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ARQUEÓLOGO DE MEMÓRIAS

Exposição 'Alegoria' ganha registro virtual e já está disponível na web 

Resquícios da azulezaria que Belém vem perdendo permeiam obras de nova individual de Geraldo Teixeira

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Imagem ilustrativa da notícia Exposição 'Alegoria' ganha registro virtual e já está disponível na web  camera s pinturas em técnica mista de “Alegoria” serão apresentadas apenas em registro visual, já que mostra presencial foi cancelada por causa da pandemia. | Reprodução

Alegoria”, nova exposição do artista plástico Geraldo Teixeira, ganha registro virtual e pode ser acessada pelos internautas a partir de hoje, pelo Instagram e Facebook do artista. A exposição, que a priori estava prevista para ser aberta no dia 12 de março, no Espaço Cultural Lourdes Malcher (Gama Malcher Advocacia), foi adiada por conta da pandemia de Covid-19.

“Em virtude da pandemia ela não aconteceu e não vai mais acontecer este ano. Por isso decidimos fazer este registro virtual. Tive duas exposições canceladas em função desta pandemia. E agora estamos nos acostumando a trabalhar no mundo virtual, mas sem perder o foco no tempo presencial. Agora já estou voltando a trabalhar no atelier, mas fiquei muito tempo desta quarentena trabalhando em casa”, explica Geraldo.

Com curadoria de Pablo Mufarrej, a exposição é composta por sete trabalhos inéditos que foram concebidos pelo artista entre 2018 e 2020. Dois deles são “Nimphaea 1.” e “Ponte”, em técnica mista.

“O que me interessa é o que a cidade me oferece de provocação nos seus aspectos, a partir de ladrilhos, as cicatrizes que existem na cidade. Então, essas cicatrizes estão aí para me provocar e, a partir daí, colocar isso no meu trabalho. Por exemplo, a nossa ignorância em relação aos nossos bens culturais, digo ignorância enquanto sociedade, sobre a destruição quase que em massa de todo a azulejaria europeia que existia no Pará e especificamente em Belém. Ela está toda perdida e dificilmente teremos acesso novamente, mesmo em maneira de restauração - dificilmente teremos alguém que pense nisso como uma necessidade para uma sociedade -, então vamos perdendo tudo”, lamenta.

Sobre as obras, Pablo Mufarrej resumiu, em live que apresentou a exposição: “Ele cria de uma maneira muito interessante uma fusão entre a tradição da azulejaria e a referência dos azulejos mais populares, periféricos, com uma relação de contraste muito grande”, diz.

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Com mais de 40 anos de atividades e reconhecida trajetória no panorama das artes - foi um dos fundadores da Associação dos Artistas Plásticos do Pará -, Geraldo Teixeira tem a memória sempre como um atravessamento em sua obra. “Meu trabalho se calca muito nisso, se baseia nessas perdas, por isso que a arqueologia é um fato importante na minha obra, porque é dela que vou buscar toda a história que existe por trás dessa perda, esse buraco e silêncio que existem em relação a bens culturais na nossa cidade. Isso só para contar em bens culturais; bem humanos, a gente perde com mais facilidade ainda”, diz Geraldo Teixeira.

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