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ANÁLISE

Gerson Nogueira: negacionismo da vacina emerge no futebol

Veja estes e outros destaques na coluna de Gerson Nogueira deste domingo (12).

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Imagem ilustrativa da notícia Gerson Nogueira: negacionismo da vacina emerge no futebol camera Bolsonarista, o presidente do Atlético-GO que tirou máscara de jornalista está entre os destaques da coluna de Gerson Nogueira. | Reprodução

Entre a penúria e o delírio

Atlético-MG, Palmeiras, Flamengo. A trindade abastada do futebol brasileiro. Alguns tolos enxergam no poderio econômico do trio um sinal de supremacia sobre os demais países do continente. Bobagem. O Brasil sobra na América do Sul desde a década de 1980 no contexto dos clubes. Em seleções, o predomínio é muito mais antigo.

O problema não são os vizinhos, mas a realidade do futebol aqui praticado. Distanciados dos demais 12 clubes da chamada elite nacional por uma montanha de dinheiro, os três maiorais assumiram o protagonismo, montando times caros e ganhando todos os principais campeonatos.

Seria absolutamente lindo se isso correspondesse ao estado geral do futebol no país. Na verdade, a condição financeira privilegiada é algo incomum até. Os outros clubes, salvo três exceções (São Paulo, Grêmio e Atlético-PR), encontram-se a léguas de distância da bonança.

Os dez restantes vivem conforme Deus permite, vendendo almoço para comprar a janta, dando seus pulos e fazendo negócios miúdos para tentar sobreviver. Por isso mesmo, quando se encerra um Campeonato Brasileiro, há sempre uma ponta de ironia solta no ar.

Os campeões têm muito a comemorar, é claro; bem como os times que entram direto na Libertadores ou se preparam para decidir a Copa do Brasil. O resto da tropa fica chupando dedo, contentando-se com as migalhas que caem do banquete.

Sim, o leitor amigo há de argumentar que a vida é assim mesmo, coisa e lousa. É quase verdade a frase clássica de Nizan Guanaes: enquanto uns choram, outros vendem lenço. Nos países onde a organização do futebol foi bem discutida e estruturada, buscando tornar justa e igualitária a partilha do bolo, ninguém precisa chorar.

Mesmo na Espanha, onde Real Madri e Barcelona concentram recursos e privilégios, os demais clubes não vivem desamparados. Na Premier League inglesa, todos são bem aquinhoados. Óbvio que os gigantes faturam mais, sem deixar que os medianos e emergentes fiquem à míngua.

No Brasil, desigual desde que Cabral aqui aportou, o futebol acentua fossos socioeconômicos e os recursos distribuídos pela TV só refletem isso. A cada ano, a disparidade aumenta enquanto especialistas nem tão isentos arranjam teorias para justificar supostos méritos dos maiorais.

Ninguém se debruça sobre as bases que escoram o cenário de ilusões em torno dos afortunados. O Atlético-MG é sustentado por um mecenas, como o Cruzeiro já foi um dia – hoje está às portas da ruína. O Palmeiras não fica atrás: é bancado por uma financeira, não se sabe até quando. O Flamengo tem contas que não fecham, mas que são respaldadas por elogios derramados a uma gestão (Bandeira de Melo) que deixou muitos furos.

O fato é que o mundo do futebol vive entre o delírio dos que se encantam com números faustosos e a penúria dos que ralam na esperança de dias melhores. Um dia a conta vai chegar.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda o programa, a partir das 19h15, na RBATV, com participações de Mariana Malato e deste escriba de Baião. Em pauta, a final da Copa Verde e os preparativos para o Parazão 2022.

Os (maus) exemplos que criam raízes

Na quinta-feira à noite, ao comemorar a excelente campanha do Atlético-GO na Série A e a vitória sobre o Flamengo, o presidente do clube deixou escancarar todo o negacionismo de uma casta que adora se orgulhar da própria burrice. Arrancou a máscara do repórter Juliano Moreira, da Rádio BandNews – que permitiu a palhaçada –, e disse na entrevista que não usa a proteção por ser bolsonarista. Está mais do que explicado.

Detalhe: o cartola negacionista teve covid, foi internado, passou maus pedaços e mesmo assim segue militando contra a prevenção. Veja o vídeo:

Precisamos falar de The Beatles: Get Back

Os leitores deste espaço sabem da umbilical conexão com o rock. Por conta disso, tomo a liberdade de abrir uma janelinha aqui para falar do documentário The Beatles Get Back (Disney+), montado e editado pelo neozelandês Peter Jackson. O diretor se debruçou por mais de 60 horas de áudio e vídeo do filme originalmente chamado de Let It Be.

As imagens captadas pelas câmeras de Lindsay-Hogg expõem a convivência da maior banda de todos os tempos num estúdio fechado, entregues aos próprios conflitos e demônios. John, Paul, Ringo e George ficaram expostos a suas diferenças. A história dos Beatles é bem conhecida da maioria, mas o documentário esclarece muita coisa.

Jackson, um beatlemaníaco empedernido, teve o cuidado de fazer uma introdução descrevendo o que eram os Beatles em janeiro de 1969. Nos três episódios emocionantes, está a chave do mistério da morte da banda.

Mas há muita vida nas imagens e sons. A sequência infernal de álbuns iniciada por Rubber Soul e encerrada com Abbey Road está toda retratada nos ensaios e criações ali nos estúdios. É possível ver Paul criando Get Back na frente dos companheiros. Aliás, Macca sai consagrado.

Naqueles dias tempestuosos ele era o dínamo. John, líder do grupo, aparece um pouco desligado, macambúzio e irritadiço, além de muito menos produtivo que o parceiro.

O trabalho visto ali devia ser uma espécie de obra obrigatória para todos os artistas realmente comprometidos com seu ofício. Como no futebol, o talento vem junto com inspiração, mas é preciso suar bastante para alcançar os objetivos. Fica claro que as relações conflituosas, comuns a todo agrupamento humano, não podem impedir que se alcance os resultados pretendidos. Os Beatles conseguiram. Gênios.

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