O Dia Nacional do Livro é celebrado neste domingo (29). Em um mundo digital e com novas tecnologias, o livro ainda se configura como importante instrumento para o conhecimento. Mas nessa perspectiva, para manter essa relação presente, no tempo movido pela rapidez do consumo, tornam-se fundamentais iniciativas para o fomento da leitura e a formação de leitores.
No distrito de Icoaraci, o livro resiste a partir de iniciativas como o Chibé Literário, uma biblioteca comunitária que funciona em uma vila, com a opção de empréstimos de livros por até dois meses. O ambiente é ainda um Ponto de Cultura, onde se trabalha a memória, e as diversas linguagens artísticas enquanto direitos do cidadão.
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É o que afirma a produtora cultural Isabelle Ferreira, que está à frente do espaço. “Além da palavra e do livro, possibilitamos a exibição de filmes, a propagação cultural de forma geral. A gente tem propagado esse espaço de experimentação, no sentido de também acolher propostas, ideias e de fazer o possível para que o público tenha acesso à leitura, à música e às linguagens artísticas enquanto direito ao acesso ao livro, mas também à arte, ao cinema, ao lazer, que é promover dignidade, o bem-viver”, ressalta.
O Chibé Literário surgiu da falta que faziam os livros nesse lugar. “Ao redor, existem várias casas, mas a gente observava que o livro não era usado para o seu fim, que é a leitura e para inspirar imaginários, assim como a construção de um futuro mais coletivo. A gente surge com a possibilidade de provocar na comunidade esse interesse para que o livro seja um direito, seja acessado. A leitura deve ser um direito para a comunidade. Para explorar o livro, a leitura e a palavra, a gente propõe outras formas da multilinguagem, através das colagens, da fotografia, do bordado”, relata Isabelle.
LUGAR DE LEITORES
Pedro Gama é professor com formação em Letras. Também empresário, transformou a paixão pelos livros em empreendimento ao abrir a Travessia Livraria. Leitor de uma vida inteira, como ele se define, há um ano, ele diz que tornou um sonho realidade: a abertura da livraria - para ele, também uma busca de incentivar esse amor em outras pessoas. “A Travessia surgiu como um instrumento de combate à solidão, de leitores para leitores. Eu sempre sonhei em trabalhar numa livraria e quando eu vi as livrarias de rua fecharem as portas em Belém, eu senti que uma parte do legado da minha vida estava morrendo junto, e senti que eu precisava fazer alguma coisa. A minha alternativa para concretizar esse sonho era montar a minha própria livraria”, diz Pedro, que atua como professor há dez anos.
O lugar propõe um diferencial que ultrapassa a ideia de mercado. “Gosto de imaginar que a livraria não é mais a que vende livros apenas como se fosse o seu mercado. Gosto de pensar naquela livraria que é uma zona livre de algoritmos. Você não sabia que precisava ler aquilo até conversar com o livreiro e receber uma indicação dele”, diz Pedro Gama.
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Sobre a permanência do livro em tempos digitais, Pedro é otimista. “Eu acredito que a relação com os livros tenha mudado, mas ao mesmo tempo, eu consigo dizer que nunca vi uma geração tão interessada em ler. O Mapa da Leitura no Brasil consegue fazer um panorama maior e mais complexo. A gente percebe que, na verdade, o grande desafio no acesso ao livro no Brasil não está relacionado ao mercado, à quantidade de livrarias ou de pessoas interessadas, e sim à desigualdade social. Num país em que o salário mínimo é de R$1.320, R$59,90 passa a ser um valor bem considerável para ser investido num livro”, argumenta.
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Com a agenda bem movimentada, a livraria conta com a presença constante de escritores, editores, ilustradores e pesquisadores, numa perspectiva de contribuir para o fomento da leitura. “Os eventos da Travessia sempre acontecem no caminho de dentro para fora, então nós procuramos, com o acervo que nós temos, com os livreiros e a nossa formação, sempre a diversidade e pautas que tornam esse lugar mais interessante e uma referência cultural. Muito me alegra saber que a Travessia se transforma a cada dia num ponto de referência de encontros culturais, de diálogos sobre assuntos progressistas, que tematizam assuntos da contemporaneidade. E me alegra porque esse foi o lugar que eu sempre sonhei em frequentar”, celebra Pedro Gama.
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