
Alguns lidam com a compulsão de lavar as mãos inúmeras vezes ao dia. Outros, enfrentam a depressão que os impede de sair da cama. Há ainda quem conviva com pensamentos acelerados e difíceis de controlar. Esses exemplos refletem parte da realidade de mais de 1 bilhão de pessoas no mundo que vivem com algum tipo de transtorno mental, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Apesar do número expressivo, a maioria da população global é considerada mentalmente saudável. Ainda assim, um estudo recente trouxe novas perspectivas sobre como os transtornos podem influenciar até nas escolhas amorosas.
Pesquisadores analisaram informações de 15 milhões de pessoas em países como Dinamarca, Suécia e Taiwan e observaram um padrão intrigante: indivíduos com diagnósticos psiquiátricos tendem a formar relações com parceiros que apresentam condições semelhantes.
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Entre os transtornos investigados estavam esquizofrenia, transtorno bipolar, depressão, ansiedade, TDAH, autismo, TOC, anorexia e abuso de substâncias. Os resultados mostraram que, em muitos casos, quando uma das partes tinha um diagnóstico, o parceiro também apresentava o mesmo ou outro quadro mental.
Robert Plomin, professor de genética comportamental no King’s College de Londres, que não participou da pesquisa, destacou a relevância da amostra analisada: “É surpreendente perceber que, em vez de buscar equilíbrio em um parceiro, pessoas com depressão ou ansiedade acabam se relacionando com quem compartilha dificuldades semelhantes.”
Padrão que atravessa fronteiras
Os cientistas também compararam dados de diferentes regiões do mundo e constataram que a tendência se repetiu em países europeus e asiáticos. Em Taiwan, por exemplo, o número de casais com transtornos obsessivo-compulsivos, bipolares e anorexia foi ainda mais elevado do que na Dinamarca e na Suécia.
Outro ponto observado é que esse padrão se manteve estável ao longo de décadas. Em algumas situações, como no abuso de substâncias, a coincidência de diagnósticos entre parceiros até aumentou com o tempo.
Possíveis explicações
O estudo sugere três hipóteses para entender por que isso ocorre:
- Identificação mútua: a busca por alguém que entenda a experiência de conviver com um transtorno;
- Ambiente compartilhado: os sintomas podem surgir ou se agravar dentro do relacionamento;
- Estigma social: a limitação nas opções de parceiros fora desse círculo.
A interpretação mais aceita é a da “escolha assortativa”, em que indivíduos se aproximam por semelhanças, incluindo características psicológicas. Essa afinidade pode estar ligada não só à compreensão das dificuldades, mas também a aspectos positivos, como maior sensibilidade e criatividade.
Risco para os filhos
Um dos achados mais importantes diz respeito às futuras gerações. Quando ambos os pais têm o mesmo transtorno, os filhos apresentam o dobro de chances de desenvolver a mesma condição. O efeito é mais marcante em casos de esquizofrenia, dependência química, depressão e transtorno bipolar.
Para especialistas, essa constatação reforça a necessidade de ampliar o olhar para além do indivíduo no tratamento de transtornos mentais. Incluir parceiros e filhos no acompanhamento psicológico pode ser decisivo para quebrar ciclos e reduzir riscos ao longo das gerações.
Fonte: Diário do Pará
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