A polêmica sobre o suposto relacionamento entre o jogador do Paysandu, Marcelo Toscano,  e uma torcedora do clube, que integra o projeto 'Bicolindas' causou um grande rebuliço nas redes sociais. 

Esta terça-feira (06), inclusive, foi marcada pelo possível fim do projeto com jovens que, além de atuarem como animadoras de torcida, participam de ações sociais do clube. O assunto teve uma repercussão enorme nas redes e, com isso, abriu espaço para debates de gênero. 

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De acordo com a socióloga Karen Santos,  é importante entender até que ponto a presença das animadoras de torcida de fato diz respeito à inclusão da mulher no futebol. “Será que não estamos assistindo uma inclusão liberal que tem por objetivo incluir a partir da sexualização desses corpos? Vide a obrigatoriedade de roupas específicas e performances sensuais?”, perguntou. 

Karen Santos é Socióloga e Mestre em Ciência Política pelo PPGCP/UFPA Professora Universitária, pesquisadora nas áreas de sociologia e ciência política. Coordenadora de Pesquisa, extensão e internacionalização da Faculdade Estácio do Pará.
📷 Karen Santos é Socióloga e Mestre em Ciência Política pelo PPGCP/UFPA Professora Universitária, pesquisadora nas áreas de sociologia e ciência política. Coordenadora de Pesquisa, extensão e internacionalização da Faculdade Estácio do Pará. |Foto: arquivo pessoal

De acordo com a professora, a resposta para essas perguntas pode ser mensurada pela mentalidade e cultura excludente do futebol, dentro de uma sociedade preconceituosa. “Como os micro espaços culturais são representações das relações mais amplas da sociedade, podemos observar que os valores em que pesam as hierarquias de gênero são reproduzidos dentro do campo de futebol. Os gritos, hinos e cânticos que impulsionam o time ainda utilizam a diminuição do adversário quando comparado a uma mulher”, disse Karen. 

O desdobramento do caso, nas redes sociais trouxe à tona uma questão muito importante. Por qual motivo a moça teria sido tão cobrada, pelo suposto envolvimento e o jogador nem tanto? Karen afirma que isso implica na posição de poder histórica e coletiva imposta ao homem. “Percebe-se esse terreno desigual quando essa culpabilidade é transferida para as mulheres e não ao jogador em si. O que torna o homem tão imputável em relação às suas ações?”, disse. 

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“Essa e inúmeras outras questões devem ser levantadas uma vez que trazem luz ao ambiente tóxico que reforça uma mentalidade retrógrada em relação ao espaço ocupado pelas mulheres nos estádios, quando esse acesso é permitido observamos uma alta sexualização dos corpos. E esses mesmos corpos fabricados pela mentalidade machista são colocados como responsáveis pelo mal desempenho da equipe, ao passo que aqueles cuja atuação deve ser questionada são inocentados por ocuparem uma posição histórica de dominação”, concluiu.

Foto: Foto: Instagram/ Reprodução

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