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CORPO DE RESISTÊNCIA

Atriz trans apresenta performance que desnuda pressões sobre pessoas LGBTIs

Tornar-se mulher. Dar vazão à própria identidade que por anos esteve sob muitos véus foi o processo mais denso na trajetória de Isabella Valentina. Atriz trans, ela traz à cena a dor e a delícia de ser o que é na performance autoral “TransBella: Uma carto

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Imagem ilustrativa da notícia Atriz trans apresenta performance que desnuda pressões sobre pessoas LGBTIs camera Divulgação/Daniele Cascaes

Tornar-se mulher. Dar vazão à própria identidade que por anos esteve sob muitos véus foi o processo mais denso na trajetória de Isabella Valentina. Atriz trans, ela traz à cena a dor e a delícia de ser o que é na performance autoral “TransBella: Uma cartografia poética de um corpo em transformação”, que será encenada nesta quinta-feira, às 19h30, no auditório do Conselho Regional de Psicologia do Pará e Amapá, em Belém. O espetáculo integra a programação em alusão ao Dia da Visibilidade Trans, que também terá o lançamento do livro “Tentativas de Aniquilamento de Subjetividades LGBTIs”. A entrada é franca.

A performance é resultado do projeto de pesquisa da Isabella no curso de licenciatura em teatro e técnico em figurino cênico, pela Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (ETDUFPA). A partir de teóricos como Judith Butler, Gilles Deleuze e Félix Guattari, Isabella costura a narrativa que condensa sua vivência e se conecta à existência política da comunidade transgênero, que resiste em meio a uma sociedade que ainda reserva ao grupo a segregação e a violência: o Brasil figura entre os países que mais matam LGBTQIs no mundo.

“TransBella é uma poética de falas. Falas não só minhas, mas de todas as pessoas transgêneros, que passam por quase as mesmas situações cotidianas como eu: a dificuldade da aceitação e do respeito, o preconceito pelo nosso modo de vestir, agir e ser quem é. A ansiedade e o desejo pela busca de um corpo. Por causa dessas situações, nos tornamos corpos de resistência”, diz.

Entre os destaques da nova safra de atrizes do Pará, Isabella já encenou obras como “Quem me Leva aos Meus Fantasmas?”, “Casa das Madalenas”, “Os Fuzis” e “Zeca de uma Cesta Só”. A performance “TransBella” traz o auxílio de direção das professoras Iara Regina e Larissa Latif, e concepção de cena de Vandileia Foro. “Comecei interpretando mulheres trans. Até que eu percebi que teria que demarcar território e não me deixar estigmatizar. Fui batalhar papéis outros, de mulheres cis, homens, e aconteceu. É preciso ocupar os espaços, mas ocupá-los com verdadeira autonomia”, diz.

Para Isabella, estar nos palcos é ser livre. “Estar em cena me liberta dos padrões, da normatividade e do enquadramento. Me sinto livre, aprendo muito. Eu, Isabella Valentina, não sou uma apenas uma mulher transexual. Eu sou uma mulher-transexual-professora-artista. E esse meu corpo que é esse rizoma vai se expandir muito ainda por muitos lugares e espaços”.

LIVRO

A performance integra a programação em alusão ao Dia da Visibilidade Trans, celebrado em 29 de janeiro no Brasil. Antes da apresentação artística, haverá o lançamento do livro “Tentativas de Aniquilamento de Subjetividades LGBTIs”. Organizado pelo Conselho Federal de Psicologia, por meio de sua Comissão de Direitos Humanos, a publicação apresenta um mosaico de histórias de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexuais que foram submetidas a tratamentos “terapêuticos” de “cura gay”.

“Colhidos entre pacientes de diversas cidades do país, incluindo Belém, os depoimentos retratam o intenso sofrimento psicológico desencadeado pelo preconceito e potencializado pela atuação de profissionais da saúde que se amparam no fundamentalismo religioso para patologizar a sexualidade – um comportamento marcado pela falta de ética e que pode culminar em consequências devastadoras já que reafirma e produz a exclusão e a opressão”, pontua Jureuda Duarte Guerra, presidente do Conselho Regional de Psicologia.

SERVIÇO

Perfomance “TransBella: Uma cartografia poética de um corpo em transformação”

Quando: Hoje (30), às 19h30

Onde: Auditório do Conselho Regional de Psicologia do Pará e Amapá (Av. Generalíssimo Deodoro, 511 - Umarizal)

Quanto: Entrada franca

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