
A vida, com suas curvas inesperadas, costuma testar até os mais resistentes. Para quem alcançou o auge da visibilidade, o tombo pode parecer ainda mais doloroso. Foi assim com Sérgio Luiz Pereira, artisticamente conhecido como Sergio Kato, que viu seu nome brilhar nas passarelas da moda internacional e nos créditos de filmes de Hollywood. Hoje, longe da badalação que marcou sua carreira, ele enfrenta o desafio de reconstruir a própria história em condições muito diferentes das que um dia viveu, sustentando-se com doações enquanto busca novas perspectivas para o futuro.
Nascido em 15 de julho de 1960, no Rio de Janeiro, Kato começou a moldar sua paixão pela arte ainda jovem. Sua formação teve início no tradicional teatro “O Tablado”, espaço que já revelou grandes nomes da dramaturgia brasileira desde sua fundação, em 1951. Ali, o ator aprendeu a disciplina e o rigor que o palco exige, além de desenvolver a versatilidade que mais tarde marcaria sua trajetória. Essa preparação lhe abriu portas para apresentações na casa noturna Scala Rio, onde atuava, cantava e dançava, combinando diferentes expressões artísticas em espetáculos que atraíam o público e chamavam atenção pela energia que imprimia a cada performance.
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Movido pela ambição de expandir horizontes, Kato decidiu, em 1985, partir para os Estados Unidos, apostando em uma carreira internacional. O caminho não foi simples: ele precisou aprender inglês e se adaptar a um novo cenário cultural. No entanto, sua dedicação rendeu frutos quando se formou na Escola de Teatro, Cinema e Televisão da UCLA, uma das instituições mais respeitadas do setor. O diploma abriu portas para participações em produções importantes e lhe permitiu atuar ao lado de astros como Brooke Shields, Arnold Schwarzenegger e Chuck Norris, consolidando seu nome no competitivo mercado de Hollywood.
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A estreia no cinema ocorreu com uma participação em Bete Balanço (1984), no papel de um dançarino. A partir dali, os trabalhos se diversificaram. Kato participou do longa Brenda Starr (1989), estrelado por Shields, e fez parte do universo dos filmes de ação como dublê em produções de grande repercussão, como O Predador (1987) e Braddock 2: O Início da Missão (1985). Em 1993, chegou a analisar roteiros para novas produções, incluindo Only the Strong, estrelado por Mark Dacascos, o que demonstrava o quanto estava integrado ao ambiente criativo do cinema norte-americano.

CARREIRA NAS PASSARELAS
Paralelamente à atuação, Kato construiu uma carreira sólida como modelo. Assinou contrato com uma agência em Nova York e se tornou presença frequente em campanhas de marcas de prestígio como Calvin Klein, Polo Ralph Lauren, Giorgio Armani, Dolce & Gabbana e Timex. Seu trabalho o levou a desfiles e ensaios fotográficos em grandes centros da moda, incluindo Paris, Milão e Tóquio, consolidando sua imagem como um artista multifacetado que transitava entre as telas e as passarelas. No Brasil, marcou presença na teledramaturgia com sua participação na novela A Indomada (1997), da TV Globo, interpretando o personagem Arnold, em cenas ao lado do ator José de Abreu.
REVIRAVOLTA INESPERADA
No entanto, a trajetória promissora sofreu uma reviravolta inesperada. Problemas pessoais e a perda de contratos reduziram drasticamente suas oportunidades de trabalho, levando a uma espiral de dificuldades financeiras. A situação se agravou a ponto de Kato viver nas ruas dos Estados Unidos, longe da família e sem perspectiva de retorno imediato à estabilidade. "Cheguei a ser morador de rua nos Estados Unidos, longe da minha família e sem perspectivas", relembra o ator, que hoje encara esse período como uma das fases mais desafiadoras de sua vida.
Agora, aos 64 anos, Sergio Kato está de volta ao Brasil e vive no interior de Minas Gerais, dependendo de doações enquanto tenta retomar o equilíbrio pessoal e profissional. Sua história, marcada por contrastes entre o glamour internacional e a vulnerabilidade extrema, será contada em detalhes em uma série de reportagens do Cidade Alerta, que estreou na última segunda-feira (4). A expectativa é que o relato sirva tanto como um retrato das incertezas do meio artístico quanto como um convite à reflexão sobre recomeços e superação.

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