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DIA MUNDIAL DE CONSCIENTIZAÇÃO

Por que os diagnósticos de autismo estão aumentando tanto?

Os dados científicos mais recentes apontam uma prevalência de 27,6 casos do transtorno a cada mil crianças de até oito anos (o que permite chegar à proporção de 1 para 36).

Imagem ilustrativa da notícia Por que os diagnósticos de autismo estão aumentando tanto? camera Os dados científicos mais recentes apontam uma prevalência de 27,6 casos do transtorno a cada mil crianças de até oito anos | Reprodução

Neste domingo, dia 2 de abril, é celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A data foi definida em 2007 pela Organização das Nações Unidas. É um dia importante, uma vez que muitas pessoas desconhecem o que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Compreender o que é o Autismo é um ponto para o fim do preconceito e da discriminação que cercam as pessoas com TEA, as quais apresentam apenas uma forma diferente de agir e encarar o mundo.

O que é Autismo?

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma alteração no desenvolvimento neurológico que se inicia na infância sendo caracterizado por dificuldades de comunicação e padrões de comportamentos, interesses e atividades que tendem a ser restritos e repetitivos.

Pessoas com Autismo tendem a manter pouco contato visual ao conversar e ter dificuldade para interagir ou compreender gestos, por exemplo. Além disso, também podem se interessar excessivamente por temas específicos ou apresentar dificuldade para se adaptar às mudanças na rotina.

Em caso de suspeita de Autismo, é importante consultar um pediatra ou neuropediatra, para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento apropriado, que pode melhorar a qualidade de vida da pessoa e ajudar no desenvolvimento da autonomia.

E os números mostram que a detecção desse transtorno do desenvolvimento, marcado por dificuldades de comunicação, comportamentos repetitivos e interesses restritos, está em franco crescimento.

Uma pesquisa recém-publicada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos revela que 1 a cada 36 crianças americanas com menos de 8 anos têm autismo.

Este trabalho, que é repetido a cada dois anos, revela uma tendência sólida de aumento nos casos: na edição anterior do levantamento, a taxa estava em 1 caso a cada 44 meninos e meninas.

Para ter ideia, no ano 2000, a prevalência era de 1 em 150 — e nos estudos preliminares da área, realizados ainda nos anos 1960, esse número era estimado em 1 a cada 2,5 mil.

Mas, afinal, por que o diagnóstico de casos de autismo cresce tanto? Embora não existam respostas definitivas para essa pergunta, especialistas suspeitam que a maior conscientização sobre o tema seja a principal explicação para o fenômeno.

O que diz a pesquisa

O artigo do CDC avalia os diagnósticos de autismo em diversos centros de saúde, espalhados por 11 Estados americanos.

Os dados mais recentes apontam uma prevalência de 27,6 casos do transtorno a cada mil crianças de até oito anos (o que permite chegar à proporção de 1 para 36).

Dentro do espectro autista, são identificados graus que podem ser leves e com total independência
📷 Dentro do espectro autista, são identificados graus que podem ser leves e com total independência |Freepik/Banco de Imagens

O trabalho ainda mostra que o autismo é 3,8 vezes mais frequente em meninos — cerca de 4% deles têm a condição.

Porém, as estatísticas também estão subindo entre o público feminino. Este foi o primeiro ano em que a porcentagem de meninas com autismo superou a casa de 1%.

Outro ineditismo observado no levantamento deste ano tem a ver com a raça: a prevalência do transtorno foi mais baixa em brancos quando comparada a de outros grupos, como negros e hispânicos, uma reversão da tendência histórica.

E essa não é a única evidência que aponta para uma ascensão dos diagnósticos de autismo: pesquisadores da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, estimaram em 2021 que 1 a cada 57 crianças britânicas tem o quadro, número que é significativamente maior ao registrado anteriormente no país.

Infelizmente, não existem estatísticas oficiais ou trabalhos epidemiológicos do tipo realizados no Brasil.

“Estudos como o do CDC são muito importantes para pensarmos em políticas públicas específicas para esses indivíduos”, analisa a neuropsicóloga Joana Portolese, coordenadora do Programa de Transtornos do Espectro Autista do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas de São Paulo.

O que causa o autismo?

O autismo está naquele grupo de doenças cuja origem é complexa e multifacetada.

Entre os especialistas, não há dúvidas de que a genética tem influência nesse quadro.

“Mas não existe um único gene responsável pelo autismo. São alterações em diferentes trechos do DNA que podem levar ao desenvolvimento do transtorno”, pontua Portolese.

Mas as mudanças no genoma não conseguem explicar 100% dos casos. É aí que entram os fatores ambientais, principalmente aqueles que acontecem durante os nove meses de gestação.

Por exemplo: filhos de pais ou mães mais velhos, que já passaram dos 35 anos no momento da concepção, têm um risco maior de apresentar o distúrbio.

“Além disso, questões como estresse, sobrepeso, diabete gestacional e hipertensão durante a gravidez são outros fatores de risco”, acrescenta a especialista do IPq.

Portolese lembra que autismo não é algo que se adquire: a pessoa já nasce com o transtorno e, desde os primeiros meses de vida, apresenta padrões que podem levantar a suspeita e a necessidade de uma avaliação médica.

“A forma como o olhar se estabelece, a compreensão do mundo social, de entender o que a mãe e as pessoas ao redor estão querendo dizer, a expressão dos sentimentos… Tudo isso pode ser diferente”, descreve.

PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS DO AUTISMO

Os principais sinais e sintomas de autismo são:

1- Dificuldade na interação social, mantendo pouco contato visual, expressão facial ou gestos, ter dificuldade em fazer amigos, e em expressar ideias e emoções;

2 - Prejuízo na comunicação, como ter dificuldade em iniciar ou manter uma conversa, compreender o ponto de vista de outras pessoas, entender figuras de linguagem, humor ou sarcasmo, manter um tom de voz monótona (parecendo um robô), ou deixar de responder, ou demorar a responder quando chamado;

3 - Alterações comportamentais, como não brincar de faz de conta, ficar aborrecido com pequenas mudanças na rotina ou ter muito interesse por temas e objetos específicos, como a asa de um avião ou números;

4 - Comportamentos repetitivos, como ficar sentado balançando o corpo para frente e para trás com frequência e repetir várias vezes algumas palavras ou frases.

5 - Geralmente, os sintomas do Autismo prejudicam a pessoa no seu relacionamento com outras e podem afetar o desenvolvimento da sua autonomia. Entretanto, algumas vezes, os sinais também podem ser tão leves que acabam passando despercebidos.

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