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LITERATURA

Coluna de Priscila Zoghbi: "Descortinando Louise Gluck"

Confira a coluna de Priscila Zoghbi desta quinta-feira (8).

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Imagem ilustrativa da notícia Coluna de Priscila Zoghbi: "Descortinando Louise Gluck" camera Divulgação

Para muitos brasileiros – inclusive para mim – foi uma surpresa escutar o nome da americana nova-iorquina Louise Gluck como vencedora do Prêmio Nobel de Literatura do ano passado. E, acredite, não é por falta de talento da autora, mas sobre isso falaremos mais adiante...

Apesar de já ter escutado referências ao seu nome, não havia lido nada de Louise. Uma das razões do pouco conhecimento do seu nome aqui no Brasil se deve ao fato de que as obras da autora não tinham sido traduzidas ao português – até então.

A editora Companhia das Letras trouxe ao Brasil uma coletânea de suas três últimas obras (“Averno”, “A Village Life” e “Faithful and Virtuous Night”) em um único livro “Louise Gluck – Poemas 2006-2014”. A tradução da obra deve-se ao trabalho conjunto de três mulheres talentosíssimas: Heloisa Jahn, Bruna Beber e Marília Garcia. Aqui vale destacar ainda o cuidado da editora ao escolher minuciosamente tradutoras-escritoras: definitivamente, traduzir a obra de Louise é um trabalho no mínimo desafiador.

É inquestionável também o quanto o trabalho de um tradutor é árduo, principalmente quando se trata de poemas. Como dito, é indiscutível o sucesso da tradução já que consegue nos trazer a voz tão específica da autora. No entanto, a escolha da Companhia das Letras em trazer uma edição bilíngue enriqueceu ainda mais a leitura: podemos nos desviar da trava linguística, ler em português, ao mesmo tempo, para quem já possui conhecimento prévio, nos aventurar pela língua inglesa e nos arriscar – e riscar – em outras interpretações.

Depois de ler as primeiras páginas, já me percebi encantada. Louise tem uma espécie de encantamento próprio, que nos seduz pela forma assertiva e pelo tom contemporâneo de seus poemas. Não é à toa que, antes de ser laureada com o Prêmio Nobel de Literatura, a autora tenha ganho diversos outros como o Prêmio Pulitzer, o National Book Critics Circle Award, o Prêmio Nacional do Livro, entre tantos outros.

O talento de Louise Gluck está longe de ser completamente entendido, ainda mais descrito. Me atrevo apenas a mencionar que o corpo dos poemas nos provoca inquietações extremamente contemporâneas, como isolamento, solidão. Ao mesmo tempo em que nos mostra que exatamente essas inquietações possuem raízes muito profundas: é nesse momento que sua poesia bebe dos mitos gregos, como fica claro em “Perséfone, a Andarilha” ou “Um Mito de Inocência”. Sem dúvidas essa é uma obra para se ter na cabeceira, sempre ao alcance da mão: um livro para ser (re) lido diversas vezes.

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