temporada, em diversas categorias, apenas uma, o Campeonato Metropolitano, chegou a ser iniciada, mas não concluída. “Fomos obrigados a suspender o restante dessa disputa por causa da pandemia”, informa o diretor técnico da entidade Davi Leal. Já os demais campeonatos e torneios sequer foram iniciados e não existe a certeza de que elas venham a ocorrer. Caso venham mesmo a ser disputados, os eventos, como nos demais esportes, terão suas tabelas de jogos reduzidas, em algumas delas de maneira drástica.
“As competições que seriam prolongadas, com essa questão da pandemia, terão, casos sejam realizadas, de ser reduzidas”, revela Leal. “Competições que teriam formato de dois turnos, como é o normal, serão em turno único”, detalha o dirigente. “Essa diminuição terá de acontecer para que o calendário deste ano não tenha que ser concluído em 2021”, justifica Leal. O dirigente afirma que esse tem sido o principal impacto sentido pelos clubes. “Os clubes querem mais jogos, mas não tem como manter o formato original das competições”, lamenta o presidente.
Embora o cenário não seja lá muito animador, a Fefuspa, informa Leal, pretende cumprir todo o calendário deste ano. “A nossa ideia é realizar toda a programação, mas como disse, com um número menor de partidas”, diz o diretor. No tocante a prevenção à Covid-19, a entidade está à frente de outras entidades. “Recebemos um protocolo nacional enviado pela Confederação de Futsal e esse documento já foi entregue a cada um dos clubes para que eles tomem como base para a confecção de seus próprios protocolos”, conta Leal, informando que no momento todos os clubes filiados à Fefuspa estão com suas atividades paralisadas por causa da pandemia.
Remo: Prejuízo esportivo e também financeiro
O prejuízo com a paralisação das atividades, de acordo com o presidente da Federação Paraense de Remo (Fepar), Luciel Caxiado, 61 anos, não é apenas os aficionados do remo, mas também dos clubes e, principalmente, dos atletas, que em sua maioria estão impedidos de treinar. “A exceção é a categoria skiff, que é praticada por apenas um atleta”, justifica o dirigente. O calendário da Fepar, que prevê a realização de cinco competições este ano, teve até aqui apenas duas realizadas. “Estamos na dependência da liberação, pela prefeitura, para marcar as provas de agosto, setembro e novembro”, explica Caxiado. O dirigente ressalta que o campeonato local serve como preparativo dos atletas para competições nacionais. “Sem essas competições é impossível que os remadores tenham uma preparação adequada”, diz Caxiado. Ele ressalta, ainda, que a suspensão do organograma da federação também acarreta prejuízo financeiro para os clubes. “O Guajará (um dos clubes participantes do campeonato), por exemplo, tem o seu projeto, com o pagamento de alguns de seus atletas e não está tendo nenhum retorno devido essa situação”, observa o dirigente.
Handebol não tem recursos para elaboração de protocolo
O handebol do Pará convive com a incerteza de sua participação em competições de cunho nacional e até mesmo da realização desses campeonatos e torneios. É o que informa o presidente da Federação de Handebol do Estado do Pará (FHEPA), Fabrício França. Isso devido a Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) ainda não ter estabelecido um protocolo preventivo à Covid-19 e, consequentemente, o seu calendário para o restante do ano. “Diferente do futebol, o handebol não conta com recursos financeiros para a elaboração e o cumprimento deste protocolo, que exige, por exemplo, a testagem dos atletas”, salienta França.
No plano local, o desejo da FHEPA é iniciar as competições em agosto. Mas, salienta França, “não há certeza quanto a isso.” A incógnita se deve, também, a falta de dinheiro para o cumprimento das normas médicas que deverão ser estabelecidas pelo poder público para os treinos e jogos da modalidade. Caso os campeonatos, em suas diversas categorias, venham a ser disputados, todos sofreram adequação em suas tabelas. “As competições terão, obrigatoriamente, que ser encurtadas por falta de datas”, justifica o dirigente.
Pelo organograma da FHEPA, em maio seriam disputados os JEBS (Jogos Escolares Brasileiros), que acabaram não ocorrendo. Este mês e no próximo, o calendário previa os campeonatos das categorias infantil e cadete e, já no segundo semestre, seriam realizadas as competições de juvenil, júnior, adulto e cadete. “São competições que podem acontecer ou não. Se me perguntam sobre a realização desses campeonatos digo que não sei”, diz França, que pensa da mesma maneira quanto à realização das competições nacionais, que o Pará, este ano, deveria disputar ao menos cinco delas, três a mais que em 2019.
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