Principal forma de acesso ao ensino superior no Brasil, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) completa 25 anos em 2023. A primeira aplicação do exame ocorreu no dia 20 de agosto de 1998, com objetivo prioritário de avaliar o desempenho dos estudantes ao concluir o ensino médio, não sendo, inicialmente, um meio de seleção utilizado pela grande maioria das universidades. As mudanças ocorridas ao longo do tempo, porém, acabaram fortalecendo o exame que, nos próximos dias 5 e 12 de novembro de 2023, realizará a sua 25ª edição.

Para quem está em preparação para o exame deste ano, a proximidade da data da prova é motivo suficiente para pensar em novas estratégias, agora mais voltadas para uma boa revisão do que já foi visto ao longo do ano. O professor de filosofia e sociologia do Colégio Acrópole, Elmo Vidal, considera que neste período, o ideal é fazer um planejamento voltado para a revisão do conteúdo. “Quando nós falamos em revisão, estamos falando em uma série de planejamentos que o aluno tem que fazer para que ele consiga se dar bem na prova”, aponta. “Uma maneira de fazer isso é, nesse momento, os alunos procurem os professores para reforçar sua ideia de planejamento, um planejamento voltado para a revisão”.

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O professor reforça que é importante os candidatos revisarem os assuntos que têm mais dificuldade. Claro que o aluno não deve deixar de revisar também os assuntos que têm mais facilidade, mas deve focar nos que são mais desafiadores para ele. “Se ele tem mais dificuldade em física, ele vai ter que dar uma ênfase mais rigorosa em física, ele vai ter que chegar com os professores de física ou de ciências da natureza e pedir um reforço nesse ponto”, orienta. “Pode ser que o desafio maior seja em redação e aí é importante que ele sente com os professores e professoras de redação e verifique os pontos que ele está mais deficitário. Essa discussão é muito importante para o aluno”.

Outro ponto da revisão que é fundamental, segundo o professor Elmo, é o aluno se dedicar muito à resolução de provas anteriores do Enem, aos exercícios e simulados que ele já fez na escola ou no cursinho. “Dessa forma ele pode verificar onde ele foi forte, verificar os erros dele porque a coisa mais importante é você também estudar por questões - e isso não vale só para o Enem, mas também para o exame da OAB ou para concursos em geral. Nas questões você consegue visualizar o modelo da prova, o que é muito importante porque o aluno consegue visualizar como são as questões e os professores, muito experientes, têm todo esse arcabouço de questões que têm maior tendência em cair no exame”.

Para além do conteúdo em si, o professor lembra da importância de o aluno dar atenção à própria saúde mental, com o apoio dos responsáveis e também dos professores. “Então, é importante que nesse momento eles reforcem o cuidado com a sua saúde mental. Reforce com seu psiquiatra ou com o psicólogo, ou converse com as psicopedagogas da escola, enfim, que busquem reforço, orientação. Tem que estudar para a prova, mas não se pode esquecer que você precisa ter um momento de lazer”.

Também professor no Colégio Acrópole, onde ministra as disciplinas de matemática e física, Bernard Gonçalves Rodrigues acredita que, quando se trata do Enem, é fundamental que o aluno tenha um cronograma de estudos, um planejamento, além de realizar revisões e exercícios. “O Enem é uma prova que a gente pode chamar de prova de resistência, uma prova com textos longos, uma prova que o aluno tem um determinado tempo para realizar, então, é muito importante que o aluno treine esse modelo de certame, isso é de fundamental importância”, compara. “Para o aluno, saber estudar é essencial porque aprender é um conjunto de estímulos contínuos. Fazer exercícios, fazer revisões periódicas, saber fazer a leitura de forma ativa, isso é muito importante”.

Pensando especificamente na área de exatas, matemática e ciências da natureza, o professor destaca que algumas dicas também são importantes, como o aluno saber identificar os itens chamados de facilitadores, já que acertar esses itens é fundamental. “O que acontece é que o Enem tem um sistema de correção chamado de TRI, que é a Teoria de Resposta ao Item, então, na correção ter essa coerência de acertar as fáceis, as médias e posteriormente as difíceis faz com que a nota do aluno seja mais satisfatória, mais elevada. Então, na matemática, uma boa dica é o aluno saber acertar as questões fáceis e depois passar para dar continuidade”, aponta.

Outro ponto fundamental na prova de matemática, segundo o professor, é o aluno saber eliminar os itens caracterizados como absurdos na matemática. “Às vezes o aluno não sabe qual é a resposta correta, mas se ele eliminar esses itens absurdos, ele tem maiores chances de acertar. E o que é um item absurdo na matemática? É aquele que demonstra uma desproporcionalidade, por exemplo, em unidades de medida, quando a questão está tratando de uma coisa pequena, mas a resposta tem uma unidade de medida muito grande. Então, o aluno já consegue eliminar um ou outro item e isso aumenta a probabilidade de o aluno acertar”.

PREPARAÇÃO

Marina Pinheiro, 17 anos, estudante do terceiro ano do Ensino Médio. Almeja uma vaga no curso de Psicologia.

Eu fiz Enem ano passado como treineira. Neste ano eu estou tentando estudar para tentar passar em uma faculdade pública, mas também não estou me preocupando tanto porque eu posso tentar uma faculdade particular, qualquer coisa. Eu tento me concentrar bastante nas aulas para eu pegar o máximo de conteúdo que eu conseguir, para quando eu for estudar em casa não perder tanto tempo.

Alicia Lima, 17 anos, estudante do terceiro ano do Ensino Médio. Almeja uma vaga no curso de Engenharia Mecânica.

l Esses dias eu estava tentando fazer mais questões. Tem algumas questões de português e de matemática que eu faço todos os dias, eu faço simulados no final de semana e eu me concentro bastante nas aulas. Agora que está chegando a prova, eu estou um pouco mais ansiosa, mas eu estou tentando ficar calma.

Giovana Bona, 16 anos, estudante do terceiro ano do Ensino Médio. Almeja uma vaga no curso de Educação Física.

A minha preparação está boa, eu tento me concentrar mais nas aulas e, em casa, eu faço bastante exercício. Eu estou bem tranquila. Para mim, essa preparação que a gente vem tendo ao longo do ano, me dá uma tranquilidade muito boa.

Bárbara Amador, 17 anos, estudante do terceiro ano do Ensino Médio. Almeja uma vaga no curso de Relações Internacionais.

Eu prefiro estudar por exercício e sozinha, eu acho que tenho mais rendimento assim. Aí, se eu não entendo alguma questão, eu procuro alguns dos professores que sempre dão essa possibilidade para a gente. Eu também assisto algumas videoaulas, mas meu foco mesmo é nos exercícios e nas provas antigas do Enem. Eu fiz a prova do Enem pela primeira vez no ano passado, como treineira, e eu achei bem cansativa, mas como não estava valendo foi um pouco mais tranquilo. Esse ano a pressão é maior, é uma responsabilidade maior, então, tem que saber equilibrar isso.

Mariana, Alicia, Giovana e Bárbara estão na expectativa pelo Enem 2023. Foto: Wagner Santana/Diário do Pará

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