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VÍTIMAS DA GUERRA

Refugiados da Ucrânia chegam em Minas e comovem brasileiros

A chegada do grupo —o terceiro desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro— foi viabilizada pela Global Kingdom Partnership Network, organização presente em mais de cem países.

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Imagem ilustrativa da notícia Refugiados da Ucrânia chegam em Minas e comovem brasileiros camera | Divulgação/Igreja Batista

Ao sair pela porta de desembarque do aeroporto de Confins, neste sábado (30), um grupo de 13 refugiados ucranianos se deparou com faixas com a mensagem "estamos com a Ucrânia" e ouviu pessoas gritarem "Laskavo Procimo", bem-vindo. A saudação foi recebida com lágrimas, em uma recepção emocionada.

Sem falar português ou inglês, Vira Uhnich, 40, disse em russo que a decisão de vir ao Brasil foi difícil, devido à distância, acrescentando que a vontade inicial era ir para a Polônia, país que mais tem recebido os que fogem da guerra. Uhnich saiu de Kremenchuk, no centro da Ucrânia, com o filho de 12 anos.

Ian Illichov, 51, por sua vez, veio com três rebentos, de 8, 4 e 2 anos, e a esposa. Olena Zibrova, 66, a mais velha do grupo, emocionou-se com a recepção dos brasileiros, sorrindo a cada "bem-vindo" recebido.

A chegada do grupo de ucranianos —o terceiro desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro— foi viabilizada pela GKPN (Global Kingdom Partnership Network), organização de missionários e empresários cristãos presente em mais de cem países. Ao todo, a iniciativa quer acolher 2.500 refugiados no mundo.

Segundo a Polícia Federal, até terça (26), 112 estrangeiros já entraram no Brasil fugindo do conflito na Europa. O acolhimento dessas pessoas foi facilitado por uma portaria do governo federal editada no início de março que garantiu aos deslocados pela guerra a concessão de visto temporário e autorização de residência no país. O órgão não faz estimativas de quantos refugiados podem desembarcar no Brasil.

Em Belo Horizonte, o grupo recém-chegado será recebido pela Igreja Batista Central, que durante um ano custeará a estadia das famílias em unidades habitacionais, além de garantir alimentação, curso de português e escolas para as crianças. O mesmo ocorre com as famílias ucranianas que chegaram ao país anteriormente e que estão vivendo em Curitiba e em São José dos Campos.

"A causa do imigrante é muito sensível, Deus falou para cuidarmos do estrangeiro. Então, quando vimos a guerra da Ucrânia, decidimos dar apoio integral a essas pessoas", afirma o pastor Paulo Mazoni, principal coordenador da recepção aos refugiados na capital de Minas Gerais. Segundo ele, na próxima semana chegarão à cidade mais 15 ucranianos –a igreja ajuda, ao todo, 50 pessoas que vieram do país europeu.

Os refugiados que desembarcaram em Confins neste sábado carregavam malas pequenas, num sinal de que deixaram na Ucrânia a maioria de seus pertences. "Eles chegam com a roupa do corpo, então vão para o hotel agora, e disponibilizaremos roupas. Montamos uma loja linda com roupas de vários tamanhos."

No domingo (1º), a expectativa é a de que os ucranianos sejam levados pela manhã para a igreja, onde serão recepcionados em um culto. Entre as cerca de 50 pessoas que acompanhavam o desembarque do grupo estava Vitalli Afanasiev, ucraniano da região de Donetsk e morador de Belo Horizonte há 15 anos.

Ele chegou ao aeroporto com bandeiras de seu país e vestindo uma blusa com a frase "Slava Ukraini", ou seja, "Glória à Ucrânia", grito comum entre a população ucraniana desde a invasão russa. "Vim aqui fazer a minha parte. Gostamos muito de brigar entre nós, mas quando é um inimigo externo, nos juntamos."

Diferentemente do que ocorreu com a leva anterior de ucranianos que chegaram ao país, esse grupo deve permanecer ao menos um ano em Belo Horizonte. Nos casos das últimas semanas, vários seguiram para Prudentópolis, cidade do interior do Paraná, cuja maioria da população é descendente de ucranianos.

Questionado sobre eventuais dificuldades que os refugiados encontrarão no novo lar, Afanasiev aponta a socialização. "Temo que fiquem no casulo e tenham dificuldade para a socialização, mas acho que isso não deve ocorrer, porque o mineiro é muito receptivo", afirmou.

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