Os conflitos em terras indígenas tem se multiplicado nos últimos tempos. Provocados, em sua maioria, por invasores dos territórios demarcados, que buscam instalar atividades garimpeiras, de caçada ou de apropriação dos locais, a disputa pelos espaços resulta em brigas dentro e fora das aldeias e comunidades.

Neste domingo (22), agentes da Polícia Federal não obtiveram êxito na busca por garimpeiros que teriam invadido a terra indígena Baú, situada no município de Altamira, no sudoeste do Pará.

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Denúncias de indígenas da etnia kayapó davam conta de que alguns garimpeiros teriam sido capturados dentro das terras demarcadas ao tentarem reativar um garimpo ilegal. Informações repassadas por agentes da Polícia Federal afirmam que os mesmos teriam saído do local ainda no sábado (21).

Em vídeo que passou a circular nas redes sociais, o líder kayapó Mydjere Mekrãgnotire afirmava que havia nove garimpeiros detidos e pediu ajuda "para evitar derramamento de sangue". "Cadê o Ministério Público, cadê a Funai, cadê a Polícia Federal?", questionou na ocasião.

Os agentes teriam conseguido convencer as lideranças indígenas a retornarem para a aldeia Baú e não se deslocarem para um segundo ponto de garimpo no mesmo território. O motivo seria evitar ainda mais conflitos, pois, dentro da comunidade, há grupos de indígenas contra e a favor dos garimpeiros.

Ainda, segundo afirmam fontes da PF, também foram encontradas diversas balsas de garimpo na região. A terra indígena Baú está localizada a 830 km de Belém e foi homologada em 2008. Ocupa uma área de 1,5 milhão de hectares próximos à rodovia BR-163, rota de transporte de cargas que cruza o estado de norte a sul.

TENSÃO

Há duas semanas, operação conjunta do Ministério Público Federal, Polícia Federal, Funai e Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) fechou três garimpos ilegais na Terra Indígena Kayapó, no município vizinho de São Félix do Xingu.

Na operação, foram destruídos maquinários utilizados na extração de ouro, como escavadeiras e motores. "Foram apreendidos documentos e mercúrio, substância altamente poluente e de comercialização controlada", disse o Ministério Público na ocasião.

"As investigações agora se concentram na identificação dos financiadores da operação ilegal", afirmou.

Relatório da PF que se tornou público em fevereiro apontou que ouro extraído ilegalmente nos garimpos da terra indígena alimentou a produção de um dos maiores líderes de metais preciosos da Europa, a italiana Chimet, especializada em refinar o minério para a confecção de joias.

Em abril, outra terra indígena no Pará, a Xipaya, sofreu invasão de garimpeiros, com relatos de agressão a moradores. A balsa em que os invasores estavam foi apreendida um dia após a denúncia com cinco adultos e dois adolescentes a bordo.

Terra indígena Baú fica localizada a 830 km de Belém, no município de Altamira, sudoeste do Pará Foto: Divulgação/MPF

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