As possíveis negociações sobre um cessar-fogo na guerra travada entre Israel e o grupo palestino Hamas seguem sem definição sobre o futuro do conflito que já ceifou milhares de vidas de civis, em especial mulheres, crianças e idosos.

No entanto, no que depender do lado israelense, a guerra só terminará quando Benjamin Netanyahu decidir, visto que o primeiro-ministro de Israel declarou que as forças militares de seu país entrará na última cidade de pé na Faixa de Gaza, Rafah, que abriga milhões de refugiados palestinos.

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Em declaração nesta terça-feira (30), um dia após a rodada de negociação com o Hamas na cidade do Cairo, no Egito, Netanyahu deixou claro que Israel entrará em Rafah com ou sem um acordo de cessar-fogo. “A ideia de que vamos parar a guerra antes de alcançar todos os nossos objetivos está fora de questão”, disse o primeiro-ministro israelense.

Rafah se tornou o único e principal reduto para abrigo dos refugiados palestinos que viviam em toda a Faixa de Gaza. Com o início do conflito entre Hamas e Israel e a consequente invasão israelense no norte do território, eles foram forçados a migrar para a fronteira de Gaza com o Egito, ao sul, por isso, estima-se que cerca de 1,5 milhão de pessoas estejam vivendo em Rafah atualmente.

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Recentemente, ataques aéreos de Israel em Rafah mataram pelo menos 30 palestinos, segundo afirmaram médicos no território. Civis vivem uma situação de emergência humanitária na cidade, incluindo a escassez de medicamentos e de alimentos.

Um ataque à cidade, que Israel diz ser o último reduto do Hamas em Gaza, tem sido antecipado há semanas, mas governos estrangeiros e as Nações Unidas expressam preocupação de que tal ação possa resultar em um desastre humanitário ainda maior, dada a quantidade de refugiados amontoados na região.

NEGOCIAÇÕES POR CESSAR-FOGO

Uma pessoa informada sobre as negociações em Cairo disse à agência de notícias Reuters que a proposta de Israel envolve um acordo para libertar menos de 40 dos cerca de 130 reféns ainda detidos em troca da soltura de palestinos presos. Uma segunda fase consistiria em um "período de calma sustentada" - uma resposta à demanda do Hamas por uma trégua permanente.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, pediu à facção para aceitar a proposta "extraordinariamente generosa" de Israel. "A única coisa que está impedindo o povo de Gaza de ter uma trégua é o Hamas. Eles têm que decidir e têm que decidir rapidamente", disse o americano em uma reunião do Fórum Econômico Mundial realizada na capital da Arábia Saudita. "Estou esperançoso de que eles tomarão a decisão certa."

A visita a Riade é a mais recente de uma série de viagens do secretário de Estado ao Oriente Médio desde que o Hamas invadiu o sul de Israel e matou cerca de 1.200 pessoas, segundo Tel Aviv. Antes disso, os EUA estavam envolvidos em um acordo que tentava normalizar a relação entre o reino e o Estado judeu e que foi afetado pelos combates. "Para avançar com a normalização, duas coisas serão necessárias: calma em Gaza e um caminho crível para um Estado palestino", afirmou Blinken.

Ambas as questões, porém, parecem interditadas na região. Em troca da normalização, os estados árabes pressionam Israel a aceitar um caminho para a criação de um Estado palestino nas terras capturadas na guerra do Oriente Médio de 1967, algo que Netanyahu rejeita repetidamente.

"Em qualquer acordo futuro, Israel precisa ter controle de segurança sobre todo o território a oeste do [rio] Jordão", disse o chefe do governo mais à direita da história do país em janeiro. "[A criação de um Estado palestino] se choca com nossa ideia de soberania."

GAZA DESTRUÍDA

Grande parte de Gaza foi reduzida a um terreno baldio após seis meses de ofensiva israelense. Depois do ataque do Hamas em outubro, Tel Aviv impôs bloqueios ao território palestino e lançou um ataque aéreo e terrestre que matou mais de 34 mil pessoas, segundo autoridades de Gaza, controlada pelo grupo terrorista.

Desde então, a grave escassez de alimentos, combustível e medicamentos fez a fome se alastrar entre a população e deixou hospitais inoperantes. A crise preocupa diversas organizações internacionais que atuam no território e até mesmo aliados de Israel, que se veem obrigados a pressionar o país por garantias humanitárias.

Enquanto isso, as ofensivas entre Israel e Hamas seguem em curso. Nesta segunda, as brigadas al-Qassam, principal grupo armado do Hamas, disseram ter disparado mísseis do sul do Líbano contra uma posição militar israelense. Sirenes de ataque aéreo dispararam no norte do país, mas não houve relatos imediatos de vítimas.

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