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RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

Alimentação, clima e escolhas: novos negócios miram futuro sustentável

Reportagem especial destaca como a gastronomia sustentável vem mudando o mercado da alimentação no Pará, com empreendedores voltados para a COP 30, em Belém, conscientes e preocupados com o futuro.

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Imagem ilustrativa da notícia Alimentação, clima e escolhas: novos negócios miram futuro sustentável camera Reportagem especial destaca como a gastronomia sustentável vem mudando o cenário do empreendedorismo paraense. | Lucas Quirino/DOL

Quando se fala em sustentabilidade, muitas vezes se pensa em reciclagem, economia de água ou até mesmo em preservação ambiental, mas raramente se considera o impacto da alimentação. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a produção global de alimentos e bebidas é responsável por cerca de um terço das emissões mundiais de gases de efeito estufa (GEE),agravando as mudanças climáticas e a degradação da camada de ozônio.

A relação entre o que você come e o meio ambiente se transformou ao longo do tempo. Desde a revolução agrícola, há cerca de 12 mil anos, até a industrialização no século XVIII, a produção de alimentos passou a priorizar a produtividade e o lucro, afastando-se da harmonia com a natureza. Atualmente, o sistema alimentar depende de fertilizantes químicos, pesticidas, irrigação intensiva, transporte baseado em combustíveis fósseis e manipulação genética.

De acordo com a National Geographic, alimentos de origem animal, como carne bovina, cordeiro, frutos do mar e laticínios, estão entre os maiores emissores de gases de efeito estufa — sendo que a criação de gado, por exemplo, emite grandes quantidades de metano e muitas vezes ocupa áreas desmatadas. Para mitigar esses impactos, a Organização das Nações Unidas recomenda mudanças como o aumento do consumo de vegetais que possuem menor pegada de carbono, além do combate ao desperdício. Aproximadamente, 1 bilhão de toneladas de comida são descartadas anualmente, representando 17% do total disponível, o que gera emissões associadas à sua produção, transporte e descarte.

Empreendimento vegano: uma alternativa sustentável

Diante desse cenário, o veganismo chega como alternativa sustentável no mercado paraense. De acordo com a socióloga Larissa Pontes, ele vai muito além de um conceito fixo, "tratando-se de um movimento coletivo que busca alternativas ao consumo de qualquer produto de origem animal". Uma de suas principais características é o antiespecismo — filosofia política e ética que se opõe ao especismo, ou seja, à discriminação baseada no fato de um ser vivo não ser humano.

Socióloga Larissa Ponte explica como o veganismo contribui para a redução das emissões de gases do efeito estufa
📷 Socióloga Larissa Ponte explica como o veganismo contribui para a redução das emissões de gases do efeito estufa |Foto: Lucas Quirino/DOL

“Entendemos que os animais têm o direito de viver com seus próprios propósitos, e traduzimos isso em diversas práticas. O veganismo faz parte de um movimento maior, que é o antiespecista. Passamos a enxergar os animais a partir de seus próprios direitos, com respeito à vida de cada um. Também é importante ressaltar que se trata de um convite ao diálogo e ao respeito pelos diferentes modos de vida. Sabemos que um dos grandes fatores de emissão de CO₂ e de destruição ambiental está justamente no modelo atual de produção de alimentos”, afirma Larissa.

Além de socióloga, Larissa também é empreendedora, proprietária de um restaurante vegano, a Casa 316. Ela destaca a relevância de incluir o tema da alimentação nas discussões que ocorrerão durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), em novembro deste ano, em Belém.


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Precisamos questionar esse sistema alimentar e pensar, enquanto sociedade, quais alternativas queremos propor. A alimentação sustentável deve fazer parte do debate sobre mudanças climáticas, não apenas às vésperas da COP 30, mas como um pensamento contínuo. É fundamental trazer esse tema para o centro das discussões, unindo movimentos e coletivos sociais para ampliar o diálogo.

Larissa Pontes, Empreendedora e socióloga
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Alimentação sustentável: benefícios para a saúde e para o meio ambiente

Para uma transição alimentar adequada, a nutricionista Jamile Barros ressalta a importância do acompanhamento profissional. Ela explica que, ao decidir mudar os hábitos alimentares, "é necessário pensar em mecanismos de adaptação, para que essa transição ocorra de maneira saudável e duradoura".

A nutricionista Jamile Barros orienta acerca da importância de acompanhamento profissional durante a transição para uma alimentação vegana
📷 A nutricionista Jamile Barros orienta acerca da importância de acompanhamento profissional durante a transição para uma alimentação vegana |Foto: Lucas Quirino/DOL

O primeiro passo, de acordo com a nutricionista, é buscar informações sobre o novo estilo de vida. Também, segundo ela, é essencial entender os grupos alimentares, os macronutrientes, os micronutrientes e as fontes de cada um deles. As principais preocupações durante essa mudança alimentar costumam envolver a ingestão de proteínas, cálcio, vitamina B12 e ferro.

“Precisamos saber que as proteínas estão presentes nas leguminosas, o cálcio nas folhas verde-escuras, a vitamina B12 será suplementada, e o ferro também está nas hortaliças, podendo ser melhor absorvido com o consumo de frutas cítricas. Depois disso, é necessário ter um acompanhamento técnico para que tudo ocorra de forma segura e eficiente. A nutrição não cura tudo, mas sem ela não se cura nada. Por isso, é essencial ter autonomia e, ao mesmo tempo, apoio qualificado”, explica Jamile.

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Uma alimentação baseada em vegetais, segundo a nutricionista, além de promover o bem-estar, é uma forte aliada na prevenção de doenças — muitas delas associadas ao consumo de alimentos de origem animal. “Há redução significativa de doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares, que são as que mais matam no Brasil desde os anos 1990. A diminuição ou exclusão de produtos de origem animal reduz o consumo de gordura saturada e, com isso, os riscos dessas enfermidades. Também há prevenção de diversos tipos de câncer”, evidencia ela.

Jamille Barros reforça que os benefícios da adoção da dieta vegana vão além da alimentação e da saúde. “Essa alimentação prioriza produtos in natura e minimamente processados, como recomendado pelo Ministério da Saúde. E, do ponto de vista ambiental, os principais benefícios são a redução da emissão de gases do efeito estufa, oriundos de uma dieta baseada em plantas”, conclui.

Negócio "verderosa": produção sustentável e de olho no futuro

Entre os empreendimentos que oferecem produtos veganos à base de proteínas vegetais em Belém está a Padaria Verderosa, comandada pela chef e empresária Petra Marron. No local, a preocupação vai desde os ingredientes até as embalagens e o reaproveitamento de sobras.


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Na Verderosa priorizamos produtos orgânicos e regionais. O que não conseguimos adquirir localmente, buscamos de fora, mas em pequena escala. Quanto às embalagens, evitamos o uso de plástico e priorizamos materiais sustentáveis, como o papel. No consumo interno, utilizamos louças reutilizáveis. A preocupação vai além do que é servido: pensamos também nos resíduos gerados.

Preta Marrom, Chef e empresária
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A empreendedora reforça que raramente há desperdício de matéria-prima, pois o objetivo é aproveitar os alimentos em sua totalidade. Quando isso não é possível, a padaria destina as sobras para outras finalidades, como parcerias com empresas que comercializam combos com itens não vendidos no dia.

A chef de cozinha e empreendedora Petra Marron conta como está se preparando para receber os visitantes durante a COP 30 em sua padaria
📷 A chef de cozinha e empreendedora Petra Marron conta como está se preparando para receber os visitantes durante a COP 30 em sua padaria |Foto: Lucas Quirino/DOL

“É muito raro descartarmos insumos. Usamos os alimentos integralmente sempre que possível. E, para os resíduos inevitáveis, temos uma parceria com uma empresa que vende esses produtos com desconto. Além disso, temos aqui um sistema de compostagem no qual produzimos tanto biofertilizante líquido, como biofertilizante sólido. Então, todos os resíduos de vegetais que produzimos são colocados em nossa compostagem, gerando adubo para as nossas próprias plantas. Temos um jardim em que plantamos mamão, cheiro, chicória e manjericão. Desse modo, usamos resíduos das nossas plantas, dos nossos vegetais utilizados na comida para adubar os nossos jardins”, detalha a chef.

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Novos negócios preparados para a COP 30

Visando receber os visitantes da COP 30, Petra conta que a Verderosa está se organizando como um espaço acolhedor "para receber pessoas de diferentes origens, treinando nossa equipe e valorizando cada vez mais a regionalidade". Para a empreendedora, o evento de relevância global será "uma oportunidade para destacar os ingredientes amazônicos sob a ótica da culinária vegetal”.

Padaria Verderosa
📷 Padaria Verderosa |Foto: Lucas Quirino/DOL

Além de preparar seu próprio negócio, Petra também oferece consultorias a outros estabelecimentos que desejam incluir opções à base de vegetais em seus menus. O objetivo é ampliar o acesso à alimentação sustentável e desmistificar a ideia de que ela é inacessível.


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Essa mudança não é só para quem virá à COP 30, mas para toda a cidade. Precisamos democratizar o acesso à alimentação vegetal, não apenas para veganos e vegetarianos, mas também para pessoas com restrições alimentares ou que desejam uma alimentação mais consciente.

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Gastronomia paraense e o fortalecimento dos pequenos negócios

Com o objetivo de capacitar e fomentar os setores de alimentos e bebidas em Belém, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/PA) Pará tem desenvolvido diversas iniciativas. É a proposta do programa Prepara Gastronomia COP 30, que visa fortalecer os pequenos negócios locais.

“O programa oferece soluções como consultorias personalizadas, capacitações e apoio direto a micro e pequenas empresas, incluindo bares, restaurantes e cafeterias. Queremos evidenciar a riqueza da gastronomia paraense e qualificar ainda mais a experiência dos visitantes”, detalha Nayany Filgueiras, analista técnica do Sebrae/PA.

A analista ressalta também que o Sebrae está atento à qualidade e à segurança dos alimentos, incentivando boas práticas de produção e manipulação. “Além disso, estamos oferecendo mentorias gratuitas e apoio na adaptação de cardápios, com tradução para o inglês”, reforça ela, sinalizando o investimento na preparação da rede gastronômica para a COP 30.

Atualmente, o programa conta com cinco turmas e cerca de 100 empreendedores nas regiões Metropolitana, Guamá e Baixo Amazonas. Até a COP 30, a expectativa é atender 300 negócios, incluindo novas turmas no Caeté, Marajó II e Carajás.

Rubens Magno destaca o papel do Sebrae/PA na agenda ambiental e preparação dos empreendedores não apenas para a COP 30, mas também para o futuro.
📷 Rubens Magno destaca o papel do Sebrae/PA na agenda ambiental e preparação dos empreendedores não apenas para a COP 30, mas também para o futuro. |Divulgação/Sebrae

Para o diretor superintendente do Sebrae/PA, Rubens Magno, a gastronomia, a bioeconomia e a sustentabilidade devem ser pensadas de forma conjunta, ainda mais nesse período de preparação para a COP30, evento focado no clima e no meio ambiente, que inevitavelmente alinha as ações do Sebrae com a agenda ambiental, em parceria com Governo do Estado do Pará em muitas ações.


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A preparação dos empreendedores para a COP 30 em Belém inclui incentivar práticas que valorizam a sociobiodiversidade amazônica e a geração de renda para pequenos produtores. Tudo isso pautado na ênfase ao uso de produtos amazônicos por parte dos chefs em suas receitas e na manutenção de ações recorrentes.

Rubens Magno, Diretor superintendente do Sebrae/PA
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Rubens Magno finaliza reforçando a atuação do Sebrae no Pará, que "tem promovido ativamente uma série de iniciativas dentro do setor gastronômico, como o incentivo de práticas sustentáveis, que inclui o uso de embalagens biodegradáveis, a implementação de técnicas de reaproveitamento de alimentos para reduzir o desperdício, a adoção de medidas para redução do uso de energia nos estabelecimentos e a gestão de resíduos”.

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