
A Polícia Civil de Redenção, no sul do Pará, instaurou inquérito para investigar um incêndio criminoso registrado na tarde do último domingo (30). O fogo, provocado de forma deliberada, causou prejuízos a produtores rurais, atingiu áreas de vegetação nativa e colocou em risco famílias que vivem próximas à Rodovia PA-287, na comunidade Consolação.
Segundo informações preliminares e imagens gravadas por um cinegrafista amador, três homens que trafegavam em uma caminhonete Toyota Hilux, de cor marrom e placa QEZ2H80, atearam fogo à vegetação seca. Em poucos minutos, as chamas se alastraram, destruindo cercas, currais, áreas de pastagem e até parte da vegetação da Escola Agrícola Antonieta de Lourdes.

O incêndio só não tomou proporções ainda mais graves devido à mobilização imediata dos moradores, que organizaram uma força-tarefa improvisada para conter as labaredas. “Se não fosse a intervenção do meu vizinho, eu teria perdido tudo o que nossa família construiu em 10 anos. Ele conseguiu impedir que o curral fosse consumido e evitou que as chamas chegassem até a casa da fazenda”, relatou o produtor rural Levi Monteiro Fontes, um dos prejudicados.
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A caminhonete usada na ação foi identificada como pertencente a Genivaldo Ribeiro, morador de Redenção. Ele, no entanto, afirmou que não tem mais vínculo com o veículo, alegando que o vendeu a terceiros sem formalizar a transferência, já que o automóvel ainda está financiado. Ribeiro disse ter apresentado à Delegacia de Conflitos Agrários documentos que comprovam não ser mais o responsável pelo carro.

A Polícia Civil informou que os proprietários afetados foram orientados a registrar boletins de ocorrência para formalizar os prejuízos, resguardar-se de possíveis implicações legais e subsidiar eventuais pedidos de ressarcimento. A corporação reforçou que os envolvidos serão intimados tão logo sejam identificados.
O caso ganhou repercussão na região e provocou indignação entre produtores rurais e moradores, que cobram respostas rápidas das autoridades e medidas mais duras contra crimes ambientais. Para eles, além do risco ao patrimônio e à vida humana, ações como essa comprometem o equilíbrio ecológico e deixam marcas profundas no meio rural.
Estatísticas preocupantes
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que, apenas em 2024, o Pará registrou mais de 20 mil focos de incêndio, colocando o estado entre os líderes no ranking nacional. As áreas mais afetadas estão localizadas em regiões de expansão agropecuária, onde a prática ilegal de queimada ainda é utilizada como forma de manejo de solo.
Consequências legais para infratores
O Código Penal Brasileiro e a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998) estabelecem punições rigorosas para quem provoca incêndios criminosos. Os responsáveis podem enfrentar penas de até 6 anos de prisão e multas que ultrapassam milhões de reais, dependendo da gravidade do dano ambiental causado. Além disso, o Ministério Público e órgãos de fiscalização, como o Ibama e a Secretaria de Meio Ambiente, intensificam operações de combate e responsabilização durante os períodos de seca.
Proteção e prevenção comunitária
Diante desse cenário, autoridades reforçam a importância da prevenção. Entre as principais orientações à população estão:
- Evitar queimadas domésticas, mesmo para limpeza de terrenos;
- Não descartar lixo ou materiais inflamáveis em áreas de mata;
- Denunciar atividades suspeitas por meio de canais oficiais, como o Disque-Denúncia Ambiental;
- Adotar medidas de autoproteção, como manter extintores em áreas rurais e planejar rotas de fuga em caso de incêndio próximo a residências.
Um chamado à conscientização
Enquanto a legislação busca responsabilizar infratores, especialistas ressaltam que a solução depende da conscientização coletiva. “Cada incêndio que evitamos representa não apenas a preservação da floresta, mas a proteção direta da vida humana”, destaca um representante de órgão ambiental.
Assim, prevenir incêndios e cobrar responsabilização de quem destrói o meio ambiente é uma responsabilidade compartilhada, essencial para garantir segurança às comunidades e preservar a Amazônia para as próximas gerações.
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