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Guerra das marcas: veja quem mais calça a Seleção Brasileira

Os calçados dos jogadores na Copa do Mundo são sempre um espetáculo à parte e a disputa é acirrada

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Imagem ilustrativa da notícia Guerra das marcas: veja quem mais calça a Seleção Brasileira camera A Puma saiu de zero em 2018 para os pés de sete jogadores da Seleção Brasileira, incluindo sua principal estrela: Neymar | Reprodução/Puma

A Copa do Mundo tem ares de desfile de moda. Não só pelas roupas caras usadas na apresentação dos jogadores, mas principalmente pelas peças criadas pelas fornecedoras de material esportivo. Sem chuteira, o uniforme fica incompleto. Na seleção brasileira, o espaço na "vitrine" dos pés está equilibrado: são 10 jogadores usando Nike, nove com a Adidas e sete ligados à Puma, totalizando os 26 convocados pelo técnico Tite.

A disputa ficou mais acirrada na comparação com a Rússia, em 2018, quando o placar era 16 para a Nike e sete para Adidas. O número no Qatar, por si só, é um ponto de partida para diagnosticar quem leva vantagem e o que aconteceu no mercado nos últimos anos. Mas as empresas têm um olhar mais profundo, considerando as estratégias de captação de talentos e a relevância dos nomes envolvidos.

O cenário das chuteiras da seleção brasileira para a Copa 2022 está assim:

- Nike (10): Vini Jr, Richarlison, Rodrygo, Danilo, Marquinhos, Casemiro, Fred, Lucas Paquetá, Alisson e Éverton Ribeiro.

- Adidas (9): Dani Alves, Alex Telles, Éder Militão, Fabinho, Bruno Guimarães, Raphinha, Gabriel Jesus, Gabriel Martinelli e Pedro

- Puma (7): Neymar, Antony, Alex Sandro, Thiago Silva, Bremer, Ederson e Weverton.

A Nike é parceira da própria CBF. É como se estivesse jogando em casa, embora representantes de outras marcas transitem pelo ambiente da seleção, como nos treinos. O entendimento da fornecedora de material com a seleção torna o ambiente mais favorável para ações que envolvam os nomes da Nike.

O lançamento dos uniformes do Brasil é um exemplo de ativação com convergência de interesses: Richarlison, Rodrygo e Alisson foram alguns dos rostos que estão no Qatar e estamparam a campanha mais recente.

Na escalação mais usada por Tite, com Fred no meio-campo e Vini Jr. no banco, a Nike tem sete titulares. Com a variação mais óbvia e provável para o jogo contra a Sérvia -a entrada do atacante do Real Madrid no lugar do volante do Manchester United-, a troca seria de Nike por Nike, mantendo o percentual da empresa entre os 11 que começam o jogo.

A Adidas quase empatou com a Nike neste ano. Ela conta com nomes que hoje compõem o segundo escalão da seleção: oito dos nove são reservas. Gabriel Jesus é o remanescente da Rússia. Na Copa do Mundo, como um todo, a empresa está bem posicionada porque é parceira da Fifa e fornece a bola da competição.

Já a Puma, terceiro elemento na disputa, é a que mais aumentou seu terreno na comparação com 2018. Saiu de zero para sete representantes na seleção brasileira, tornando-se um terceiro elemento relevante. Ela não só passou a ter consigo o principal jogador -Neymar-, como captou dois remanescentes da Copa 2018, Thiago Silva e Ederson. Entre os titulares do Brasil no Qatar, a empresa alemã tem ainda o lateral-esquerdo Alex Sandro.

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Como os jogadores firmam acordos de longo prazo com as fornecedoras, a janela de oportunidade para "fisgar" clientes uma das outras não é tão frequente. Pode ser que em algum estágio da relação a própria companhia decida retirar o investimento em determinado jogador.

No caso da ruptura de Neymar com a Nike, em 2020, houve um ponto fora da curva, que foi o desentendimento amplificado pela denúncia interna de um suposto assédio sexual do jogador a uma funcionária. A investigação da Nike sobre a conduta do jogador trouxe um resultado "inconclusivo", segundo disse a companhia à época. O camisa 10 foi para a Puma, que no fim de 2021 também se valeu do timing de reta final do contrato de Thiago Silva para trazê-lo para a marca.

Até a confirmação do placar de 10 x 9 x 7, as empresas passaram o ciclo de Copa do Mundo observando a movimentação de seus jogadores na seleção. O desfecho também é resultado de acordos firmados quando muitos jogadores eram jovens e davam os primeiros passos no futebol. Isso se mistura com elementos imprevisíveis, que envolvem a fase de cada atleta, lesões e preferências do treinador.

Segundo a reportagem apurou, a Nike está com um foco muito grande em jogadores de ataque e na atração de nomes da principal prateleira do futebol. Ela tirou o pé na captação em massa e quer reforçar o papel de marca mais exclusiva. Mas ainda tem nomes representativos na parte defensiva e precisa cuidar bem deles.

Entre os brasileiros, Vini Jr. é, hoje, o melhor exemplo de atacantes valiosos para o portfólio da Nike, tendo sido captado ainda na base do Flamengo. Ele hoje é astro do Real Madrid e um dos melhores do mundo na temporada passada. Já Richarlison é o atual camisa 9 da seleção. Considerando o número e a empresa com quem tem contrato, é o sucessor de Ronaldo Fenômeno. O Pombo foi uma aposta da Nike quando ainda jogava no América-MG. Além disso, Rodrygo é visto como um jogador com potencial de "estouro" na seleção durante a Copa.

Ainda olhando o "menu" da Nike, Éverton Ribeiro é considerado nome de relevância no mercado brasileiro pelo fato de ser capitão do Flamengo. A empresa tem ainda o goleiro Alisson, titular de Tite. Geralmente, os goleiros não representam um percentual significativo de atratividade para as vendas de chuteiras. Mas ter o dono da meta é relevante para quem patrocina tanto a equipe quanto o jogador. A dobradinha Nike/seleção é replicada com o próprio Alisson na Inglaterra, onde há a parceria Nike/Liverpool.

Em relação à Puma, a reportagem apurou que a empresa enxerga o próprio crescimento como uma mostra de que o trabalho não se limita à "oportunidade" ganha com Neymar. O posicionamento atual na seleção é reflexo também de um trabalho olhando para os clubes. Ederson é reserva no Brasil, mas é titular do Manchester City, parceiro da Puma, em um cenário parecido com o que vive Weverton no Palmeiras.

Quando Bruno Guimarães ficou com a chuteira furada em um dos treinos da seleção em Turim, após pisão de Fabinho, o volante conversou com um interlocutor da Adidas logo depois da atividade. Contou sobre a chuteira que recebera antes e respondeu se precisaria ou não de outro equipamento. Também deu feedback sobre o nível de conforto que sentia com o calçado.

Esse tipo de abordagem é comum, especialmente em Copa do Mundo. A Nike, obviamente, tem representante quase que constante nas atividades do Brasil. As empresas se mobilizam não só para entregar o material antes da Copa, mas também para eventual "emergência" que aconteça durante ela.

A Puma, por exemplo, tem um estoque de emergência para atender aos jogadores, não só do Brasil. A customização é considerada rápida. Muitos jogadores gostam de colocar palavras ou frases nas chuteiras. Antony, um dos que usam Puma, tem a palavra "favela" nos pés.

Nos modelos Nike, Fred tem em um pé "Monique" e no outro "Gercino": homenagens à esposa e ao falecido avô, grande incentivador da carreira. Há quem caminhe para uma pegada mais motivacional. Dani Alves usa "resiliência" no modelo Adidas.

A rouparia da seleção tem papel importante no conforto do jogador, porque leva à concentração amaciadores de chuteira que facilitam a adaptação aos novos modelos. Quem quiser ainda pode trocar travas.

Mesmo quem usa a mesma marca pode ter nos pés algum modelo diferente, desde que seja da coleção mais recente. Alisson, por exemplo, prefere a Tiempo da Nike por considerar mais confortável. Os outros jogadores de linha adotam a Phantom ou a Zoom Mercurial. Quem ainda não aderiu ao lançamento mais recente, com detalhes dourados, como é o caso de Vini Jr, em algum momento do Mundial terá que usá-lo. É previsão contratual.

O primeiro "desfile" de chuteiras da seleção no palco mais importante do Qatar começa na quinta-feira, às 16h (de Brasília), contra a Sérvia.

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