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GERSON NOGUEIRA

Mundial de Clubes no Marrocos inspira pachequismo

Em termos de comparação entre os times favoritos para o título, se o Flamengo não é tão forte quanto há três anos, o Real também não é o mesmo de um ano atrás.

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Imagem ilustrativa da notícia Mundial de Clubes no Marrocos inspira pachequismo camera Karin Benzema | Reprodução

É quase patética a preocupação da mídia esportiva do Sudeste em relação a detalhes sobre o estado físico de jogadores do Real Madrid e até mesmo com a programação de jogos do clube merengue nas próximas semanas. Tudo isso em nome de um pachequismo explícito, justificado pela carência de títulos mundiais da Seleção Brasileira – há 20 anos sem ganhar a Copa do Mundo. Essa circunstância conduz naturalmente à expectativa pela campanha do Flamengo no Mundial de Clubes.

A cobertura do embarque do time rubro-negro ontem à noite, no Rio, para um voo até Casablanca, no Marrocos, cumpriu meticuloso ritual, que envolveu a filmagem de todo o trajeto do ônibus em direção ao aeroporto. Nem a Seleção de Tite mereceu tal honraria a caminho da Copa do Qatar.

O fato é que há um clima generalizado – e sempre perigoso – de oba-oba mal disfarçado. Mesmo com o reconhecimento de que o atual Flamengo não tem a qualidade técnica e nem a consistência tática do time de 2019, treinado por Jorge Jesus, a torcida se mantém inabalável. Naquele mundial, o Flamengo teve o Liverpool pela frente e conseguiu sustentar um confronto equilibrado, desfrutando até de algumas chances.

Desta vez, o provável adversário na final é o Real Madrid, que já conquistou por sete vezes o Mundial de Clubes e é o maior papão de títulos do planeta. A filosofia do clube, desde sua criação, é a de vencer todas as competições possíveis. Por isso, não existe a menor possibilidade de ver um Real mesclado nos jogos do torneio.

Éder Militão e Benzema saíram do jogo de ontem, pelo certame espanhol, com lesões de níveis diferentes. Com incômodo muscular, o zagueiro brasileiro será poupado diante do Mallorca, no próximo domingo. O problema com Benzema aparentemente não preocupa.

Na caminhada rumo à decisão tão sonhada, o Flamengo terá pela frente o vencedor de Al-Hilal e Wydad Casablanca, campeão marroquino. A lógica indica que o melhor adversário para os rubro-negros seria o time saudita, pois a torcida da casa é famosa pela intensidade de sua participação. A recente presença na Copa do Mundo confirma isso. Fiquei impressionado ao ver que a gritaria e as vaias interferem no andamento do jogo.

Em termos de comparação entre os times favoritos para o título, se o Flamengo não é tão forte quanto há três anos, o Real também não é o mesmo de um ano atrás. Até o ataque avassalador, que tinha a trinca Rodrygo-Benzema-Vinícius, não mostra a mesma letalidade.

Carlo Ancelotti tem utilizado Rodrygo sempre como jogador de segundo tempo e ele mantém a eficiência para mudar o panorama de jogos, que Tite não conseguiu extrair na Copa. Mesmo aparentemente mais cansado, o Real tem vários outros atletas de primeiríssima linha – Courtois, Modric, Kroos, Camavinga, Rudiguer, Tchouaméni, Asensio...

Ontem, diante do Valencia, no Santiago Bernabéu, mostrou competência para superar o adversário, metendo por 2 a 0. Vinícius Jr., que comemorava o 200º jogo com a camisa do Real, fez um dos gols e levou uma sarrafada do zagueiro Gabriel Paulista, que foi expulso em seguida.

No Fla, há a ausência sempre lamentada de Bruno Henrique, peça de destaque na equipe de 2019. Em seu lugar, Vítor Pereira tem hoje o centroavante Pedro (à esq.), jogando quase sempre em dupla com Gabriel Barbosa. Arrascaeta e Everton Ribeiro são os responsáveis pela criação. A zaga, porém, inspira cuidados e desperta apreensões.

Intervenção impõe papel humilhante ao TJD

A comunicação oficial sobre a intervenção no TJD, assinada pelo presidente do STJD, Otávio Noronha, chegou finalmente ontem. Os termos são duros e até certo ponto humilhantes para a corte desportiva paraense. A partir de agora, todos os documentos que passem pela análise do tribunal terão que ser remetidos à corte superior, onde uma comissão extraordinária fará o pente-fino e só então irá deliberar a respeito.

A punição imposta ao TJD pelo episódio envolvendo o Paragominas transforma o tribunal em mero balcão de recebimento de papéis, sem qualquer autonomia ou poder decisório. A essa altura, a saída mais digna talvez fosse a renúncia coletiva dos integrantes do tribunal paraense.

Velha Senhora está metida em bronca outra vez

A Juventus, potência do futebol italiano, volta a ser investigada por possíveis irregularidades em contratações de atletas e ações ilegais no mercado de ações. Um dos truques era utilizar um esquema de maquiagem de valores para dourar balanços financeiros e, com isso, preservar sua licença para continuar na Série A.

O jornal Corriere dello Sport informou ontem que a Procuradoria da Federação Italiana de Futebol (Figc) apura o caso e não afasta a hipótese de punir o clube com a perda de 20 pontos na classificação do campeonato.

Foram mais de 60 transferências realizadas pela Juve de forma suspeita entre 2018 e 2021, agora sob análise da Comissão Supervisora da Série A.

O problema parecia resolvido quando o processo foi encerrado em abril do ano passado, mas surgiram novos indícios de maracutaia e o caso foi imediatamente retomado. Caso perca 20 pontos, será mais uma punição sofrida pelo clube por causa do escândalo.

Antes, a Velha Senhora perdeu 15 pontos devido a fraudes fiscais na aquisição de jogadores. Dez dirigentes e ex-gestores também foram afastados. A punição fez a Juve despencar da 3ª para a 10ª colocação – no momento, o time está na 13ª posição. Uma nova sanção levará ao rebaixamento de uma das mais tradicionais equipes da Itália.

Não seria a primeira vez. Em 2006, o clube foi flagrado operando um complexo esquema de favorecimento – pressão, ameaça e suborno a árbitros – que existia desde 2004. Como castigo, a Juve foi rebaixada e ainda teve dois títulos nacionais cassados pela Justiça.

A lição pelo visto não foi assimilada. Aliás, sobre esse primeiro escândalo, há um documentário no Netflix que detalha os meandros do esquema de corrupção desvendado em 2006.

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