O crânio de um búfalo, uma bomba inseticida, um rádio a pilha, um caderno de fiado, uma televisão com tubo de imagem, um pacote de tabaco, um baú de madeira para farinha, um filtro de barro e até mesmo charque vendido a retalho. Acredite: esses itens são achados em algumas mercearias de Belém, "relíquias" que trazem de volta algumas memórias de infância para muita gente.
Antes dos grandes supermercados, era comum comprar mantimentos nas mercearias dos bairros. No bairro da Cidade Velha, há uma raridade na mercearia "Casa Barcarena". O que costumava ser encontrado em cada esquina da cidade agora é difícil de achar, como a famosa bomba inseticida. Antigamente, não havia os modernos sprays em lata de hoje. Os borrifadores eram vendidos separadamente do inseticida - e havia a piada popular que dizia que o cheiro era tão forte que era capaz de exterminar até mesmo pessoas (tudo um grande exagero).
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Crânio de búfalo
Também na Casa Barcarena, foi possível encontrar um objeto peculiar: um crânio de búfalo. Qual a finalidade? Era uma forma de brincar com os clientes que frequentavam o local. Havoia grande intimidade entre o dono da mercearia e os fregueses - os gracejos sobre chifres e traições eram comuns.
Rádio a pilha
As surpresas não param por aí. A Casa Barcarena se tornou um verdadeiro antiquário, quase um museu secreto repleto de objetos antigos que despertam a curiosidade. Lá encontramos um rádio a pilha, por exemplo. O apareçjp estava empoeirado e pendurado em uma das prateleiras, mas as merceeiras garantiram que ainda funcionava.
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Caderninho do fiado
Logo abaixo, em cima do balcão, havia um caderninho de anotações. Ao perguntar a uma das donas, descobri que era um caderno de anotações dos clientes. Ali também eram registradas as compras feitas fiado, algo não tão comum nos dias de hoje, em que as transações são feitas por pix e o pagamento postergado se passa com o dinheiro de plástico, o cartão de crédito.
Tabaco
Mais adiante, na taberna Casa Castelinho, no Porto do Sal, também na Cidade Velha, acham outras peculiaridades. O que mais chamou nossa atenção foi a venda de tabaco, algo não tão comum nos dias de hoje. Com os cigarros industrializados, o costume de fumar um "palheiro" ficou no passsado ou restrito a pouquíssimas pessoas. Na Castelinho, é possível comprar.
Televisão com tubo de imagem
Do outro lado da cidade, na mercearia Jaguaruana, de José Maria de Oliveira, o Baizinho, no bairro do Marco, encontramos uma televisão antiga com os velhos tubos de imagem, coisa impensável nas lonhas de eletrodomésticos de hoje. O aparelho, que não é mais fabricado no Brasil, foi inventado em 1923. Talvez seja possível encontrá-lo em lojas de antiguidades, mas achar um que ainda funcione é considerado raridade.
Filtro de barro
Entre os mantimentos variados da pequena taberna de madeira, encontrei um filtro de barro, não tão incomum, mas ainda assim com um charme antigo que conduz a boas lembranças. Quem já tomou água em um desses objetos sabe o sabor de uma água deliciosa. Eles surgiram no final do século 19 e início do século 20, e ainda é possível encontrá-los em alguns lares brasileiros devido à sua funcionalidade, baixo custo e eficiência em manter a água fresca graças às propriedades do barro, que facilitam a evaporação e a manutenção da temperatura interna.
Baú de peroba
Na bodega irmãos Paladino, no bairro do Umarizal, não foi difícil encontrar uma peculiaridade que nos transporta para o passado: um baú antigo de peroba, utilizado para guardar farinha. Um pequeno tesouro antigo e ainda em plena serventia, no século 21.
Telefone público
Observando as paredes do estabelecimento, avistamos um extinto telefone público de orelhão da Telemar, a operadora que substituiu a estatal Telepará e, depois, mudou de nome para a telefônica Oi. Segundo Antônio Mendes Júnior, dono do estabelecimento, o objeto é a sensação da bodega, e muitos clientes, inclusive os mais jovens, fazem selfies com ele.
Equipe Dol Especiais:
- Reportagem: Brenda Hayashi
- Fotos: Emerson Coe
- Coordenação e Edição: Anderson Araújo
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