A Justiça de São Paulo garantiu a competência para julgar o caso de tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro envolvendo o influenciador e empresário Renato Cariani, após a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negar um recurso apresentado por sua defesa.
Cariani, que é influenciador fitness e fisiculturista com mais de 10 milhões de seguidores nas redes sociais, se tornou réu em fevereiro de 2024, juntamente com mais quatro pessoas, acusado de crimes graves que envolvem o desvio de insumos químicos para a produção de entorpecentes.
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) acusa as cinco pessoas de terem “produzido, vendido e fornecido, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, mais de doze toneladas de produtos químicos destinados à preparação de drogas”. A empresa Anidrol, uma indústria química na região da Grande São Paulo da qual Cariani é sócio, foi alvo de uma ação da Polícia Federal (PF) em 2023.
Segundo apurações da PF, os alvos da Operação Hinsberg são suspeitos de desviar 12 toneladas de produtos químicos que seriam utilizados na produção de crack e cocaína. As 12 toneladas de químicos — incluindo fenacetina, acetona, éter etílico, ácido clorídrico, manitol e acetato de etila — correspondem a mais de 19 toneladas de cocaína e crack prontas para consumo. O esquema envolveria 60 transações dissimuladas, a emissão fraudulenta de notas fiscais por empresas licenciadas, o uso de “laranjas” para realizar depósitos em espécie como se fossem funcionários de grandes multinacionais, e vítimas que figuraram como compradoras.
Além do tráfico, o grupo também é acusado de lavagem de dinheiro. De acordo com o MPSP, os envolvidos teriam dissimulado os valores provenientes dos crimes de tráfico por meio de depósitos em espécie realizados por interpostas pessoas, convertendo em ativo lícito o montante aproximado de R$ 2.407.216,00. Os envolvidos teriam usado diversas metodologias, segundo as investigações, para ocultar a procedência ilícita dos valores recebidos, com o uso de pessoas interpostas e empresas fictícias.
A defesa de Cariani havia procurado o STF alegando que a Justiça de São Paulo seria incompetente para analisar o caso, já que a investigação que resultou na ação penal começou na Polícia Federal, e portanto, o processo deveria tramitar na Justiça Federal. Contudo, o relator do pedido, ministro Cristiano Zanin, negou a solicitação.
O ministro afirmou que, "com o aprofundamento das investigações, identificou-se a prática de condutas que podem configurar, em tese, os crimes de tráfico ilícito de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro, cuja competência é da Justiça Estadual”. Os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino acompanharam o voto de Zanin, formando a maioria para manter o caso em São Paulo.
O influenciador Renato Cariani nega as acusações. A reportagem apurou o posicionamento da defesa do empresário, que tem sido constante desde o início das denúncias:
A assessoria de comunicação de Renato Cariani falou sobre o processo em curso. “Renato Cariani nega as acusações”, afirmou a defesa.
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