Leão segue em queda
Há dez jogos o Remo padece de visível esgotamento criativo. O problema voltou a entrar em campo na sexta-feira em Maceió, levando a uma nova derrota. O início da partida foi até animador. Com boa movimentação entre meio-campo e ataque, o time marcava bem e até criou duas boas chances, mas uma desatenção na defesa permitiu ao CSA chegar ao gol e passar a controlar a partida.
O cenário tem sido recorrente. O time tem lampejos durante os jogos e, na maioria das vezes, termina dominado pela superioridade do adversário ou pela própria incapacidade de se impor e reagir. Jogos como o de sexta-feira e o anterior, diante do Londrina em Belém, comprovam que o coletivo não funciona como antes e as individualidades estão devendo.
Victor Andrade, destaque do time na melhor fase da equipe no primeiro turno, sucumbiu às seguidas ausências (principalmente por suspensão) e nunca mais rendeu à altura das expectativas. Em certo sentido, a queda de rendimento tem a ver com a vigilância maior que sofre hoje a partir da visibilidade alcançada em atuações destacadas.
Raimar, que surgiu como um achado precioso após lesão sofrida por Igor Fernandes, tem sido pouco efetivo e não participa com a mesma intensidade de antes. Sua contribuição ofensiva é cada vez menor, o que ajuda a explicar os problemas do time para marcar gols. Defensivamente, suas falhas passaram a preocupar. Diante do CSA, estava nos dois lances fatais e não conseguiu marcar os atacantes.
Outras peças funcionam mal, mas o técnico insiste em escalar. Casos de Artur e Lucas Siqueira, cujos desempenhos não justificam a titularidade. Outros jogadores poderiam ser testados ali. Pingo entra no decorrer dos jogos e Paulinho Curuá não é utilizado. Contra o CSA, inexplicavelmente, Marcos Junior foi esquecido na suplência. Poderia ter contribuído com a transição pela facilidade para os passes verticais.
A entrada de Marcos Junior poderia ter funcionado como compensação pela ausência dos meias Felipe Gedoz e Mateus Oliveira. Sem um jogador capaz de funcionar como articulador, o meio-campo do Remo parou de funcionar quando o time sofreu o primeiro gol. Até melhorou no começo da segunda etapa, com a entrada de Pingo e Jefferson, mas desapareceu de vez após o segundo gol alagoano.
Depois de perder para a Ponte Preta, há quatro rodadas, Felipe revelou que iria finalmente “fechar a casinha” adotando um modelo mais pragmático de jogo, a fim de subir a pontuação. Até ensaiou isso diante do Cruzeiro e o resultado foi altamente satisfatório.
Abandonou o esquema conservador contra o Londrina e o time perdeu sem reagir. Contra o CSA, optou por três volantes, mas o modelo seguiu aberto, com três atacantes de ofício. Novo resultado insatisfatório e atuação pífia.
A essa altura, a simplicidade costuma ser boa conselheira. Optar pelo feijão-com-arroz seria a estratégia mais adequada. Todos os times que lutam para não cair – e até alguns que buscam o acesso – preferem se fechar, até por não ter recursos para propor jogo.
Apesar do quadro de apreensão, nem tudo está perdido. O Remo depende exclusivamente de si. A salvação está em conseguir uma vitória em quatro rodadas.
Campanha ruim no returno gera pressão sobre Felipe
Últimos oito jogos: cinco derrotas, dois empates e uma vitória. Aproveitamento de 20,83%, digno de campanha de rebaixamento. Foram 10 gols sofridos, cinco marcados. Esses números aumentam a pressão sobre Felipe Conceição, o técnico responsável pela reação que tirou o Remo da lanterna do campeonato e o colocou entre os 10 primeiros.
O problema é que o futebol, como a vida, costuma esquecer rapidamente méritos e acertos. Desde a derrota para o Londrina, o treinador tem sido criticado e é provável que a diretoria decida pela troca a essa altura.
Quando a coluna foi fechada, na sexta-feira (5) à noite, a situação permanecia inalterada, embora com muita boataria envolvendo o comando técnico azulino e especulações sobre sua saída.
A exemplo do que ocorreu no rival PSC, que resolveu trocar técnico por auxiliar em meio ao quadrangular da Série C, o Remo pode se meter num caminho sem volta. Se a situação é ruim – embora não incontornável – pode ficar muito pior com uma substituição precipitada, que mexeria radicalmente com a estrutura e a maneira de jogar do time.
Pelo conhecimento do elenco, Felipe ainda é o mais indicado para encontrar uma saída dessa espiral de resultados ruins e encaminhar uma reta final de campeonato mais tranquila.
Direto do blog campeão
“O futebol é a nossa mais completa tradução e, como se não bastasse o 7 a 1, só tem servido metáfora ruim. O presidente diz o tempo todo jogar dentro das quatro linhas da constituição, mas tudo que faz é jogar fora delas. Flamengo e Atlético, e todo o campeonato brasileiro, também. Jogadores que ganham milhões esquecem a constituição do futebol, um simulacro da convivência, e por 90 minutos exalam masculinidade tóxica. Discutem, esquecem o passe de três dedos, tiram a máscara das boas práticas desportivas e peitam-se como machos antigos numa briga de rua. São jogos aborrecidíssimos, goleadas de um a zero, que negam a essência da brincadeira. Não, não pode isso, Arnaldo”. Joaquim Ferreira dos Santos, craque da crônica e futeboleiro de estirpe
Bola na Torre
Guilherme Guerreiro comanda o programa, excepcionalmente a partir das 19h30, na RBATV. Participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, os resultados dos clubes paraenses nas séries B e C. A edição é de Lourdes Cézar.
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