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AMAZÔNIA

Custo e concorrência para shows internacionais em Belém

Alguns artistas internacionais já fizeram shows em Manaus como a banda Kiss e o Guns 'n Roses.

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Imagem ilustrativa da notícia Custo e concorrência para shows internacionais em Belém camera A banda Kiss foi até a vizinha Manaus com a “Monsters Tour”, assim como o Guns’n’Roses, um ano antes. | (Eduardo Anizelli/Folhapress)

Para Jeft Dias, da Psica Produções – realizadora do Festival Psica, que tem recebido grandes shows, como a histórica última apresentação de Elza Soares -, esse não é um problema só de Belém. Manaus tem recebido alguns shows internacionais, mas não com tanta frequência como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre, que são as quatro capitais que mais acolhem esses shows.

“Eu acho que tem várias questões aí envolvidas. Uma delas é o custo Amazônia, que é um negócio que encarece muito em qualquer produção, fica difícil o transporte para cá, alguns serviços. Enfim, é um peso enorme para a viabilidade desses grandes eventos. A outra é a estrutura. Essas outras capitais estão mais bem estruturadas do que a nossa cidade. Isso acaba pesando. E tem também um fator muito importante, que é o interesse das grandes marcas em patrocinar”, aponta.

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Segundo Jeft Dias, as marcas que patrocinam eventos de todos os portes – fundamentais para cobrir custos altos de produção - acabam tendo um interesse maior por projetos culturais no Sudeste. “As grandes marcas não têm tanto interesse em investir aqui, então a gente precisa atrair esse interesse, esses investimentos, para que a gente consiga realizar esses eventos, dito que o custo é muito alto e fica inviável produzir coisas assim confiando apenas na bilheteria. É necessário incentivo, patrocínio, coisas que são escassas aqui para a nossa região”, acrescenta Jeft, destacando que o Festival Psica tem feito um trabalho incansável para atrair a atenção de marcas e patrocinadores na busca por captar grandes shows para cá. “O ano passado fizemos um grande festival, com mais de 40 mil pessoas. E isso tem chamado atenção das marcas. Acredito que é o trabalho de formiga, a longo prazo, e que daqui a algum tempo a gente vai começar a colher”, pontua.

PRECONCEITO

Diretor da Se Rasgum Produções, que realiza os festivais Se Rasgum e Sonido, Marcelo Damaso lembra que muitos shows de grande porte chegam por aqui, mas que em se tratando de shows internacionais, em comparação com Manaus, a capital amazonense tem levado vantagem no “marketing” para atrair apresentações de artistas como Scorpions e Kiss, que tocaram por lá no mês passado, na “Monsters Tour”.

“Esses grandes shows, sim, vão para lá. Principalmente quando se trata de um show internacional, eles acreditam que Manaus é realmente a grande cidade da Amazônia. Mas é uma lógica que não é muito verdadeira, porque Belém tem muito mais rota de shows. O próprio Scorpions já tocou aqui, assim como há outros shows que vieram para cá e não foram para lá”, avalia Damaso, relembrando ainda o show do Whitesnake em Manaus em 2008, o que mostra que a tendência não é recente.

Para ele, talvez falte informação a empresários e artistas sobre o Brasil. “Como achar que a cidade tem mais estrutura para receber, e a gente tem tanta estrutura quanto. Na verdade, a rota do Brasil para vir para Belém é muito melhor do que ir para Manaus, é muito mais fácil”, diz ele, que também não acha que falte público.

“Eu acho que isso é principalmente questão de contratantes de fora. Mas se a gente falar de grandes nomes brasileiros, eu te digo que são vários pontos para eles não virem a Belém. Primeiro, tem artistas que simplesmente estão confortáveis em fazer show em Rio e São Paulo, acham que, sei lá, Belém é longe. Estou sentindo isso na pele agora, com várias tentativas de contratação do Se Rasgum. Tem artistas que não querem vir porque não tem voo direto ou artistas que sequer respondem.”

Para Gibson Massoud, da Sonique Produções, o fato de alguns shows não colocarem Belém na rota não tem apenas um fator específico, mas uma junção de fatores. Entre eles, a logística de vir do Sudeste para cá: uma vez que uma banda internacional não fica tantos dias no Brasil, o custo é elevado, já que o dólar ainda continua alto. Ele concorda com Jeft Dias que a falta de patrocinadores de grande porte olharem o Norte como uma praça interessante é o maior fator.

“Comparando com Manaus, podemos dizer que eles saíram na frente pois já têm um local adequado (a Arena Amazônia) há mais tempo que a gente. Ter uma estrutura que esteja à altura de uma turnê dessas é fundamental. Acredito que, com o novo Mangueirão, temos chances maiores de entrar nesta rota das turnês internacionais. Antes, tínhamos a estrutura necessária (equipamentos), mas não tínhamos o local adequado. Com o local adequado, já temos pelo menos a possibilidade de receber as turnês”, diz Gibson.

HORA DA MUDANÇA

Rosalina Melom confirma que, quando incluem o Norte, essas grandes turnês acabam elegendo uma única cidade na região, no caso Manaus.

“Em se tratando de shows internacionais, Manaus recebeu dois grandes nomes nos últimos anos, Guns’n’Roses, em 2022, e Kiss este ano, junto com o Scorpions, que já fizemos em Belém. O Guns teve um bom público, porém o Kiss e Scorpions não fizeram boa bilheteria. Há uma especulação sobre Aerosmith e Bon Jovi em 2024 por lá, conforme anunciado pelo prefeito ano passado. Mas para Belém não houve oferta para a vinda de nenhum desses artistas até o momento, pelo menos para nós”, conta Rosalina.

Mas ela também vê mudanças nisso agora que o Estádio do Mangueirão está preparado para receber grandes eventos. “Temos certeza que se tornará mais fácil trazer essas turnês internacionais. Agora é torcer para a economia melhorar, a moeda estrangeira baixar, e para que os artistas e empresários tenham interesse em vender os shows para cá. Estamos preparados para entregar uma produção à altura de seus espetáculos”, declara, otimista, Rosalina.

Com a capital paraense confirmada, na última sexta-feira, 26, como a sede da COP 30, a conferência da ONU sobre o clima, em 2025, e os olhos internacionais voltados para cá, essa história também pode mudar.

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