O Pará é o Estado da região Norte que mais utiliza energia solar. Ocupa hoje a 13ª posição no ranking nacional com maior potência instalada de energia solar na geração distribuída (dentre os consumidores que geram sua própria energia): hoje responde por 2,4% de todo o parque brasileiro de energia solar distribuída. Os dados são da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), divulgados recentemente.

Existem em todo o Estado 14.386 instalações fotovoltaicas (pessoas físicas e jurídicas), com 162.335,15 kilowatts (kw) de potência instalada, totalizando 17.936 unidades consumidoras que recebem créditos, segundo dados da Associação Paraense de Energia Solar (Apasolar). De janeiro a agosto de 2020 em torno de 1.800 unidades consumidoras adotaram o sistema fotovoltaico em todo o Pará, número que subiu para 3.200 unidades no mesmo período deste ano, o que representa um crescimento na ordem de 56%.

Helder representa governadores da Amazônia Legal na Cop-26

Site aponta Theatro da Paz entre os melhores para visitar

As cinco cidades paraenses que mais geram energia solar hoje, segundo a Apasolar, são Belém, com 2.371 Usinas Solares Fotovoltaicas (USFV’s), Marabá (1.582 USFV), Santarém (1.352 USFV), Parauapebas (1.085 USFV) e Ananindeua (712 USFV).

Walber Friths de Oliveira, que preside a entidade paraense, diz que o potencial fotovoltaico no Estado é gigantesco. “Quando assumi a presidência da Associação, em 2016, o Pará estava na 20ª colocação do ranking nacional dos estados produtores de Energia Solar Fotovoltaica. Hoje avançou 7 posições graças ao trabalho que o setor fotovoltaico vem desenvolvendo no Pará. Ainda é pouco para nosso potencial. A procura para a adesão da energia limpa através do sol só faz crescer”, coloca.

A maior vantagem do sistema, segundo ele, é a liberdade energética, pois o consumidor passa a produzir a própria energia e com isso vem a sonhada organização financeira, já que um dos maiores custos de uma família ou de um empresário atualmente está exatamente na fatura de energia.

“Uma vez usuário da energia solar, o dinheiro que antes pagava o consumo da energia elétrica, pode e deve ser revertido para investimentos em outras áreas, como, por exemplo, aplicação do dinheiro para render ou criar um fundo para viagens com a família. São infinitas possibilidades, e inúmeras vantagens”, destaca.

O preço de cada sistema varia de acordo com o tamanho do imóvel e o consumo, mas o sistema fotovoltaico de uma família que consome atualmente em torno de R$ 400,00 custa em torno de R$ 18.000,00. “Outro ponto a mencionar é que o valor aplicado para obter um projeto solar pode ser financiado por várias linhas de crédito disponíveis no mercado em até 72x e com taxas de juros baixíssimas, podendo inclusive optar por uma carência de 90 dias para começar a pagar a primeira parcela”.

Walber Friths de Oliveira
📷 Walber Friths de Oliveira |Divulgação

Walber garante que já economizou nos últimos anos cerca de R$ 60 mil com o sistema que implantou na sua empresa. Parte da energia gerada lá e que não é consumida é redirecionada para o seu apartamento. “Também utilizo em outras lojas como a localizada no município de Dom Eliseu, fronteira do Pará com o Maranhão, onde temos uma loja contêiner sustentável movida 100% a energia solar”.

A Câmara Federal aprovou, por unanimidade, o Projeto de Lei nº 5.829/19, que cria o marco legal para a geração própria de energia solar e demais fontes renováveis no Brasil. Agora o PL vai para a votação no Senado Federal. “Estamos muito otimistas com a criação desse marco porque evita distorções como a que tentou taxar em 60% o serviço em 2019, dá segurança jurídica ao setor de geração distribuída no país”.

Mudar para a energia solar, diz Walber, é fundamental para a saúde financeira de uma família ou de uma empresa e, principalmente, para o meio ambiente, que é beneficiado diretamente com a compensação de centenas de toneladas de CO² por ano que deixam de ser emitidas na atmosfera ao gerar essa quantidade de energia. “Inclusive nossa empresa recebeu em 2019/2020 o Selo Verde do Instituto Chico Mendes por fazer o uso de políticas socioambientais”.

Diferença na conta já no primeiro mês

O funcionário público Rossi Rufino da Silva mora com a esposa e 2 filhas em uma casa ampla localizada em conjunto residencial no município de Ananindeua. Antes pagava R$1.537,24 (1.044 kwh) na sua conta de energia elétrica.

Há cerca de um ano decidiu economizar e baixar sua conta de energia e, após fazer uma pesquisa de mercado, implantou um sistema fotovoltaico na sua casa. “Meu projeto custou por volta de R$ 30 mil por 27 placas de energia solar. Paguei 50% na assinatura do contrato e a outra metade na entrega, sendo que o prazo de instalação foi de 2 meses”, relembra.

Rossi Rufino da Silva
📷 Rossi Rufino da Silva |Divulgação

Hoje Rossi paga apenas R$ 141,00 de energia, uma redução na ordem de mais de 90%, já com o aumento da energia anunciado para mês passado. “Depois que instalamos o sistema nunca mais nossa energia bateu 1.000 kwh, essa foi a 1ª redução, além do valor que diminuiu por volta de R$1.400,00. O custo benefício é excelente e o custo se paga em alguns meses”, coloca Simone Sena, esposa de Rufino.

Rossi afirma que a diferença na conta já veio no primeiro mês e outra vantagem citada por ele é o fato de poder realocar toda energia gerada que sobra da sua casa em outra unidade, no caso uma chácara que possui também em Ananindeua. “Nessa minha outra casa com essa transferência de energia a minha conta já reduziu 50%”, garante.

Energia solar

- A fonte solar já trouxe ao Brasil mais de R$ 54 bilhões em novos investimentos e gerou mais de 312 mil empregos acumulados desde 2012. Com isso, evitou a emissão de 11 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade.

- A geração distribuída solar fotovoltaica ultrapassou a marca de 600 mil sistemas conectados no Brasil

- Entre as principais vantagens do sistema está a economia de 90% na conta de luz, com investimento pago entre 4 e 5 anos

- No segmento de geração centralizada, o Brasil possui 3,5 GW de potência instalada em usinas solares fotovoltaicas, o equivalente a 1,9% da matriz elétrica do país

-Ao somar as capacidades instaladas das grandes usinas e da geração própria de energia solar, a fonte solar ocupa o quinto lugar na matriz elétrica brasileira. Recentemente, a solar ultrapassou a potência instalada de termelétricas movidas a petróleo e outros fósseis, que representam 9,1 GW da matriz elétrica brasileira.

Fonte: Absolar

Projeto foi baseado no consumo de três locais

O empresário Eduardo de Lima Sampaio é proprietário de uma arena de futebol society e de um restaurante no bairro do Curió Utinga. O projeto foi baseado no consumo da arena, de seu apartamento e da sua casa de veraneio em Salinópolis, cujos custos mensais de energia eram de $ 3.500,00,

R$ 670,00 e R$ 150,00, respectivamente, totalizando uma média de R$ 4.320,00 de custo mensal de energia. “Atualmente a somatória das 3 contas chega, em média, a R$ 580,00, com uma economia que chega a quase 87%”, calcula.

Eduardo encomendou o projeto em abril de 2019 e a instalação ocorreu em junho do mesmo ano, com homologação na concessionária de energia em julho, quando começaram a ser gerados os créditos de energia. Foram instaladas 100 placas solares no telhado do galpão da arena a um custo de R$ 137 mil, financiados junto a um banco particular a juros de 1,3% em 60 meses.

“As principais vantagens do sistema é que não sofrem a variação do custo da energia com exceção dos impostos e iluminação pública, além da redução do custo imediato, já que o custo do financiamento é menor que o custo anterior com a conta de energia”, detalha.

Entre as desvantagens, conta, está a manutenção em caso de problemas elétricos e o monitoramento do funcionamento. “Já sofri uma sobrecarga no fornecimento de energia da concessionária que resultou num disparo do disjuntor do sistema, ocasionando o desligamento e isso não foi observado por mim. Assim passamos alguns dias sem gerar energia e sem perceber”.

Outra desvantagem apontada é que, segundo Eduardo, existe a obrigatoriedade de manutenção anual com a mesma empresa que instalou o projeto para não perder a garantia, impossibilitando a pesquisa no mercado para o menor preço. “Apesar disso não me arrependo pois já estou com os custos reduzidos e quando o financiamento acabar a diferença será muito maior”.

O sistema funciona gerando energia e fornecendo direto para a concessionária, que a transforma em créditos que são descontados das contas de energia vinculadas ao mesmo CPF/CNPJ cadastrados como fornecedor de energia, no caso a empresa de Eduardo. “Toda a sobra de energia gerada transforma-se em créditos que podem ser utilizados em até 10 anos”.

MAIS ACESSADAS