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Literatura paraense: das eternas folias de Carnaval

Leia o texto de Priscila Ferreira Bentes, feito especialmente para o DOL.

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Imagem ilustrativa da notícia Literatura paraense: das eternas folias de Carnaval camera Manuel Bandeira, Eneida de Moraes e Jorge Amado na Livraria São José em 1958. | Reprodução

Em Belém ainda é Carnaval! Para quem não sabe, os desfiles das escolas de samba da capital paraense organizados pela Fundação Cultural de Belém (Fumbel), Escolas de Samba Associadas (ESA) e Prefeitura de Belém acontecerão nos dias 23/02 e 24/02 com as agremiações do 2° e 3° grupo e nos dias 01/03 e 02/03 com as escolas do grupo especial.

Mas, muito se engana quem pensa que o Carnaval na nossa cidade se resume somente aos desfiles das escolas na Aldeia Amazônica. Belém guarda na sua história e na sua memória bailes carnavalescos que aconteciam tanto nas ruas quanto nos suntuosos salões de festa. Os bailes de carnaval eram promovidos inclusive por escritoras renomadas da nossa literatura que cultivavam a paixão pela folia: Eneida de Moraes e Olga Savary. As autoras paraenses eram assumidamente carnavalescas, e organizavam festas não só em Belém como também no Rio de Janeiro.

Eneida de Moraes era escritora, ativista política e uma figura muito influente na cena literária nacional. Em 1936, foi presa pela ditadura Vargas e dividiu cela com Olga Benário, fato esse registrado em seu livro de crônicas e também na obra “Memórias do Cárcere” de Graciliano Ramos.

Quanto ao carnaval, Eneida foi responsável pelo “Baile do Pierrot” que ocorria em Belém e no Rio de Janeiro. A autora também escreveu o livro “História do Carnaval Carioca”, obra que marca o início do olhar social, cultural e artístico para as festas carnavalescas, um marco nos estudos culturais no Brasil e referência até hoje.

Citação do Baile de Pierrot no jornal Diário Carioca: o máximo de jornal, no mínimo de espaço em 1960.
📷 Citação do Baile de Pierrot no jornal Diário Carioca: o máximo de jornal, no mínimo de espaço em 1960. |Reprodução

Poeta, crítica literária e tradutora premiada, Olga Savary foi uma figura ímpar na produção e nos estudos sobre literatura brasileira. A escritora foi a primeira mulher a publicar poemas eróticos no Brasil e foi a “mãe” do periódico O Pasquim.

Olga Savary e Affonso Romano de Sant’Anna.
📷 Olga Savary e Affonso Romano de Sant’Anna. |Reprodução
Citação do Bloco de Ipanema na revista carioca O Cruzeiro (1968)
📷 Citação do Bloco de Ipanema na revista carioca O Cruzeiro (1968) |Reprodução

Assumidamente carnavalesca, Olga organizava festas pré-carnaval no Rio de Janeiro do réveillon ao carnaval, e foi uma das fundadoras do Bloco de Ipanema (hoje, conhecido como Banda de Ipanema), um dos blocos de rua mais tradicionais da capital carioca.

Além de importantíssimos nomes para o cânone literário regional e nacional, Eneida de Moraes e Olga Savary se tornaram dois grandes marcos na história do carnaval brasileiro. O que mostra quão rico foi o papel dessas duas grandes mulheres para a nossa cultura.

Priscila Ferreira Bentes é jornalista, mestre em história e produtora de conteúdo do @pupunhaliteraria que fala sobre livros, curiosidades literárias e narrativas de Belém

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