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Gilberto Braga lançou moda com meia de lurex e até coleira

Personagens das novelas de Gilberto Braga foram moda nas ruas do Brasil

Imagem ilustrativa da notícia Gilberto
Braga lançou moda com meia de lurex e até coleira camera Meias de lurex com sandália: a cara de Dancin' Days e de uma geração | Reprodução

Quando a moda era mato, o país já tinha Gilberto Braga. Não havia nem passarela brasileira, mas "Pátria Minha", de 1994, se esforçou para reproduzir uma com o ajambrado minimalismo de Calvin Klein muito em voga naquela época.

Antes dela, o autor, morto aos 75 anos nesta terça (26), conduziu o rebranding do Rio de Janeiro em "Água Viva", de 1980, fundando com Manoel Carlos a estética Leblon chique enquanto alfinetava conservadores com cenas de topless. E, quando nem se falava em merchandising, meteu sandálias de plástico e lurex nos pés de Sônia Braga, transformando "Dancin' Days", de 1978 -e, soubemos depois, a Melissa-, em fenômeno.

Dos lugares-comuns que permeiam a história da moda no Brasil, boa parte do crédito da ideia de que as novelas moldaram o estilo nacional no século 20 é compartilhado por ele e duas figurinistas definitivas em sua trajetória -Marília Carneiro (de "Brilhante", "Celebridade" e "Dancin'") e Helena Gastal (de "Vale Tudo", "Paraíso Tropical" e "Água Viva").

Tão importantes quanto a narrativa e o modo como seus personagens reproduziram os estereótipos das elites e do proletariado, as roupas serviam como espécie de extensão das histórias. Se o trabalho de caracterização parece mais vistoso quando se reconstrói o passado em novelas de época, o autor mudou o estratagema quando o guarda-roupa passou a virar notícia e modismo.

"Mesmo que, de vez em quando, brigássemos, adorávamos um ao outro. Lembro de Gilberto dizer que pensava ter feito uma novela sobre duas irmãs ['Dancin' Days'], mas havia acabado fazendo uma sobre um par de meias", lembra Carneiro, sobre a história que mudou sua carreira e impôs o colorido das discotecas como a última moda no Brasil do final da década de 1970.

A história de Julia, papel de Sônia Braga, e Iolanda, vivida por Joana Fomm, impactou o país de tal forma que detonou nas ruas a transição dos anos 1970 para os 1980. Os cabelos volumosos da personagem principal, Carneiro diz, foram uma pedra no sapato e uma "decepção" para Gilberto Braga, "que queria uma Rita Hayworth", mas concordou e, sem saber, inaugurou, 
o novo estilo da década.

A inspiração nos jeans Fiorucci, sucesso no exterior e trazidos ao Brasil pela empresária Gloria Kalil, impulsionou a cara da juventude oitentista do lado de cá.

Avesso às amarras do pudor e crítico da imagem engessada, independentemente da época de suas novelas, apostava na dualidade de estilo das vilãs e mocinhas.

Uma de suas vilãs, Odete Roitman, reproduziu a nobreza pútrida em colares de pérolas, ombreiras voluptuosas e um senso de elegância em tecido de tweed que se tornaria estereótipo.

Que ele mesmo quebrou, lembremos, quando pôs a vilã Laura, a "cachorra" de "Celebridade", trajada com lencinhos no pescoço e um guarda-roupa minimal em tons off-white. Cobrir os lobos com peles de cordeiro era uma de suas especialidades.

A coleirinha de Laura, de Celebridade
📷 A coleirinha de Laura, de Celebridade |Reprodução

A coleirinha usada por Cláudia Abreu, Carneiro explica, auxiliava o texto desinibido e o pendor sadomasoquista da relação com Marcos, vivido por Márcio Garcia. Era um elemento da interação sexual entre os personagens, que rapidamente ganhou corpo nas cenas e, também, o gosto das ruas.

Maria Clara Diniz | Explore Tumblr Posts and Blogs | Tumgir

Os terninhos brancos de Maria Clara, de Celebridade

Saíram daí também as minissaias de Darlene, vivida por Deborah Secco, cujo guarda-roupa fundou a periguete dos anos 2000 e pôs a Miss Sixty e os conjuntos sensuais de cintura baixa em voga. Não haveria Tom Ford com sua Gucci hipersexualizada que fosse páreo para um personagem braguiano.

Darlene, com D de Dar, de Celebridade
📷 Darlene, com D de Dar, de Celebridade |Reprodução

O look seria atualizado poucos anos depois em "Paraíso Tropical", de 2007, na qual Bebel, construída por Camila Pitanga, jogou os metalizados, as botas de cano alto e o visual hoje do funk carioca no gosto das festeiras.

O look de "catigurua" de Bebel
📷 O look de "catigurua" de Bebel |Reprodução

A bandana de Vera Fischer em "Brilhante", de 1981, os cortes "long bob" que volta e meia adornam a dramaturgia -aquele ondulado Gisele, só que na altura do pescoço-, o look angelical rebelde de "Anos Dourados", de 1986, e o tipo vilã da alta-costura de Glória Pires em "Babilônia", em 2015, são outras linhas da contribuição do autor no vaivém de estilos do país.

O cabelo de Vera Fischer, em Brilhante, que foi polêmico
📷 O cabelo de Vera Fischer, em Brilhante, que foi polêmico |Reprodução

Tudo isso está aí como prova que, antes dele, era mesmo tudo meio mato e, depois dele, surgiu uma passarela inteira de criações copiadas e revistas até os dias de hoje.

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