Samara Felippo defende mãe da criança que fez birra em avião

O assunto do momento na imprensa e nas redes sociais é o vídeo gravado em um avião onde uma mulher, mãe de uma criança, relata que outra passageira se recusou a ceder o próprio assento junto à janela para o filho dela que chorava. O assunto está na boca do povo e entre elas até famosos.

A atriz Samara Felippo decidiu se manifestar sobre a repercussão do caso envolvendo o assento na janela de um avião, amplamente discutido na internet.

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Usando suas redes sociais, Samara fez um desabafo contundente, posicionando-se em defesa de Aline, mãe da criança envolvida na polêmica com Jeniffer Castro. Aline apresentou sua versão dos fatos e pediu desculpas, afirmando que não foi responsável pela divulgação das imagens da confusão.

No sábado (7) a responsável pela exposição do caso foi identificada como Eluciana Íris Almeida Cardoso, advogada de 54 anos, residente em Belo Horizonte.

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Samara iniciou um vídeo publicado no Instagram dizendo que foi muito solicitada a comentar o caso, especialmente por ser mãe de duas meninas. "Quando as pessoas ficam me pedindo muito para falar, muitas pautas eu deixo para lá. Não sou obrigada. A gente escolhe nossas batalhas, nossas lutas, mas nesse caso, é um lugar que mexe muito comigo", afirmou. Em seguida, destacou os aspectos que a incomodaram na situação: "Queria trazer aqui pontos que me incomodam muito dessa história toda do avião: da mãe, da moça que não quis levantar e das pessoas que expuseram (o caso). Qual foi o primeiro ímpeto? Colocar a mãe no campo de linchamento. Criança mimada, mãe não põe controle, a mãe cede para tudo, a mãe é permissiva, essa criança tem que aprender a lidar com frustrações."

A atriz também abordou questões mais amplas relacionadas ao episódio: "Vou trazer uma coisa aqui rapidinho antes. Ninguém pergunta desse pai. Outra coisa, a Chimamanda Ngozi tem um livro chamado O Perigo da História Única. É exatamente isso que acontece em época de linchamento virtual. A gente escuta uma versão, a manada vai toda no fluxo e a gente destrói uma pessoa. A gente está falando de uma mãe de três filhos, um filho cadeirante. As leis da aviação aérea não foram cumpridas em relação ao assento desse cadeirante. Uma mãe de um filho de 4 anos, cansada, exausta, e outra menina de 11 anos. Essa mãe falou para o menino assim que ele pediu: ‘Não. O assento é da moça’. E ela, como mãe, teve que arcar com o escândalo, a birra dessa criança. Criança faz birra, gente. Para quem não sabe, criança faz escândalo. Criança faz a gente passar vergonha, ficar constrangida. Porque a gente não sabe como agir muitas vezes."

Samara ainda direcionou críticas à pessoa que filmou e divulgou as imagens, expondo tanto Jeniffer quanto Aline: "Ela deve ter pedido uma vez para a tal da Jennifer, que é a moça que virou celebridade. Eu não estou aqui para julgar ninguém. Aliás, estou sim. Uma pessoa: a pessoa que filmou e expôs tanto a Jennifer como essa mãe. Num país que já odeia mulheres, e potencialmente já odeia mães, e além disso, odeia crianças. Na verdade, é uma vingança em relação a isso. ‘Vamos nos vingar dessas crianças insuportáveis’. As pessoas esquecem que todos nós viemos de um ventre. São muitas camadas."

A atriz também refletiu sobre o impacto da fama repentina de Jeniffer, apontando como questões importantes acabam sendo negligenciadas em meio à viralização de histórias como essa: "Uma mulher que estava com todo o direito de não levantar do assento. E se ela está surfando na onda, vantagem para ela. Está fazendo publi, está ganhando seguidor; o que me assusta muito nesse país doente que a gente tem – duas crianças foram baleadas e uma idosa aqui no Rio de Janeiro, um cara jogado da ponte pelo policial, o outro leva 11 tiros nas costas pelo policial. Amigos meus fazem conteúdos há anos, super relevantes, falando de cultura, de política, de ativismo. Não chegam nem a 50 mil seguidores."

Por fim, Samara reafirmou seu apoio a Aline e questionou o papel de Jeniffer no desenrolar da polêmica: "Estou aqui para deixar todo o meu acolhimento para essa mãe, que tentou acalmar essa criança, que passou constrangimento dentro desse avião, que foi julgada e massacrada por toda uma rede social e a manada de gente ignorante, que escuta uma versão e vai fazer piada. Então, eu quero saber só, por exemplo, da Jennifer, se ela teria o ímpeto de ir atrás dessa mulher que dizem que é uma advogada e que comprou a briga sem ninguém pedir para ela, e começou a expor a cara da Jeniffer e, consequentemente, colocar essa mãe no campo de batalha, colocar essa mãe para ser apedrejada."

A atriz concluiu lembrando que Aline já tinha reservado um assento na janela para o filho, mas ele preferiu ficar próximo da avó. "Uma vez que ela ouviu um não, ela tentou controlar essa criança. A outra filha dela estava sentada do lado da Jennifer, nem foi ela também que filmou, não foi ninguém da família dessa mãe. A gente vive numa sociedade doente, misógina, homofóbica, racista, e eu fico muito triste por ter visto muitos amigos indo na manada e vangloriando uma mulher que simplesmente não cedeu o seu lugar para uma criança."

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