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CINEMA

Luz, câmera e ação de novo em Belém

Marcelo Gomes retoma filmagens da adaptação de “Relato de um Certo Oriente” na capital paraense

Imagem ilustrativa da notícia Luz,
câmera e ação de novo em Belém camera Momento de uma das filmagens do longa em Belém, compartilhado pelo ator Jorge Vidal | Reprodução/Instagram

Uma imagem, muita expectativa. O diretor Marcelo Gomes, de filmes como “Cinema, aspirinas e urubus” e “Estou me guardando para quando o Carnaval chegar”, publicou este mês no Instagram uma imagem da orla de Icoaraci que dava a compreender que ele estava por aqui. Outras imagens publicadas por artistas locais já deixavam claro que “Relato de um Certo Oriente”, adaptação que ele havia prometido lá em 2011 para o premiado livro de Milton Hatoum, voltou a ser filmado na capital paraense. A pré-produção havia sido interrompida em 2020 pela pandemia.

A obra literária, lançada em 1989, é o romance de estreia do autor amazonense e pela qual recebeu o Prêmio Jabuti. Ambientada em Manaus, narra a história e os conflitos dos membros de uma família de imigrantes libaneses formada pela católica Emilie, o seu marido muçulmano e seus quatro filhos. Em torno deles, moradores locais, como a amiga Hindié Conceição e a empregada Anastácia Socorro, além de outros estrangeiros, como o fotógrafo alemão Dorner.

O projeto nasceu quase ao mesmo tempo que outras duas adaptações de obras de Milton Hatoum: o filme “Órfãos do Eldorado”, de Guilherme Coelho, lançado em 2015; e “Dois Irmãos”, de Luiz Fernando Carvalho, que virou minissérie na TV Globo, em 2017. À época, Milton comentou em entrevista ao jornal mineiro “O Tempo” que, comparado aos demais diretores, Marcelo Gomes teria algumas vantagens e desvantagens em sua escolha.

“O Marcelo Gomes vai encontrar menos dificuldade [com locação, que em ‘Dois Irmãos’] porque, em ‘Relato de um Certo Oriente’, muita coisa acontece no casarão”, disse. Em compensação, o escritor considerou a adaptação complexa para o cinema, pelo tom memorialista e os raros diálogos. “Não sei que estratégia de narrador ele vai usar, mas o problema é dele. Já passei anos da minha vida para terminar esse livrinho”, brincou o escritor. Marcelo Gomes havia adiantado que a saída seria a narração em off.

Nesta mesma entrevista, o diretor até afirmou ter escolhido o livro de estreia de Hatoum exatamente pela reconstituição de lembranças e por trazer à tona o tema da alteridade. “É o encontro entre diferentes personagens, de diferentes culturas, vivendo em um lugar nada peculiar, a Amazônia, e construindo a capacidade de conviver com o diferente e de se permitir um olhar interior para eles próprios a partir das diferenças do outro”.

O filme estava em pré-produção em março de 2020, quando o primeiro lockdown ocorreu e foi preciso adiar os planos do diretor. Entre eles, o de recriar no comércio da capital paraense uma rua inteira como se fosse no mercado do Líbano, assim como um porto libanês, de onde a família parte para o Brasil. As gravações ainda passariam por várias locações na Cidade Velha e próximo ao Ver-o-Peso, assim como no Cemitério de Santa Isabel.

O diretor Marcelo Gomes, de filmes como “Cinema, aspirinas e urubus” e “Estou me guardando para quando o Carnaval chegar”, vem falando da adaptação do romance de Hatoum desde 2011. O filme passou por interrupção no ano passado, por causa da pandemia
📷 O diretor Marcelo Gomes, de filmes como “Cinema, aspirinas e urubus” e “Estou me guardando para quando o Carnaval chegar”, vem falando da adaptação do romance de Hatoum desde 2011. O filme passou por interrupção no ano passado, por causa da pandemia |Divulgação

Viagem no tempo até os anos 1950

A atual diretora executiva do filme, a paraense Eliane Ferreira, da Produtora Muiraquitã, conta que a pré-produção foi retomada no final de outubro, para começar a filmagem no dia dia 18 de novembro. “Estamos terminando a segunda semana de filmagem [na última terça-feira, 30]. A gente fez uma aldeia ribeirinha, uma parte de floresta foi filmada na Terra do Meio [restaurante rural localizado em Marituba], até fez uma construção ali, já na primeira fase, e implementou agora na segunda”, descreve.

Há novidades também no elenco, que recebeu três libaneses, que não vieram na primeira fase do projeto, além de um italiano, através de uma parceria com uma produtora da Itália. A eles somam-se ainda a Gullane Filmes. “E a gente tem agora filmado com um grande apoio também do Governo do Estado, assim como da Prefeitura de Belém. Temos apoio da Marinha, pois filmaremos no navio-museu deles, que é da década de 1950. Ele está em reforma, mas vamos conseguir filmar lá”, adianta a produtora.

As filmagens também passarão pelo Mercado de Carnes e o Palacete Bolonha. “Ele está lindo. Eu, como paraense, estou muito feliz, estou orgulhosa demais de fazer essas filmagens aqui”, confessa a diretora. Outro cenário muito elogiado foi a Casa Malcher, em Icoaraci, transformada em uma verdadeira casa árabe libanesa, com treliças, contando ainda com o apoio da Federação Libanesa e do cônsul honorário do Líbano em Belém. “Nesse tempo de pandemia, o filme foi mais adaptado para a Amazônia estar mais presente. Tem uma parte grande da aldeia ribeirinha, tem uma presença amazônica mais forte, com um barco gaiola entrando pelos furos dos rios, e também tem muito da época da borracha”, revela.

Na primeira fase de pré-produção, já tinha sido pedida a colaboração de libaneses e seus descendentes na cidade que pudessem emprestar objetos e tapetes, fotos, marcas de imigração, para compor o filme. E muitas pessoas colaboraram para recriar os anos de 1950. A produção buscou especialmente por tapetes, de piso e de parede, já que um dos protagonistas do filme é dono de uma loja de tecidos. Para algumas cenas específicas, a produção do filme também chegou a fazer chamada pública em busca de pessoas para figuração, principalmente de descendência libanesa.

Desse elenco, o jornalista, ator e diretor Jorge Vidal contou que tinha lido o livro cinco anos atrás, quando nem sabia que o filme ia acontecer. “Li porque a obra é muito boa. Ele fala da intolerância religiosa, de aspectos de cidadania que são importantes, e também, da existência humana. O que mais me chamou atenção nessa adaptação é que Belém foi escolhida porque tem um patrimônio histórico ainda conservado. Como é um filme falado em libanês, português, vi uma cena onde se falava francês também, para mim foi uma experiência fantástica. Eu fiquei encantado com a produção e direção do filme”, elogiou.

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