Bob Floriano, voz marcante do rádio, morre aos 64 anos

Há vozes que não precisam de apresentação. Elas atravessam as casas, os carros, os intervalos comerciais e ficam gravadas na memória coletiva como uma trilha sonora do cotidiano. A morte de Bob Floriano, aos 64 anos, interrompeu uma dessas vozes na madrugada da última segunda-feira (4). O jornalista e locutor, diagnosticado com leucemia, deixou uma marca profunda em mais de quatro décadas de carreira, tornando-se um dos grandes nomes da comunicação brasileira. Sua partida transforma em silêncio o timbre que ajudou a definir a identidade de emissoras, programas e marcas que falaram diretamente com milhões de brasileiros.

"Hoje nos despedimos com o coração cheio de saudades de Bob Floriano (27/11/1960 – 04/08/2025), a voz que emocionou o Brasil por mais de quatro décadas", escreveu sua esposa, Viviane Faustini, em mensagem nas redes sociais. A declaração, curta e direta, resume a dimensão emocional de uma perda que não atinge apenas a família, mas também colegas de profissão e ouvintes que aprenderam a reconhecer Bob mesmo sem nunca tê-lo visto pessoalmente. A voz, afinal, sempre foi sua maior assinatura e também sua forma mais íntima de presença.

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A trajetória de Bob Floriano começou cedo, em 1980, na Rádio Cidade, uma das principais vitrines para jovens talentos do rádio no Brasil. De lá, ele expandiu horizontes e levou seu timbre característico para diferentes plataformas, sempre explorando novas linguagens e formatos. Seu trabalho como locutor em canais como Eurochannel, Discovery e E! Entertainment ajudou a popularizar conteúdos internacionais no país, tornando-os familiares ao público brasileiro. Com seu estilo elegante e comunicativo, Bob conseguia fazer a ponte entre culturas e contextos distintos, mantendo a credibilidade e o carisma que o acompanharam por toda a carreira.

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Na televisão aberta, seu rosto nem sempre estava em evidência, mas sua presença era impossível de ignorar. Entre 1998 e 2000, integrou o Fala Brasil, na Record, e mais tarde assumiu o comando do ShopTour, programa que ajudou a consolidar no imaginário popular a figura do locutor como narrador de consumo e estilo de vida. Já no rádio, firmou uma das parcerias mais duradouras e impactantes da sua trajetória: no início dos anos 2000, tornou-se a voz padrão da Rede Band FM. "Firmando identidade e presença no rádio nacional", como destacou Viviane na nota, Bob ajudou a projetar a emissora para um público mais amplo, tornando-se sinônimo de dinamismo e modernidade na comunicação radiofônica.

A VOZ DAS CASAS BAHIA

A amplitude de seu trabalho não passou despercebida. Em 2015, Bob foi entrevistado por Jô Soares, que destacou a versatilidade e a relevância de sua carreira. Na ocasião, ele revelou já ter gravado mais de 90 mil comerciais para as Casas Bahia, um número que evidencia não apenas sua produtividade, mas também a confiança que as grandes marcas depositavam em sua capacidade de comunicar e persuadir. Paralelamente à locução, encontrou tempo para compartilhar seu conhecimento por meio do livro "Quem Fala Bem, Vende Mais", no qual reuniu técnicas, experiências e reflexões sobre a importância da boa comunicação e das persuasão para o sucesso profissional.

Bob Floriano deixa duas filhas e um legado que transcende a profissão. Sua voz foi mais do que ferramenta de trabalho: foi companhia para quem ouvia rádio na madrugada, guia para quem assistia TV nos intervalos do dia, e personagem invisível que fez parte da formação cultural de milhões de brasileiros.