Estreia na manhã de hoje, 27, o filme “Kundalini”, resultado da articulação entre dança, Tantra e psicanálise, a partir da experiência da artista, pesquisadora e professora Ana Flávia Mendes. “O roteiro tem inspiração na minha própria travessia psicanalítica e se vale dos meus lutos, reais e simbólicos, para pensar sobre a natureza de vida-morte-vida do corpo e de como, nesta travessia, estamos sempre nos transformando, nos reinventando”, explica Ana Flávia. O filme será disponibilizado em plataforma digital de forma gratuita, com o link a partir do instagram do projeto (@projetokundalini)
O trabalho faz parte de um projeto de pesquisa e extensão realizado pela Universidade Federal do Pará (UFPA), contemplado com o Prêmio de Arte e Cultura da Pró-reitoria de Extensão da instituição. “No processo de criação passamos por várias etapas e pela produção de alguns atos poéticos que, embora tenham sua autonomia como obras de arte, se encontram na realização do filme”, destaca Ana Flávia.
O filme tem direção de fotografia de Edielson Shinohara e trilha sonora original composta por Lucas Alberto, além de um texto dramatúrgico escrito por Ana Flávia em parceria com o ator e dramaturgo Lucas Alberto. “Há um ensaio fotográfico assinado por Danielle Cascaes, além dos objetos de cena criados pelo arquiteto e cenógrafo Tarik Coelho. Minha atuação foi trabalhada a partir de laboratórios de improvisação em dança dirigidos por Caroline Castelo e a visualidade, maquiagem e figurino foram construídas em parceria com Iam Vasconcelos”, conta Ana Flávia, que no decorrer do trabalho foi acompanhada também pela atriz e diretora Wlad Lima, em sua Clínica do Sensível.
“Foi o lugar em que puder aproximar minhas experiências em dança, tantra e psicanálise voltadas para a produção poética”, acrescenta ela.
Segundo Ana Flávia, a palavra “kundalini”, que dá título ao filme, de origem indiana, remete à energia sexual-vital-criativa. E a mesma segue a perspectiva do tantra, que a aborda a partir da imagem-força de uma serpente, a qual, mobilizada por práticas tântricas, conecta os chacras do corpo humano, ascendendo e manifestando-se como uma espécie de iluminação para o ser humano.
“Interessa-me pensar sobre esse aspecto transcendental da fisicalidade, motivo pelo qual lanço mão das chamadas meditações dinâmicas no intuito de ativar a energia kundalini. Articulo este conhecimento à técnica da associação livre da psicanálise, a partir da qual o sujeito se dispõe a falar livremente, sem uma elaboração prévia em seu discurso, e pratico uma dança livre, improvisada, sem compromisso com padrões de movimento legitimados como dança”, pontua Ana Fávia.
EXPERIMENTAL
O filme foi gravado em estúdio e se caracteriza pela investigação de uma linguagem experimental, sem a pretensão de se enquadrar em padrões previamente estruturados no âmbito do cinema e audiovisual. “Esses agenciamentos são a maneira de como atualmente venho trabalhando a práxis de dança a que me dedico desde 2005, quando iniciei meus estudos de doutorado em artes cênicas. Chamo esta práxis de ‘dança imanente’, partindo do princípio de que todo corpo pode dançar e qualquer coisa pode vir a ser dança”, finaliza Ana Flávia.
SAIBA MAIS
QUEM É A ARTISTA
Ana Flávia Mendes é artista-professora-pesquisadora, doutora e mestra em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pós-doutora em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). É professora efetiva da Universidade Federal do Pará (Instituto de Ciências da Arte/ Escola de Teatro e Dança/ Programa de Pós-graduação em Artes).
Autora dos livros “Gesto Transfigurado”, “Dança Imanente” e “A dança imanente no ensino e criação em artes cênicas”.
É fundadora e diretora artística da Companhia Moderno de Dança, para a qual dirigiu e encenou, até então, 12 espetáculos.
Veja: “Kundalini”, de Ana Flávia Mendes
Quando: A partir de hoje
Onde: link a partir do Instagram @projetokundalini
Quanto: acesso gratuito
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