Um smartphone, Wi-Fi disponível e um universo de possibilidades em uma pequena tela ao toque das mãos. Sim, o mundo está cada vez mais digital, conectado e dependente da internet para tudo. A não ser que você ainda seja do grupo de pessoas que prefere passar horas em filas de banco para pagar contas ou de casa lotérica para fazer o jogo da Mega-Sena acumulada, é fato que quase tudo pode se resolver de forma on-line, sem perda de tempo e com a praticidade de nem precisar sair de casa.
Os exemplos de serviços são inúmeros e as novidades chegam a todo momento. As mais recentes o PIX, sistema de pagamento que promete compensação imediata, 24h por dia, sem cobranças e com uma chave que pode ser número do celular ou até mesmo o e-mail; e também o financiamento habitacional da Caixa, que agora pode ser feito por aplicativo e com exigência de deslocamento até uma agência apenas ao fim do processo, para assinar o contrato. Exemplos de facilidades que foram aceleradas com a necessidade de distanciamento social imposta pela pandemia, mas que chegam de forma gradativa desde o advento da rede mundial de computadores.
Para o mestre em ciência da computação Rômulo Pinheiro, coordenador dos cursos de educação a distância e semipresenciais da Unama, é um caminho natural e sem volta. “Praticamente hoje todo mundo tem um smartphone, tem acesso à internet. O número de computadores comprados, notebooks, reduziu e o número de celulares aumentou muito. Ou seja, as pessoas passaram a ter um acesso maior à internet móvel e, com isso, o acesso à informação, acesso à tecnologia, é de grande ajuda porque as pessoas criaram uma nova forma de consumo, pela internet”, analisa.
Como essa nova forma de consumo é massiva, acaba por dominar e ditar as regras do mercado, explica o especialista. “As pessoas compram passagem de avião pela internet, as pessoas compram comida, namoram, veem novela, jogo de futebol. Hoje você consegue fazer praticamente quase tudo pela internet”, constata. “E aí surge a pandemia, que veio para mostrar ainda mais como nós dependemos da tecnologia e desse acesso à internet”.
“Antigamente, pelo menos em Belém, não era tão comum o home office como é no exterior ou no no Sul do Brasil. E hoje as empresas já veem o home office com bons olhos, porque as pessoas passaram a trabalhar mais, o rendimento aumentou, porque as pessoas ficam perto dos cachorros, dos filhos, conseguem ficar perto da sua casa”, pontua Rômulo.
Ele lembra que, de março para cá, com o novo coronavírus, muitos setores foram impactados e também tiveram que mudar, como os restaurantes que atendiam apenas presencialmente e hoje, para sobreviver, precisaram se render ao delivery e entregas por aplicativos. “Alguns já vão até a casa dos clientes para fazer buffet, essas coisas”, cita. “Então mudou até o cenário. Muitas pessoas não querem mais o seu negócio presencial, que custa muito mais, paga energia, paga funcionário e preferem ter outro custo, com bom computador, boa internet e fazem o seu e-commerce, têm a sua loja virtual”.
ENTUSIASTA DA DIVERSIDADE TECNOLÓGICA
O jornalista Darlan Helder é um entusiasta da diversidade tecnológica e que remete ao desenho futurista Os Jetsons, lançado em 1962. Do mundo com notícias consumidas pela tela, faxineira-robô e videochamadas, a única coisa que não existe no mercado, por enquanto, são os carros voadores (em fase de desenvolvimento). “Está no meu dia a dia como profissional e consumidor”, diz ele, que escreve para um blog sobre tecnologia, o Tecnoblog. “Acompanho youtubers no Brasil e no exterior que compartilham novidades no mundo da tecnologia. A grande vantagem disso é que mostram produtos que não têm no Brasil, como o Google Pixel, que é um celular”.
Darlan considera que a expansão do acesso digital beneficia também a população da periferia, que pode contar com serviços antes mais restritos aos centros das cidades. “A gente tem a sorte de contar com startups, empresas inovadoras como banco digital, um delivery que consegue oferecer um serviço decente por um valor que pode ser justo”, explica. “Banco digital você abre uma conta e não paga nada, não paga taxa, isso é muito interessante para os desbancarizados”, cita. “São pessoas que não têm conta em banco e têm essa oportunidade de ir ali, criar uma conta num banco totalmente de graça. Isso é muito positivo”.
O jornalista destaca que esse novo normal que tanto se fala também é virtual. “Acho que o futuro é exatamente isso. Cada vez mais a gente vai estar ali, conversando praticamente com o celular ou então com o assistente virtual. Esses aplicativos facilitam muito a nossa vida no dia a dia, sem dúvida”, diz.
“A gente tem ainda a NFC (“Near Field Communication” - tecnologia de troca de dados sem fio por aproximação entre dois dispositivos), pagamento por aproximação, que é uma coisa que também é muito segura, ainda mais agora na pandemia”, avalia. “Você não precisa ficar digitando senha, encostando ali na maquininha. Por aproximação coloca o seu celular perto da máquina ou então seu cartão perto da máquina, debita o valor e pronto”.
Para quem quer se afinar com o novo, Darlan dá a dica. “A primeira coisa é você conhecer o produto que você tem, o celular que você tem, o que ele pode fazer, as experiências que você pode ter com esse aparelho. Eu penso muito nisso. E consumir conteúdo é muito importante também para quem quer estar sempre antenado sobre o mundo tecnológico”.
É PRECISO TOMAR CUIDADO COM OS GOLPES VIRTUAIS
Por outro lado, se o dinheiro deixou de circular e as compras e pagamentos estão em ambiente virtual, o cuidado com os golpes remotos precisa ser levado em conta pela população. “Tem pessoas fingindo ser outras pessoas para aplicar golpes, campanhas falsas de ajuda”, lista Rômulo Pinheiro. “São aqueles golpes onde a pessoa, numa conversa, no diálogo, dá os seus dados de forma inocente e tem essas informações roubadas. E aí é preciso ter um cuidado maior para essa nova realidade”.
A proteção, nesses casos, é ter bastante atenção. “É sempre buscar referência de sites. Todo site tem referência na internet para saber se realmente a empresa existe”, lembra. “As pessoas podem consultar esses sites na rede mesmo, para saber se alguém já foi vítima de golpe, se o site entrega direitinho. Existe um tipo de avaliação para isso”.
CÓDIGO
Outra recomendação é nunca passar adiante código de verificação de duas etapas recebidos via SMS. “Nenhum site sério pede isso. Muito cuidado também ao usar os dados do cartão de crédito. Esses dados ficam armazenados e podem ser usados para fins de terceiros”, afirma o professor. “O que seria importante também na hora de fazer um pagamento é verificar se o site que você está pagando tem um sistema de pagamento seguro, por exemplo, o próprio PagSeguro do Mercado Livre, o PayPal, são seguros e não divulgam teus dados nem para quem está vendendo”.
E nem adianta tentar fugir desse aprendizado. Afinal, não tem como não se render à tecnologia. “Ela está inserida no nosso cenário, seja no estacionamento de shopping, seja no restaurante, seja na educação ou na saúde. A gente precisa de tecnologia, é um fato. Mas também precisa ter cuidado e prestar atenção em todos esses males”, considera o especialista. “Se a pessoa desconfiar que caiu em algum golpe, tem que ir para a delegacia imediatamente registrar queixa, não pode aceitar”.
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